As eleições peruanas realizadas no último domingo (26) resultaram em uma mudança significativa na conformação do Congresso do país. Antes dominado por apoiadores do ex-ditador Alberto Fujimori, a próxima legislatura será totalmente pulverizada, sem uma maioria de algum partido.
Os peruanos elegeram um Congresso atípico, que governará por um tempo menor, somente até as próximas eleições gerais, que deverão ocorrer em abril de 2021.
Um dos pontos mais destacados da votação foi a força das urnas do partido Frepap (Frente Popular Agrícola do Peru), um grupo religioso que mistura elementos do judaísmo, do cristianismo e das religiões incas em uma manifestação conservadora e que vive de acordo com o Antigo Testamento da bíblia cristã. Os homens se vestem com túnicas e usam barbas e as mulheres usam véus.
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Congresso peruano
Em entrevista à Diálogos do Sul, a mestre em políticas sociais e gênero e ativista pelos direitos humanos e das mulheres Soledad Requena considera que, apesar de eles não serem do partido fujimorista, eles devem se alinhar “totalmente” à direita e votar com o grupo que foi rechaçado pela população, com orientação totalmente neoliberal.
Com relação à esquerda, houve um avanço com relação às eleições passadas, como comenta a doutora em ciência ambiental Zenaida Lauda Rodrígues, que destacou também o importante papel da ex-candidata Verónica Mendoza, ex-candidata à presidência e que está construindo uma alternativa à esquerda no país.
Os quatro partidos que receberam mais votos, de acordo com a sondagem inicial foram: Acción Popular (10,31%), de centro-direita; Frepap (8,27%), de extrema-direita; Podemos Perú e Alianza para o Progresso, ambos de direita. Já a União pelo Peru, obteve 6,2 % e tem orientação de extrema-esquerda. Frente Ampla (7%) e Juntos Pelo Peru (5%) têm orientação de esquerda.
Confira a íntegra da entrevista: