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Embaixador dos EUA na Argentina se intromete nos assuntos internos do país e governo reage

"Não voltemos às épocas nas quais o que dizia ou deixava de dizer o embaixador dos EUA nos importava tanto", declarou a porta-voz Gabriela Cerruti
Stella Calloni
Diálogos do Sul Global
Buenos Aires

Tradução:

O embaixador dos Estados Unidos na Argentina, Marc Stanley, aconselhou à aliança direitista Juntos por el Cambio (Cambiemos): “Sem importar a ideologia ou a posição partidária, unam-se agora, formem uma coalizão”, depois de escutar ao chefe de governo da Cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, durante a 19ª Reunião do Conselho das Américas. 

As palavras do embaixador provocaram uma forte reação do governo de Alberto Fernández da Frente de Todos (peronista), diante de um novo ato de ingerência nos assuntos internos do país. Rodríguez Larreta assinalou no fórum celebrado nesta capital que é necessária “uma inserção inteligente da Argentina no mundo” e, em modo de campanha, convocou a armar um “governo de coalizão” para 2023, segundo o Página 12. 

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A porta-voz governamental, Gabriela Cerruti, respondeu ao apelo de Stanley ao Cambiemos, afirmando: “Com (Donald) Trump isso não está indo muito bem por lá (…). A situação de cada país é de cada país e cada um sabe como a maneja. É preciso perguntar a eles porque lá não fazem uma aliança de democratas com os republicanos”. 

Cerruti ressaltou que o governo recusa a ingerência em seus assuntos internos. “Com muito respeito, se trata de um embaixador mais. Não voltemos às épocas nas quais o que dizia ou deixava de dizer o embaixador dos Estados Unidos nos importava tanto como para terminar com a etapa cambiária”, assinalou Cerruti. 

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Por sua vez, o embaixador argentino nos Estados Unidos, Jorge Argüello, disse que, além destas diferenças, a relação de Buenos Aires com Washington “é positiva”, e mencionou a viagem, em setembro próximo, que fará o presidente Alberto Fernández para reunir-se com Joe Biden, depois que a data original de 26 de julho foi suspendida em razão do homólogo estadunidense ter contraído covid-19.

Argüello disse que “resultou estranho ouvir um embaixador falar em público sobre questões de política interna. Mas, pareceria uma modalidade que instalou a feroz competição com a China”.

No Paraguai, o embaixador norte-americano, Marc Ostfield, leu em público um documento do Departamento de Estado onde defenestrou o atual vice-presidente Hugo Velázquez e o poderoso ex-presidente Horácio Cartes

"Não voltemos às épocas nas quais o que dizia ou deixava de dizer o embaixador dos EUA nos importava tanto", declarou a porta-voz Gabriela Cerruti

Zyry
O embaixador dos Estados Unidos na Argentina, Marc Stanley

Embaixada britânica

Em outro tema, Argüello rechaçou “categoricamente” um concurso, organizado pela embaixada britânica na Argentina com o objetivo de selecionar estudantes universitários para pagar-lhes uma viagem às Malvinas, no qual se maneja o conceito de que as ilhas são um território separado da Argentina e denominadas com o topônimo ilegítimo que lhes dá Grã Bretanha.

Tudo isso sucede em um país que atravessa um momento chave em sua história de dependência até hoje dos Estados Unidos, quando se registram ondas de marchas e manifestações diárias contra as tentativas de impor ajustes e o regresso a um neoliberalismo e intervencionismo cuja sombra aparece na cena. 

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Stanley tem profundas relações com a oposição, com a justiça e com os meios de comunicação de massa, que são responsáveis por preparar midiaticamente a armação de causas falsas, judicializando a política. 

Neste mesmo marco está a escalada de perseguição judicial contra a ex-presidenta, e atual vice-presidente, Cristina Fernández de Kirchner, e a outros ex-funcionários, a tal ponto de condená-la em uma acusação que já estava encerrada por falta de provas. Tudo, mediante um longuíssimo e teatral alegado de promotores e juízes do “partido judicial” que o ex-presidente Mauricio Macri deixou armado.

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A mesma coisa acontece na província de Jujuy com a dirigente social da Tupac Amaru, à qual se fabricaram mais de 13 acusações falsas, condenada – sem provas e com absoluta ilegalidade – por ordem do governador do Juntos por el Cambio, Gerardo Morales. Apesar de Sala estar em prisão domiciliar, acaba de abrir um novo julgamento acusando-a de planejar o roubo de expediente que nem sequer tem a ver com ela.

Incêndios no Delta

O presidente Alberto Fernández afirmou ontem que o governo não vai “permanecer passivo” diante dos incêndios nas ilhas do Delta do rio Paraná e anunciou que foi ordenada a atuação imediata das Forças Armadas para combater o fogo. 

O Ministério da Defesa, a cargo do ex-chanceler Jorge Taiana, enviou de imediato ao Comando Conjunto de Zona de Emergência das províncias de Santa Fé, Entre Ríos e norte de Buenos Aires, a Secretaria de Coordenação Militar em Emergências.

Assessores militares já estão avaliando a situação e organizando as tarefas de apoio, com o deslocamento de 1.600 brigadistas, helicópteros e unidades de apoio da armada, Batalhão de Engenheiros Anfíbio 121, e outros, a partir de diversos lugares da zona litoral. 

Uma das causas destes incêndios é a ambição de pecuaristas e proprietários de terra, assim como aqueles que tentam levantar bairros para ricos em um investimento imobiliário, destruindo uma reserva de fundamental importância, o que já afeta rios como o Paraná e criam uma tragédia ambiental.

Stella Calloni, especial para Diálogos do Sul, desde Buenos Aires.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

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