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Em novo álbum, Donato e Jards Macalé nos presenteiam com tesouro da música brasileira

Desde a década de 60 do século passado, Jards Macalé veio como o movimento dos barcos que faz levantar grandes ondas na história da música brasileira
Danilo Nunes
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Brasil, ano de 2021, o país em crise política, social, econômica e sanitária, enquanto isso as novas ferramentas tecnológicas de comunicação se intensificam cada vez mais. Termos como Lives, Tik Toks, Stories, Spoiler, Instagram, Facebook, Redes, tornam-se cada vez mais cotidianos na sociedade. Globalização e consumo atraem crianças, jovens e adultos para dentro de um mundo infinito, onde o papo do boteco, o encontro com os amigos e amigas e o abraço entram em escassez.

Um cenário de filme, um cenário de desenho animado, uma verdadeira Gotham City com heróis e bandidos aclamados por ações de mitificação e cancelamento, respectivamente. Muitos (as) de nós convivemos hoje com uma vaga pergunta: Quando voltaremos ao normal? Mas, a que normal nos referimos? 

No atual cenário cultural, gerações se misturam em encontros virtuais e novas estéticas, marcando encontros, duetos, conversas e no tratamento com àqueles (as) que estão do outro lado da tela e que jamais trocamos sequer uma palavra, com a liberdade e intimidade de uma antiga relação, como se juntos (as), tivéssemos vivido uma outra vida com tantas verdades, experiências e trocas inesquecíveis. E de certa forma, vivenciamos sim.

Muitos dos nossos heróis não morreram de overdose e muito menos foram tombados pela ditadura militar que se instalou no Brasil e, muitos dos bandidos continuam por aí, tentando a todo custo massacrar a população com seus ódios de classe e imprimindo ameaças sobre a democracia. Mas, nossos heróis da contramão e subversivos, principalmente na arte, continuam empunhando seu violão e sua língua afiada, criando e mostrando belas obras capazes de comunicar e provocar toda uma sociedade.

A arte e a história não vão absolver os traidores do Brasil como Sérgio Reis

E aqui, peço a licença dos (as) leitores (as) para (ao menos no próximo parágrafo) escrever na primeira pessoa do singular, pois o artista a quem irei me referir é de extrema importância na minha vida e na minha carreira por sua inspiradora criação musical. Eu falo do carioca Jards Macalé.

Desde a década de 60 do século passado, Jards Macalé veio como o movimento dos barcos que faz levantar grandes ondas na história da música brasileira

Wikimedia Commons
Jards não só traz uma potente obra imagética, como também é um artista que sempre esteve à frente de seu tempo.

Um artista que eu, durante o momento de isolamento social tive o privilégio de entrevistar e prosear, além de poder dizer quantos universos sua obra me mostrou por meio de sonoridades que sempre foram capazes de criar imagens, comunicando toda a inspiração do compositor.

Jards não só traz uma potente obra imagética, como também é um artista que sempre esteve à frente de seu tempo. Desde a década de 60 do século passado, Jards Macalé veio como o movimento dos barcos que faz levantar grandes ondas na história da música brasileira, ora desvendando o mal secreto, ora fazendo nossa alma cantar um amor perfeito, ou quase.

O artista é um ser humano que nunca sai de moda. Um poeta com a imensa capacidade de se (re) significar o ambiente e a música. Com seu canto e toque de violonista inconfundível, carregando em sua própria forma a identidade que o fez chegar em nossas casas, Jards é referência para muitos (as) de nós desde a década de 60, continua nas cabeças e nos corações do Brasil com suas canções. 

Hoje o artista nos presenteia com um novo encontro, um novo lance. Jards Macalé e João Donato, dois dos grandes músicos de nossa história, conversam a partir de suas obras e parcerias e, nós espectadores (as) recebemos o presente de natal antecipado com os singles que estão sendo lançados pelo selo Rocinante desde do mês de setembro deste ano. 

Os singles que irão compor um novo álbum que junta os dois artistas Síntese do Lance, nome de uma das composições de João Donato finalizada por Marlon Sette. A canção é inspirada em Zé Pilintra, entidade popular da Umbanda.

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O acreano Donato e o carioca Macalé se encontram em canto, música e composições e nós recebemos esse tesouro maravilhoso. Jards Macalé está mais vivo que nunca e sua música continua com a potência capaz de ecoar pelo mundo. Sim, estamos cansados, mas não para dizer que eu não acredito mais em você. Continuo acreditando em mim, em você, em nós e no mundo que sonhamos. Resisto lutando e ouvindo Jards Macalé.

Para saber mais, dá uma sacada na prosa com o cantor, compositor e ator Jards Macalé que vai ao ar no próximo domingo às 20 horas.

Danilo Nunes é músico, ator, historiador e pesquisador de cultura popular brasileira e latinoamericana

Instagram: @danilonunes013 | Facebook: @danilonunesbr 


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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