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Enfermeiras, ferroviários e até beisebol: greves e sindicalismo continuam a crescer nos EUA

Profissionais da saúde estão recebendo amplo apoio de suas comunidades e de alguns políticos nacionais, incluindo o senador federal Bernie Sanders
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Aproximadamente 15 mil enfermeiras, em protesto por condições de trabalho, abandonaram seus postos em Minnesota na maior greve deste setor privado na história dos Estados Unidos, no último dia 12, enquanto foram intensificadas negociações com mais de mil trabalhadores do setor ferroviário para evitar uma paralisação nacional na sexta-feira, e professores em Seattle continuam em greve. Tudo isso ocorre ao mesmo tempo, quando a onda de organização de novos sindicatos marcou novos triunfos em setores de meios e até de jogadores de beisebol. 

A greve da Associação de Enfermeiras de Minnesota contra 16 hospitais programada para três dias é pela falta de uma solução empresarial às condições de turnos excessivos e falta de pessoal que estão afetando o setor por todo o país desde a pandemia. Por isso, essa greve poderia engendrar outras em vários pontos do país onde há muitas disputas parecidas. 

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A pandemia impactou todos os trabalhadores da saúde, sobrecarregados pela falta de coordenação e preparação pelas empresas e autoridades locais e federais. Durante a pandemia, o setor perdeu dezenas de milhares de trabalhadores e segundo o Departamento do Trabalho, o número de trabalhadores do setor saúde, incluindo enfermeiras, hoje é de menos 37 mil comparado com os níveis de fevereiro de 2020.

As enfermeiras, reconhecidas como heroínas durante a pandemia, estão recebendo amplo apoio de suas comunidades e de alguns políticos nacionais. “Estou solidário com as 15 mil enfermeiras em greve… são a coluna vertebral do nosso sistema de saúde. Sabem o que é melhor para seus pacientes”, tuitou o senador federal Bernie Sanders.

Profissionais da saúde estão recebendo amplo apoio de suas comunidades e de alguns políticos nacionais, incluindo o senador federal Bernie Sanders

La Izquierda Diario
71% dos estadunidenses têm uma percepção favorável dos sindicatos, o nível mais alto registrado pela Gallup desde 1965




Setor ferroviário

Aproximadamente 115 mil trabalhadores de transporte ferroviário agremiados em 12 sindicatos se preparam para explodir em greve nacional na última sexta-feira (16) – a primeira deste setor em umas três décadas – o que teria um efeito massivo sobre a infraestrutura nacional de transporte e vários ramos da economia, ao congelar aproximadamente 30% da carga de bens no país. E ainda mais, poderia interromper os sistemas ferroviários de passageiros já que, embora a disputa trabalhista seja só com empresas de carga, os trens compartilham as mesmas vias. 

O governo de Joe Biden está participando das negociações e o próprio presidente fez apelos aos líderes dos sindicatos e das empresas no último dia 12 para impulsionar um acordo, já que uma greve dessas dimensões seria um pesadelo político e econômico para a Casa Branca a um par de meses das eleições intermediárias. 

A disputa não é só por salários, mas pela falta de dias pagos por doença ou o uso de multas por não assistência até em casos de emergências familiares.


Professores, estivadores e novos sindicatos

Também aproximadamente 6 mil professores entraram em greve em Seattle seguindo os passos de suas contrapartes em Minneapolis, Chicago e Sacramento nas últimas semanas, todas as quais culminaram em novos contratos. 

Ao mesmo tempo, o sindicato de em torno 2 mil estivadores e trabalhadores portuários do ILWU – historicamente entre os mais progressistas do país – está negociando um novo contrato desde maio, na costa oeste. 

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Junto com tudo isto, continua a onda de organizações de novos sindicatos em cadeias como Starbucks (vão mais de 230 lojas) e Amazon, entre outras, que estão ressuscitando o movimento trabalhista do país pela primeira vez em décadas. 

No último dia 9, em torno de 500 empregados do empório de meios Conde Nast – que produz revistas como Vogue, Vanity Fair e GQ – ganharam o reconhecimento de seu sindicato pela empresa. 


Até no beisebol

Também no dia 9, as Ligas Maiores de Beisebol – a associação de donos do beisebol profissional – anunciaram que reconhecerão o sindicato de jogadores das ligas maiores como representantes dos mais de 5 mil jogadores das ligas menores.

O movimento laboral goza agora de um amplo apoio: 71% dos estadunidenses têm uma percepção favorável dos sindicatos, o nível mais alto registrado pela Gallup desde 1965.

David Brooks, correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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