Pesquisar
Pesquisar

Enquanto Bolsonaro dá show, Guedes trabalha para retirar mais direitos dos trabalhadores

Não importa quão “bobo da corte” Bolsonaro possa ser (ou parecer), o governo estará atendendo às expectativas estruturais do capital nacional e estrangeiro
Verbena Córdula
Pressenza
Salvador (BA)

Tradução:

Enquanto o “tenente-capitão” desvia a atenção com asneiras, seu governo articula e planeja mais ataques à classe trabalhadora. O Grupo de Altos Estudos do Trabalho (GAET), instituído em 2019, através da Portaria SEPRT/ME nº 1.001, de 4 de setembro, cujo objetivo é “avaliar o mercado de trabalho brasileiro sob a ótica da modernização das relações trabalhistas e matérias correlatas”, está propondo acabar com a multa rescisória de 40% do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Vem aí mais uma reforma trabalhista.

Em um documento de 262 páginas, o GAET apresenta argumentos e propostas que visam, em linhas gerais, acabar com com os poucos direitos que ainda restam à classe trabalhadora brasileira, garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) de 1943, sancionada pelo então presidente Getúlio Dornelles Vargas, após muita luta da classe trabalhadora, e que já sofreu várias alterações desde então (a última em 2017, sob a Presidência de Michel Temer).

Não importa quão “bobo da corte” Bolsonaro possa ser (ou parecer), o governo estará atendendo às expectativas estruturais do capital nacional e estrangeiro

Palácio do Planalto
Paulo Guedes

“Emprego ou direitos?”

O referido documento afirma, entre outras questões, que a negociação coletiva é limitada e tutelada pelo poder normativo da Justiça do Trabalho, e que um novo sistema deve superar essas questões por meio da prevalência do negociado sobre o legislado; aferição da representatividade consensualmente, sem interferência do Estado; identificação das práticas antissindicais.

O “tenente-capitão”, através do Ministério da Economia, está realmente determinado a vulnerabilizar completamente a classe trabalhadora. Neste sentido, a proposta (ainda em construção) que prevê o fim da indenização por demissões sem justa causa, se aprovada, significa, na prática, uma facilitadora dos processos de rescisão contratual por parte dos empregadores, já que deixariam de estar obrigados a pagar multa indenizatória referente a 40% do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Governo dos patrões acaba com os direitos trabalhistas e agora só falta revogar a Lei Áurea

Mas não é somente essa questão que está em pauta. Há muitas outras, que dizem respeito à chamada “segurança jurídica do setor produtivo” (leia-se patrões) e “redução das despesas da Previdência Social”. O documento afirma haver “falhas estruturais na análise e concessão dos benefícios e excessiva judicialização do tema”. Em resumo, o ministro da Economia Paulo Guedes quer garantir proteções adicionais às empresas, em detrimento dos direitos já adquiridos pela classe trabalhadora.

Guedes está realizando a missão que lhe foi atribuída. Isso significa que não importa quão “bobo da corte” Bolsonaro possa ser (ou parecer), o governo estará atendendo às expectativas estruturais do capital nacional e estrangeiro. E para quem dá atenção às asneiras “bolsonarianas” em vez de lutar a favor dos próprios direitos, o tempo para uma resposta pode estar ficando muito curto.

Em outras palavras, o Governo Federal defende a “queda de braços” entre patrões e empregados, ou seja, entre capital e trabalho. E já sabemos o resultado disso, considerando-se o contexto neoliberal que vivemos. Aliás, não devemos nos esquecer que, em 2018, o “tenente-capitão” ainda na condição de candidato a Presidente disse que o trabalhador teria que “escolher entre emprego e direitos”.

Maiores detalhes, consultar o documento, disponível em https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/noticias-e-conteudo/trabalho/2021/arquivos/nota-de-apresentacao-dos-relatorios-final.pdf..

Verbena Córdula, para Pressenza


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Veja também

Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:

  • PIX CNPJ: 58.726.829/0001-56 

  • Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
  • Boletoacesse aqui
  • Assinatura pelo Paypalacesse aqui
  • Transferência bancária
    Nova Sociedade
    Banco Itaú
    Agência – 0713
    Conta Corrente – 24192-5
    CNPJ: 58726829/0001-56

       Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Verbena Córdula Graduada em História, Doutora em História e Comunicação no Mundo Contemporânea pela Universidad Complutense de Madrid e Professora Titular da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, BA.

LEIA tAMBÉM

Nova Lava Jato “Intromissão” dos EUA na compra de caças suecos é só a ponta do iceberg
Nova Lava Jato? “Intromissão” dos EUA na compra de caças suecos é só a ponta do iceberg
Do Fórum Social Mundial ao G20 Social Lula reinventa participação popular global
Do Fórum Social Mundial ao G20 Social: Lula reinventa participação popular global
album-referente-aos-festejos-nacionais-do-5o-aniversario-da-proclamacao-da-d4c858
Golpe e proclamação da República: a consolidação do liberalismo econômico no Brasil
Reunião ministerial
Membros do governo jogam contra Lula e sabotam entrada do Brasil na Nova Rota da Seda