Pesquisar
Pesquisar

Em ação inédita, Obrador nomeia feminista para coordenar instituto de Mulheres no México

Nadine Gasman era representante da ONU Mulheres no Brasil e tem uma longa trajetória contra violência sexual e em defesa dos direitos reprodutivos
Redação Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), nomeou, nesta quarta-feira (20), Nadine Gasman Zylbermann, ex-representante da ONU Mulheres no Brasil, como presidenta do Instituto Nacional de Mulheres (Inmujeres). 

O órgão, criado em 2001 pelo ex-presidente Vicente Fox (2000-2006), é responsável por coordenar e desenhar políticas públicas para a equidade de gênero e erradicação da violência contra as mulheres.

“É uma honra ter sido selecionada como titular do Inmujeres entre um trio de mulheres com trajetórias destacadas. Me proponho a colocar no centro das ações a agenda da igualdade substantiva e contribuir para a superação das desigualdades entre mulheres e homens”, afirmou em sua conta no Twitter. 

Nadine Gasman era representante da ONU Mulheres no Brasil e tem uma longa trajetória contra violência sexual e em defesa dos direitos reprodutivos

Reprodução/ ONU
Nadine Gasman Zylbermann

Entre as funções da pasta estão o fortalecimento da igualdade substantiva entre homens e mulheres; fortalecimento da transversalidade da perspectiva de gênero nos estados e municípios do país; proteção das línguas maternas, tendo como foco a perspectiva de gênero e a adoção de uma estratégia nacional para a prevenção da gravidez entre adolescentes.

Quem é Nadine Gasman?

Gasman é franco-mexicana, estudou medicina e possui mestrado em saúde pública na universidade de Harvard e doutorado em Gestão e Políticas da Saúde na Universidade Johns Hopkins. Ela estará à frente do cargo por três anos e poderá ser reeleita. 

Foi diretora da campanha das Nações Unidas para eliminar a violência contra a mulher na América Latina e Caribe e diretora do IPAS México, uma ONG internacional dedicada aos direitos sexuais e reprodutivos, que prestava apoio ao governo no desenvolvimento dos Modelos Inclusivos Centralizados de Cuidados às vítimas/sobreviventes de abuso sexual e cuidados pós-aborto. Além disso, liderou a Assembleia de Saúde da População, que produziu a Carta Régia de Saúde da População, um documento de base amplamente utilizado e traduzido para mais de cem línguas.

Entrou nas Nações Unidas como representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) na Guatemala, em 2005, e apoiou governos locais e nacionais, organizações da sociedade civil e do setor privado no avanço dos direitos sexuais e reprodutivo e saúde reprodutiva. Foi pioneira neste órgão em relação às adolescentes indígenas.

Transparência

Analistas mexicanos consideram que a nomeação contraria a prática que vinha sendo adotada nos governos anteriores de indicações sem transparência. Desta vez, foi emitida uma convocatória para que feministas com experiência pudessem participar do processo de seleção para a vaga. Das três selecionadas, AMLO escolheu Gasman 

Em declarações ao site Político.mx, Arely Torres Miranda, ex-conselheira do Inmujeres afirmou que esse processo aberto foi um divisor de águas, porque “pela primeira vez uma feminista, preparada e aliada ao movimento, pôde chegar à frente do organismo”.

Em declaração do site Cimac Noticias, Gasman afirmou:

“O Inmujeres tem um papel muito importante para conseguir com que ,no marco do governo, a perspectiva de gênero e, portanto, a centralidade das necessidades de todas as mulheres, especialmente das que estão em condição de maior vulnerabilidade, sejam parte das políticas públicas, parte do investimento público e esteja em tudo o que esse governo, em âmbito federal, estadual, municipal, tem que fazer para promover um desenvolvimento inclusivo, sustentável e que esteja baseado na justiça social.”.

* Com informações do Político.mx e da ONU Mulheres


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

LEIA tAMBÉM

Repressão transnacional dos EUA contra o jornalismo não pode virar regra, aponta Assange
Repressão dos EUA contra jornalismo global não pode virar regra, aponta Assange
Estupro foi “arma de guerra” pró EUA e Israel para exterminar maias na Guatemala (3)
Estupro foi “arma de guerra” pró EUA e Israel para exterminar maias na Guatemala
Educação na mira estudantes, professores e escolas sofrem 6 mil ataques em 2 anos no mundo
Educação na mira: estudantes, professores e escolas sofrem 6 mil ataques em 2 anos no mundo
eighty-four-haitian-migrants-on-a-42-foot-vessel-65629e-1024
Frei Betto | FMI, emergência climática e o cerco aos refugiados na Europa e nos EUA