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Néstor Marín*
Cerca de dez mil jovens de 89 países convergiram durante uma semana na capital do Equador para participar do XVIII Festival Mundial da Juventude e Estudantes, e fizeram dessa cidade equinocial o centro do universo juvenil progressista. O antigo aeroporto de Quito, convertido em Parque Bicentenário, foi o espaço que de 7 a 13 de dezembro acolheu os debates sobre os problemas mais prementes do mundo atual, entremeados de concertos e atividades esportivas.
Agora o Equador é mais que nunca a metade do mundo porque reúne a milhares de jovens de todos os rincões do planeta, disse o secretario executivo da aliança governista PAIS, Galo Mora, em discurso de encerramento.
Durante sua permanência no país andino, os delegados vindos dos cinco continentes puderam conhecer de primeira mão os avanços da Revolução Cidadã e do socialismo do Bom Viver levado a cabo pelo presidente Rafael Correa que, na noite inaugural, exortou os jovens a se preparar para mudar o mundo e construir um futuro socialista.
O lema do encontro, A Juventude Unida Contra o Imperialismo, pela Paz, a Solidariedade e as Transformações Sociais, tampouco deixou dúvidas sobre a tendência e a orientação política das análises que completavam a agenda durante toda a semana.
A Declaração Final ratificou ao recolher o compromisso dos jovens por continuar a luta até a derrota do sistema capitalista, considerado o principal causante dos males que hoje afligem a humanidade.
O texto também condenou o bloqueio unilateral imposto pelos Estados Unidos contra Cuba já há mais de 50 anos e se solidarizou com as causas dos povos oprimidos do mundo, entre eles o palestino, o cipriota e o sahauri.
A vocação pacifista ficou evidenciada no apoio ao atual processo de paz na Colômbia e a oposição à guerra desatada contra Síria e as ocupações militares no Iraque, Afeganistão, Líbia, Eritreia e Mali em mãos de potencias estrangeiras.
Como de hábito neste tipo de encontros que começaram em Praga em 1947, instalou-se uma corte popular para julgar o imperialismo pelos crimes cometidos contra a humanidade.
O chamado Tribunal Atimperialista, que funcionou durante dois dias no Centro de Exposições de Quito, emitiu sentença condenatória a partir das acusações apresentadas por dezenas de delegações dos países que participaram do festival juvenil.
O veredicto lido pelo presidente do Tribunal, o advogado argentino Beinusz Izmukler, insta aos povos a conseguir que os autores materiais desses atos sejam julgados e condenados, e declara persona no grata aos políticos dos estados considerados agressores.
Entre os crimes julgados e condenados destaca-se a ingerência estadunidense nos assuntos internos da Venezuela, a situação de guerra na Colômbia, os crimes de lesa humanidade na Guatemala, a ocupação britânica das ilhas Malvinas e a influência do grande capital sobre a sociedade estadunidense.
O imperialismo alemão e a discriminação aos povos originários do Canadá, a ocupação estadunidense de Puerto Rico e a situação dos presos políticos na chamada ilha do Encanto e a fraude eleitoral em Honduras também foram apresentados no Tribunal pelas delegações.
A delegação cubana, por intermédio de seu delegado mais conhecido internacionalmente, o jovem Elián González, expos os danos provocados ao povo da ilha caribenha pelo bloqueio unilateral imposto pelos Estados Unidos ha mais de 50 anos.
González, foi protagonista, ha 14 anos, de uma disputa legal por sua custódia entre Washington e La Habana, depois de ter sobrevivido a um naufrágio no Estreito da Florida, em que morreu sua mãe. Ele pediu ao tribunal que condenasse a chamada Lei de Ajuste Cubano.
Eu fui vítima dessa lei, recordou o jovem de 20 anos de idade, que também reivindicou a libertação dos quatro lutadores antiterroristas cubanos que se encontram encarcerados nos Estados Unidos desde 1998, por monitorar as atividades de grupos anti-cubanos radicados no sul da Florida.
O delegado de Equador expos o caso da transnacional estadunidense Chevron, que se nega a indenizar a milhares de equatorianos pelos danos ambientais que sua filial Texaco provocou na Amazônia equatoriana.
O caso foi apresentado por um amazônico afetado pela contaminação, e do ministro de relações exteriores Ricardo Patiño, que apelou aos jovens do mundo a se somarem à campanha “A mão suja de Chevron” empreendida pelo governo equatoriano para denunciar a petroleira.
O Festival Mundial da Juventude e Estudantes, o quarto a realizar-se na América Latina, depois de dois celebrados em Cuba (1978-1997) e Venezuela (2005), foi dedicado ao comandante venezuelano Hugo Chávez, falecido em março passado, ao líder da Revolução liberal equatoriana, Eloy Alfaro, e ao independentista ganês Kwane Nhkrummah.
O próximo festival será em 2017 em um país ainda por definir-se.
Ver mais: https://www.facebook.com/festivalmundialjuventudcotopaxi
*Prensa Latina, de Quito, Equador para Diálogos do Sul