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Nuriem de Armas*
O Congresso Internacional Pedagogia 2015 encerrou suas atividades com um apelo a empenhar-se para que os alunos conheçam a essência cultural de seus países, de sua história, e para que se formem nos valores que contribuem para o melhoramento humano.
A educação deverá semear ideias que fortaleçam a identidade, alimentem a memória histórica e ensinem a pensar com sentido crítico, afirmou a ministra cubana dessa área, Ena Elsa Velázquez.
Durante cinco dias, os mais de três mil participantes de Pedagogia 2015 participaram de 16 simpósios, 37 painéis, 13 mesas redondas, 187 sessões de debates, 36 cursos e 82 visitas a instituições educacionais.
Entre muitas conferências magistrais, destacou-se a do teólogo brasileiro Frei Betto, que afirmou que a educação escolar tem um papel fundamental no processo de transformação social, uma vez que, por meio da educação, pode-se promover uma praxis transformadora ou sacramentar o sistema de dominação.
Setenta anos de socialismo na Rússia não foram suficientes para formar os tão almejados homens e mulheres novos, dotados de inquebrantáveis valores éticos, disposição revolucionária e menosprezo pelas seduções do capitalismo, acrescentou.
Considera que faltou ali uma educação que, além da escolaridade, da transmissão da cultura do país e da humanidade, inculcasse nos educandos uma visão crítica da realidade e um protagonismo social transformador.
Segundo Frei Betto, a educação crítica é o grande desafio neste mundo hegemonizado pelo capitalismo neoliberal, cujo princípio seja, não formar meros profissionais qualificados, e sim cidadãos que sejam protagonistas de transformações sociais.
Ainda que se viva em um país socialista como Cuba, todos estamos submetidos à hegemonia do pensamento único neoliberal e da economia capitalista centrada na apropriação privada da riqueza, afirmou.
O neoliberalismo, como um vírus que se propaga quase imperceptivelmente, introduz-se nos métodos pedagógicos e nas teorias científicas, em resumo, em todas os ramos do conhecimento humano, acrescentou.
Frei Betto conclamou a reinventar o futuro, a revolucionar a escola, a transformá-la em um espaço cooperativo no qual convivam a formação intelectual, científica e artística; a formação de consciência crítica; a formar protagonistas sociais eticamente comprometidos com os desafios de construir outros mundos possíveis, baseados em compartilhar os bens da Terra e os frutos do trabalho humano.
Em entrevista a Prensa Latina, Francisco Benavides, assessor regional do Fundo para a Infância das Nações Unidas (Unicef) qualificou o encontro internacional de espaço de intercâmbio aberto e rico para poder conhecer avanços e desafios da educação.
Considera que os desafios da América Latina e do Caribe em matéria de educação são grandes, e entre eles mencionou o acesso a tempo ao ensino pré escolar, uma experiência educativa de qualidade e significativa para os educandos, assim como o término dos estudos em uma idade adequada e com os conhecimentos necessários.
Afirmou que os exemplos de Cuba são de alta relevância, destacando projetos da ilha como Educa teu Filho e as experiências na transição pelos distintos níveis de ensino. Reiterou o apoio da Unicef para divulgar o que se faz aqui no campo educacional.
Durante a abertura deste evento, a ministra cubana ressaltou que a ilha propôs-se, com vontade política, a priorizar as essências do desenvolvimento social, razão pela qual avançamos aqui no cumprimento dos objetivos de desenvolvimento do milenio e nas metas de educação para todos.
Acrescentou que os cubanos têm consciência de que é imprescindível elevar a qualidade da educação: “os êxitos alcançados até hoje não podem impedir-nos de olharmos a nós mesmos à luz do pensamento crítico”.
Velázquez lembrou que a obra educacional cubana tornou-se realidade a partir do triunfo da Revolução, tendo sido levada a cabo apesar das ações daqueles que durante mais de meio século tentaram destruí-la.
Afirmou que esta tarefa foi realizada durante mais de 50 anos de bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelos Estados Unidos a Cuba, e que se mantem, apesar do repúdio internacional e da disposição recente do presidente Barack Obama de manter um debate sobre o fim deste bloqueio.
*Prensa Latina, de Havana, especial para Diálogos do Sul. – Tradução de Ana Corbisier.