Partindo como base de dados a última pesquisa de orçamentos da renda familiar, feita entre 2017 e 2018 e que calcula o consumo no nível individual durante esse período, o Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made), da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, divulgou estudo que discute como a tributação dos estratos sociais mais ricos para a transferência de renda às camadas mais pobres pode servir como instrumento de recuperação da atividade econômica, beneficiando a todos.
Quem explica o estudo ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição é Rodrigo Toneto, mestre em Economia pela FEA e pesquisador do Made. Toneto propõe que a alíquota efetiva de imposto de renda dos mais ricos seja elevada para cerca de 15% – hoje, esse valor varia de 2% a 5% -, para assim garantir que um programa distribuísse R$ 125 a todos os brasileiros pertencentes ao grupo dos 30% mais pobres, entregando a uma família de quatro pessoas R$ 500 a partir desse mecanismo de transferência.
“Essa mera alocação de um lugar para o outro é capaz de gerar R$ 108 adicionais na economia a cada R$ 100 transferidos e, no longo prazo, isso é chamado de efeito multiplicador”, explica Toneto.
O resultado que o estudo estima é que uma mudança como essa na atual estrutura que a economia brasileira tem poderia implicar num PIB 2,4% maior do que é hoje. Segundo Toneto, um dos meios de colocar o estudo em prática seria retirar deduções do imposto de renda sobre plano de saúde e educação.
Um dos objetivos do estudo é justamente ampliar o número de apoiadores de medidas como essa e mostrar que a tributação do 1% mais rico no imposto de renda beneficia todo o resto da economia, “mas, ainda assim, o 1% tem muita voz no debate público, muita capacidade de garantir opiniões fortes em jornais, em articuladores de opinião, então acho que parte da resistência vem por aí”, afirma Toneto.
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Um dos meios de colocar o estudo em prática seria retirar deduções do imposto de renda sobre plano de saúde e educação