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Em 2022, Bolsonaro explorou povo brasileiro e garantiu R$ 209 bi a acionistas da Petrobras

“Empresa transfere valor gerado a seus acionistas, em detrimento de política de investimentos de longo prazo”, denuncia Mahatma dos Santos, do Ineep
Vinicius Konchinski
Brasil de Fato
Curitiba (PR)

Tradução:

A Petrobras registrou lucro líquido recorde de R$ 188,3 bilhões em 2022, superando em 76,6% o ganho recorde de 2021. Este é o maior lucro já alcançado por uma empresa brasileira listada na bolsa de valores.

O resultado ocorreu graças ao aumento da produção da companhia e aos altos preços dos combustíveis vendidos pela estatal no mercado nacional. O ganho, aliás, foi divulgado na quarta-feira (1º), em meio a discussões no governo federal sobre a reoneração da gasolina e do etanol no país e também sobre a política de preços da Petrobras.

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Também está em discussão no governo federal uma mudança na política de distribuição de dividendos da companhia, que são participações no lucro. Em meio a isso, a empresa anunciou o pagamento de mais R$ 35,8 bilhões a seus acionistas.

Este valor refere-se só à distribuição do lucro do quarto trimestre de 2022. Por todo 2022, a empresa vai pagar cerca de R$ 209 bilhões em dividendos – outro recorde da companhia.

Petrobras: por que foco em dividendos é fatal à soberania e ao desenvolvimento do Brasil

Em 2022, a Petrobras foi a segunda empresa do mundo que mais pagou dividendos a seus investidores – a maioria deles estrangeiros.

“A empresa transfere valor gerado a seus acionistas, em detrimento de uma política de investimentos de longo prazo”, comentou Mahatma Ramos dos Santos, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

“A Petrobras vai distribuir mais dividendos que lucro. Isso é suicida para uma empresa”, acrescentou o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo.

“Empresa transfere valor gerado a seus acionistas, em detrimento de política de investimentos de longo prazo”, denuncia Mahatma dos Santos, do Ineep

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Mahatma dos Santos: “Os resultados financeiros da empresa reforçam a herança negativa da era Bolsonaro na estatal brasileira”




Herança de Bolsonaro

Santos, do Ineep, complementou que os resultados financeiros da Petrobras seriam consequência da gestão bolsonarista implementada na empresa. Essa gestão visou maximização de ganhos às custas de preços altos cobrados da população. Optou ainda por reduzir investimentos e até vender bens para pagar dividendos a acionistas.

“Os resultados financeiros da empresa reforçam a herança negativa da era Bolsonaro na estatal brasileira”, disse ele. “A revisão do plano estratégico da empresa é urgente e essencial para o futuro da companhia e do país.”

Segundo Dantas, do OSP, os derivados de petróleo vendidos pela Petrobras em 2022 estiveram, em média, 52% mais caros do que em 2021. Dantas também ressaltou que R$ 25 bilhões do lucro da Petrobras são ganhos com vendas de ativos.

“Isso já havia sido um componente importante do lucro no ano passado e voltou a ser este ano”, disse ele. “Foram vendidos bens da empresa para distribuir dividendos a acionistas.”

Vinicius Konchinski | Brasil de Fato
Edição: Vivian Virissimo


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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