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Em meio a golpe de Estado, Evo renuncia à presidência da Bolívia

"Grupos oligárquicos conspiram contra a democracia. Não é inédito, mas temos a obrigação de buscar a paz", afirmou o mandatário
Vanessa Martina-Silva
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Em pronunciamento feito na tarde deste domingo (10), o presidente Evo Morales renunciou ao cargo de presidente da Bolívia.

O vice-presidente do país, Álvaro García Linera, também apresentou sua renúncia, após apresentar os indicadores econômicos do país e os resultados exitosos da gestão do Movimento ao Socialismo (MAS).

Evo diz que renuncia para que seus companheiros de partidos deixem de ser perseguidos e ameaçados. Diz lamentar o golpe cívico que atenta contra a paz social do país.

“A luta não termina aqui. Os humildes vamos continuar com essa luta por igualdade, por paz. Neste momento, é nossa obrigação como presidente indígena buscar a pacificação.”

"Grupos oligárquicos conspiram contra a democracia. Não é inédito, mas temos a obrigação de buscar a paz", afirmou o mandatário

Ministério da Presidência
Evo Morales governou a Bolívia de 2006 até 10 de novembro de 2019

Em recado à oposição do país, Evo disse: “espero que [Carlos] Mesa e [Luis Fernando] Camacho recebam minha mensagem e deixem de prejudicar as pessoas humildes e pobres, deixem de utilizar o povo para prejudicá-lo”.

“Peço, com respeito aos bolivianos, que saibam como grupos oligárquicos conspiram contra a democracia. Não é inédito, mas temos a obrigação de buscar a paz. Nos dói que esses senhores, que perderam, levem [o país] à violência. Por isso estou enviando minha carta de renúncia.”

Entenda:

Evo , venceu, no primeiro turno, as eleições realizadas em 24 de outubro no país, tal como indicam os dados do Tribunal Supremo de Justiça.  Ele obteve 47,08% dos votos, diante dos 36,51% de Carlos Mesa. Pela lei boliviana, para ganhar no primeiro turno é necessário ter 10% de diferença sobre o segundo candidato ou 50% mais um. 

Na manhã deste domingo (10), o ex-mandatário aceitou renunciar à sua vitória para tentar encerrar os atos extremamente violentos que estão sendo realizados pela oposição no país.

Assim, convocou novas eleições no país. A oposição, no entanto, não aceitou o chamado, e seguiu insistindo em sua re´núncia. 

Diante do cenário de instabilidade nacional, com bloqueios de estradas, agressões físicas a dirigentes do oficialista Movimento ao Socialismo (MAS) e a destruição de estabelecimentos vinculados a movimentos sociais e políticos que apoiam o governo, Evo decidiu atender à oposição e renunciou.

Ao longo dos dias foram muitos os relatos de violências, com casas de diversos líderes sociais, como a própria irmã do presidente, queimadas. Pessoas foram perseguidas, humilhadas e agredidas pela oposição liderada por Camacho, como foi o caso da prefeita Patricia Arce, do município de Vinto, na região de Cochabamba, na Bolívia, que foi sequestrada e agredida durante quatro horas por um grupo oposicionista de direita. 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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