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Em meio à pandemia, pesquisas favorecem Biden e Trump supera 50% de rejeição nos EUA

Até o final de 2019, prognóstico era uma provável reeleição devido ao bom desempenho da economia, mas esse quadro mudou com covid-19
Kjeld Jakobsen
Fundação Perseu Abramo
São Paulo (SP)

Tradução:

Nas eleições estadunidenses previstas para ocorrer em 3 de novembro deste ano, além da escolha do presidente do país, haverá a renovação de um terço do Senado e de toda a câmara de deputados.

Dois candidatos presidenciais já se alinham, muito antes da realização das convenções que irão formalizar suas candidaturas. São Donald Trump, candidato à reeleição pelo Partido Republicano, e Joe Biden, que foi o vice de Barack Obama, pelo Partido Democrata.

Até o final de 2019, o prognóstico era uma provável vitória de Trump devido ao bom desempenho da economia dos Estados Unidos, mas esse quadro mudou com o advento da pandemia de Covid19, pois além de provocar uma profunda recessão e alta do desemprego, a postura vacilante do presidente no enfrentamento do Coronavírus levou o país a se tornar o epicentro mundial da pandemia com mais de 1,4 milhão de infectados e mais de oitenta mil mortos. Atualmente, Trump se encontra no dilema entre relaxar o isolamento social para reativar minimamente a economia e o emprego, tarefa difícil de qualquer maneira, além de provocar maior incidência da doença e mais mortes. Ou, então, enfrentar os custos econômicos de apertar o isolamento, que é o que os governantes de bom senso estão fazendo em outros países.

Até o final de 2019,  prognóstico era uma provável reeleição devido ao bom desempenho da economia, mas esse quadro mudou com covid-19

Reprodução: Winkiemedia
Donald Trum concore a reeleição da presidencia dos Estados Unidos

Ele tem defendido a primeira hipótese e, ao mesmo tempo culpa a China e a Organização Mundial da Saúde pelos problemas decorrentes da Covid19. Embora exista uma prevenção da opinião pública estadunidense contra a China, que disputa a hoje a hegemonia econômica mundial com os Estados Unidos, o discurso de Trump não teve o efeito desejado. Além disso, os democratas também criticam a China devido ao seu sistema de governo e a iniciativas no campo econômico. Como a política externa é sempre um tema importante nas eleições presidenciais, está claro que um dos temas da disputa eleitoral deste ano será sobre quem será mais duro com o país asiático, se Trump ou Biden.

As pesquisas mais recentes têm favorecido Joe Biden. A avaliação negativa de Trump presidente supera 50% e, se as eleições fossem hoje, Biden venceria com uma vantagem de 8% (46% a 38%), embora sempre se deva ponderar este dado devido ao sistema eleitoral dos Estados Unidos, que é a composição do colégio eleitoral. Na maioria dos estados não há proporcionalidade de delegados, e o mais votado leva todos. Foi o que garantiu a vitória de Trump em 2016, embora ele tivesse três milhões de votos populares a menos do que sua oponente, Hillary Clinton.

Esta pesquisa preocupa os republicanos, não somente pelo risco de perder a presidência, mas pela possibilidade de também perderem a maioria no Senado.

Ao contrário de Trump que está presente diariamente na mídia, Joe Biden tem feito sua campanha online e tem se dedicado a tentar unir o Partido Democrata. Nesse sentido, foram constituídos seis grupos de trabalho para elaborar seu programa de governo. Dos oito integrantes de cada um deles, seu ex-rival nas primárias, Bernie Sanders, indicou três, além de três vice-presidentes dos grupos: a deputada Alexandra Ocasio-Cortez para o tema das mudanças climáticas, a deputada Pramila Jamal no grupo da saúde e a sindicalista, Sara Nelson, presidenta da Associação Americana de Pilotos, para discutir economia. São todas estrelas em ascensão na esquerda estadunidense e ligadas aos Democratas Socialistas. Os outros grupos são a reforma do Judiciário, educação e imigração.

Contudo há um certo ceticismo entre os apoiadores de Sanders. Em primeiro lugar se conseguirão incidir sobre o programa e, em segundo, caso consigam, se Biden irá cumpri-lo. O mais provável é uma resposta positiva para as duas questões, pois ele necessita dos votos, principalmente, dos jovens que apoiaram Sanders nas primárias, para derrotar Donald Trump. Dificilmente este cairá tanto nas pesquisas que Biden possa prescindir de apoios de terceiros, como Sanders e o próprio Obama, que recentemente começou a se manifestar criticamente a Trump.

Todavia, ainda falta quase meio ano para a eleição e ainda não é possível prever todas as consequências da pandemia de Covid19, tampouco qual seria o desempenho de Biden num debate público com alguém com as características de Trump.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Kjeld Jakobsen

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