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ToggleA cena parece ter acontecido séculos atrás, mas foi há apenas quatro anos, em abril de 2016.
No dia da votação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o então deputado federal Jean Wyllys responderia à derradeira provocação de Jair Bolsonaro com uma cusparada.
Desde que assumiu pela primeira vez o mandato, em 2011, o parlamentar do PSOL era agredido com insultos homofóbicos pelo integrante do baixo clero da Câmara que se tornou presidente da República.
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Na última sexta-feira, em entrevista a Cynara Menezes, editora do Socialista Morena, no programa Papo-Cabeça do canal da Revista Fórum no YouTube, Jean Wyllys não titubeou ao responder se sente arrependimento do gesto, pelo qual foi julgado e absolvido na Comissão de Ética da Casa — recebeu apenas uma censura por escrito.
Socialista Morena / Ilustração: Pxeira
A cena parece ter acontecido séculos atrás, mas foi há apenas quatro anos, em abril de 2016.
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Já o processo de quebra de decoro contra Bolsonaro por, no mesmo dia, elogiar o torturador Brilhante Ustra durante seu voto favorável ao impeachment, foi arquivado.
a cuspida do jean wyllys no bozo foi uma vingança prévia contra tudo o que ele faria sendo presidente.
foi tipo o cuspe que veio do futuro— cynara menezes (@cynaramenezes) June 27, 2020
“Eu faria tudo de novo, não tenho qualquer arrependimento. Embora, no momento em que fiz, tenha entrado numa espécie de transe”, disse o ex-deputado. “Estávamos todos tensos, era um momento de violência política muito grande, o corpo social brasileiro estava envenenado pelo antipetismo e esse veneno produziu um câncer no interior do sistema chamado bolsonarismo, que estava nascendo. E quando fui votar, fui recebido com uma chuva de insultos daqueles deputados: ‘Viado, sai daí’.”
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“Ele tinha dado o voto ao Brilhante Ustra e eu estava escandalizado como alguém podia dedicar o voto a um torturador e ainda mais fazer referência ao ‘terror de Dilma Rousseff’. Fiz o meu voto e quando voltei vi no meio da massa de pessoas alguém dizer: ‘vai, queima-rosca’. Parei para olhar e vi que era ele. Ele olhou para mim e falou: ‘tchau, querida’. Quando ele falou isso fui tomado por uma coisa, entrei em transe e cuspi na cara dele.”
Em janeiro de 2019, Jean decidiu renunciar ao cargo de deputado reeleito para o terceiro mandato e se exilar do país diante das ameaças que vinha sofrendo à sua vida e a de seus familiares. Atualmente, ele atua como pesquisador-visitante no Instituto Afro-Latino-Americano do Hutchins Center da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Assista à íntegra da entrevista abaixo. O Papo-Cabeça, sempre com um convidado para falar de cultura e política, com dicas de leituras, filmes, músicas e séries, acontece toda sexta às 20h no canal da Revista Fórum no YouTube. Não se esqueça de se inscrever no canal e acionar o sininho para receber os avisos de novos vídeos.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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