No dia 13 de maio, usuários do WhatsApp de vários países foram alvos de um software mal-intencionado desenvolvido pela empresa israelense NSO Group e utilizado por governos que o adquiriram.
Acredita-se que o software aproveitou-se de uma falha técnica do WhatsApp que, depois, foi corrigida. Os ataques foram especialmente graves devido à facilidade com a qual conseguiam infectar o dispositivo: simplesmente por receber uma ligação ou uma mensagem, o usuário poderia, sem perceber, permitir que o software se instalasse no aparelho, dando aos invasores amplo acesso às suas comunicações e atividades privadas.
Corey Burger | Flickr
Foto estilizada de câmeras de vigilância
A NSO Group é a criadora do famigerado spyware Pegasus, vendido apenas a governos, normalmente através de contratos com autoridades policiais e serviços de inteligência. Uma vez instalado, o software parece possibilitar que o invasor veja e registre tudo o que a vítima faz e diz em seu dispositivo, gravando mensagens, localização e muitos outros tipos de dados. O Pegasus foi associado a ataques a ativistas e jornalistas no México, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU), onde foi encontrado em um dispositivo pertencente ao defensor de direitos humanos Ahmed Mansoor, que atualmente está preso.
O Instituto Bernstein de Direitos Humanos da Universidade de Nova York e a Global Justice Clinic, em resposta a este e outros ataques – que foram documentados em anos recentes por grupos de defesa de direitos e de pesquisa tecnológica, como a Anistia Internacional e o The Citizen Lab da Universidade de Toronto –, estão tomando medidas judiciais para que a empresa deixe de vender esse tipo de software, exigindo que o Ministério da Defesa de Israel revogue a licença de exportação da NSO Group.
Em sua petição, argumentam que a NSO Group viola direitos humanos internacionais ao permitir que governos mirem ativistas de direitos humanos, em vez de ajudá-los unicamente no “combate ao crime e ao terrorismo”, como estabelecido em seu contrato de licença.
A NSO Group também está sendo processada por pessoas que a acusam de ajudar os governos do México e dos Emirados Árabes Unidos a vigiar membros da sociedade civil. No final do ano passado, um dissidente saudita que vive no Canadá moveu uma outra ação, alegando que o software possibilitou que autoridades da Arábia Saudita espionassem suas conversas com o jornalista Jamal Khashoggi anteriores ao seu assassinato, em outubro de 2018, no consulado saudita em Istambul.