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ToggleO presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu homólogo da China, Xi Jinping, ao se reunirem nesta quarta-feira (3) em Astana, Cazaquistão, com sua habitual cordialidade e sintonia pessoal, coincidiram que qualquer tentativa de solução política para a crise na Ucrânia que exclua a Rússia carece de perspectivas, em alusão à recente Conferência para a Paz Global realizada na Suíça, revelou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à televisão russa. Ambos líderes assistem à cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), celebrada nesta quinta-feira (4) na capital do Cazaquistão, a economia mais forte da Ásia Central.
Segundo Peskov, em breves declarações ao canal Rossiya-1, as conversas entre Putin e Xi duraram cerca de duas horas e abordaram de maneira substancial todas as áreas da relação bilateral e trocaram opiniões sobre problemas regionais. No contexto da Ucrânia, por sinal, coincidiram em apontar claramente a inutilidade de qualquer formato sem a participação da Rússia.
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O porta-voz negou que a conversa tenha se centrado apenas na Ucrânia. “Não, de maneira nenhuma. De fato, em vários âmbitos, formularam-se planos para interagir dentro de grupos de trabalho”, agregou.
Somar com o Sul Global
Rússia e China, opinam estudiosos dos nexos entre Moscou e Pequim, compartilham o interesse de somar os países do Sul Global aos seus esforços para contrapor a hegemonia dos Estados Unidos através de estruturas como a OCX ou os BRICS e, ao mesmo tempo, competem entre si para consolidar sua influência nas repúblicas ex-soviéticas da Ásia Central.
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Na falta de informação oficial, analistas russos, como Vasili Kashin, pesquisador da Escola Superior de Economia, não têm dúvida de que os presidentes tiveram que falar em Astana sobre três questões principais:
– A recente visita de Putin à Coreia do Norte, que introduz um novo elemento na situação da península coreana, o que por sua vez pode se traduzir em uma maior presença militar dos Estados Unidos em uma região que a China considera de seu vital interesse;
– A crise no sistema de pagamentos no comércio bilateral devido às sanções secundárias de Washington e a necessidade de encontrar uma fórmula para contorná-las;
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– E a busca de um arranjo político na Ucrânia, partindo do pressuposto de que, para começar negociações, os combates têm que cessar nas posições atuais ao longo da linha de frente, postura que a Ucrânia rechaça por entender que isso significa ceder território.
Erdogan, um possível mediador
O titular do Kremlin também se reuniu com seu colega da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, cuja presença na cúpula de Astana adquire um significado especial por ser mandatário de um país membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que considera a OCX um “instrumento” nas mãos da China e da Rússia. Putin e Erdogan falaram durante uma hora sobre Israel e Gaza, sobre a Síria, sobre a Ucrânia e “de todos os temas delicados que se acumularam entre ambos os países”, indicou Peskov, o porta-voz russo.
Erdogan assegurou à imprensa que a Turquia “pode lançar as bases para alcançar um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia”, em uma negociação indireta como fez em seu momento para selar separadamente o chamado pacto de grãos no mar Negro, modalidade que o governo de Volodymyr Zelensky está disposto a aceitar desde o final de junho, quando o presidente ucraniano, em uma entrevista ao The Philadelphia Inquirer, abandonou sua negativa a negociar com Putin.
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O Kremlin, através de seu porta-voz Peskov, negou que se tenha chegado a um acordo para que Erdogan exerça a mediação do conflito. “Não, é impossível”, respondeu taxativamente ao Pervy, outro canal da televisão pública russa. O presidente turco espera que a várias vezes adiada visita de Putin à Turquia se realize o mais breve possível. Sem precisar data, o convidado comprometeu-se: “Com certeza, irei”.
Encontros de Putin com outros participantes
O líder russo manteve encontros com outros participantes da cúpula: dois dos convidados, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e o presidente da Mongólia, Ukhnaagiin Khürelsükh, assim como com o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, e o anfitrião, Kassym-Jomart Tokayev, presidente do Cazaquistão.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, chegou também na quarta-feira à noite a Astana para participar como convidado especial.
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Fundada em 2001, a OCX é integrada por China, Índia, Irã, Cazaquistão, Quirguistão, Paquistão, Rússia, Tadjiquistão e Uzbequistão. A Bielorrússia se tornará hoje o décimo membro da organização. A Índia está representada por seu chanceler, Subrahmanyam Jaishankar, e o Irã por seu presidente em exercício, Mohammad Mojber.
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