No final de uma marcha em que participaram milhares de pessoas (vídeo), entre Senkata e La Ceja, na cidade de El Alto (departamento de La Paz), um conjunto de organizações sociais, com a Central Obrera Boliviana (COB) à frente, declarou que, caso o governo golpista persista em mudar as eleições de 6 de setembro para outubro, passará a outro tipo de ações, incluindo uma greve geral e cortes de estrada.
Estas organizações, afins ao Movimento para o Socialismo (MAS), exigiram ao Supremo Tribunal Eleitoral (STE) que ratifique a celebração das eleições gerais a 6 de setembro, sendo que esta já é a segunda data em que foram marcadas desde que o governo golpista liderado pela auto proclamada Jeanine Áñez assumiu o poder, em novembro de 2019.
“Damos um prazo de 72 horas ao STE para que se retrate e celebre as eleições a 6 de setembro e não a 18 de outubro”, afirmou o dirigente da COB Juan Carlos Huarachi, uma das principais promotoras da marcha a nível nacional.
BREAKING: Bolivia’s COB workers’ federation announces a 72-hour deadline to retract decision to postpone elections. A general strike and road blockades begin Monday in all nine departments if the deadline isn’t met.
COB labour leader Juan Carlos Huarachi: pic.twitter.com/wFB7l3q142
— Kawsachun News (@KawsachunNews) July 28, 2020
“Se não for assim, se esta assembleia não for ouvida, a partir de 3 de agosto começa a greve geral por tempo indeterminado e o bloqueio de estradas em todo o país”, advertiu o líder na presença de manifestantes que também vieram de Cochabamba, Potosí e outros departamentos.
Huarachi, rodeado de indígenas com ponchos vermelhos que chegaram a El Alto de vários pontos do país em 29 autocarros grandes e 90 mini-autocarros, sublinhou que essas formas de protesto terão lugar nos nove departamentos da Bolívia, informa a Prensa Latina.
Prensa Latina
"O problema do país não é o coronavírus, o problema é este governo incapaz", denunciou o líder da Central Obrera Boliviana
Trata-se de “um pedido do povo, um pedido das bases para recuperar a nossa soberania, a nossa dignidade; basta de desrespeito à democracia”, frisou o líder da COB.
Sobre o argumento oficial utilizado pelos golpistas para adiar as eleições – o da segurança face à pandemia de Covid-19 –, Huarachi demonstrou a sua falácia, afirmando que “o processo foi sendo politizado”, pois, enquanto adiam as eleições usando o pretexto do coronavírus, faltam ventiladores e equipamentos de bio-segurança, e “os nossos irmãos e companheiros são os primeiros a morrer”, disse.
“O problema do país não é o coronavírus, o problema é este governo incapaz”, denunciou, citado pela Prensa Latina.
De acordo com a Kawsachun News e a Kawsachun Coca, também houve mobilizações em cidades como Cochabamba, Sucre e Santa Cruz. Em Villa Tunari, localizada na província de Chapare, juntaram-se milhares de pessoas provenientes do Trópico de Cochabamba – uma região localizada no Centro do país, entre os Andes e as planícies amazónicas, onde o MAS e o ex-presidente Evo Morales têm forte apoio. Exigiram o fim da ditadura e da repressão, eleições limpas – a 6 de setembro – e democracia no país.
Contingents begin to arrive from all over the Trópico of Cochabamba for a rally to demand fair elections and the restoration of Bolivian democracy as the @JeanineAnez coup regime clings to power while criminalizing dissent. pic.twitter.com/75yt92xOcO
— Kawsachun News (@KawsachunNews) July 28, 2020
Redação Abril Abril
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