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Luisa González, durante início de campanha em Imbabura, no norte de Quito (Foto: Reprodução / Facebook)

Equador inicia campanha eleitoral com Luisa González líder nas pesquisas

No domingo (5), em um coliseu com mais de 3 mil pessoas, González denunciou o contraste entre as promessas de Noboa e a realidade do Equador: “somos prisioneiros”
Orlando Pérez
La Jornada
Quito

Tradução:

Beatriz Cannabrava

O presidente Daniel Noboa iniciou neste domingo (5) sua campanha para a reeleição com um forte aparato militar e policial, contando com dezenas de funcionários públicos, membros das Forças Armadas na reserva (ou aposentados) e simpatizantes, que distribuíam uma efígie de papelão do mandatário equatoriano aos montes nos arredores do Palácio de Carondelet.

A duas quadras da sede presidencial, desde sábado, foi instalado um forte esquema policial. A atenção estava voltada ao anúncio da vice-presidente eleita nas urnas, Verónica Abad, de assumir a chefia de Estado durante a campanha, embora Noboa não tenha pedido licença e busque evitar que ela assuma a presidência. Na residência de Abad, foi observado um cordão militar que impedia a aproximação, mas ela não respondeu aos pedidos de entrevista para esclarecer se assumiria a presidência, conforme havia anunciado no sábado.

Em sua última mensagem nas redes sociais, Abad declarou: “Equador, neste 5 de janeiro, enfrenta uma encruzilhada histórica: o futuro de nossa democracia está em jogo entre o autoritarismo e o respeito à Constituição; entre ditadura e liberdade. É hora de defender os direitos do povo e nossa dignidade nacional.”

Verónica Abad, vice-presidenta do Equador: “Se reassumo cargo, retomo relações com México”

Paradoxalmente, a partir da sacada de Carondelet, Noboa fez um discurso de campanha voltado para o primeiro turno eleitoral, em 9 de fevereiro, prevendo que “em cinco semanas venceremos”, embora dias antes tivesse prometido não fazer proselitismo por não se afastar do cargo com a licença sem salário obrigatória, conforme estabelecido no artigo 93 do Código da Democracia. A polêmica sobre se ele violou a Constituição e a lei só poderia ser resolvida pela Corte Constitucional, que ainda não se manifestou, ou pelo Tribunal Contencioso Eleitoral.

“Hoje o Equador ressurge, e todos vocês, junto com este governo, vão fazer com que em cinco semanas o país finalmente renasça”, afirmou Noboa, acrescentando que esta “não é apenas uma eleição, mas uma luta contra o passado, a delinquência, o narcotráfico e a indolência.”

Luisa González

Na tarde do mesmo dia, ao norte de Quito, a candidata presidencial do movimento fundado pelo ex-presidente Rafael Correa, Revolución Ciudadana, Luisa González, iniciou sua campanha em um coliseu com mais de três mil pessoas reunidas dentro e fora do local. Ela lidera as pesquisas com uma pequena vantagem sobre Noboa, mas com um alto índice de indecisão entre os eleitores.

Em seu discurso de cerca de 40 minutos, criticou duramente Noboa: “Prometeu segurança, e somos o país mais violento da América Latina; prometeu a melhor economia, e temos os piores índices de desemprego e subemprego; prometeu liberdade, e somos prisioneiros em nossos próprios lares.” Ela também mencionou a crise elétrica que afetou o Equador durante três meses, gerando um impacto superior a 5 bilhões de dólares em perdas para empresas e serviços em geral.

O ex-presidente Correa não ficou de fora do início da campanha eleitoral. Desde Bruxelas, alertou seus correligionários e simpatizantes de que o governo atual tentará roubar as eleições da Revolución Ciudadana. Por meio de um vídeo, afirmou: “Se as eleições fossem hoje, venceríamos no primeiro turno, e eles sabem disso. Por isso, precisamos triunfar com ampla vantagem, pois tentarão roubar as eleições.”

Nesta disputa eleitoral, que ocorrerá em 9 de fevereiro, participam 16 chapas presidenciais, e 2.129 candidatos disputam uma cadeira no Legislativo. Além disso, 55 candidatos concorrem a uma vaga no Parlamento Andino. Ao mesmo tempo, este processo ocorre sob estado de exceção, decretado por Noboa em 3 de janeiro deste ano, por 60 dias, abrangendo cidades como Quito e Guayaquil.

Jorge Glas foi retirado de sua cela por ameaça de morte

O ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas foi retirado de sua cela na prisão La Roca, em Guayaquil, devido a um motim de detentos que teriam tentado atentar contra sua vida.

Sua advogada, Sonia Vera, escreveu em sua conta na rede social X: “A tentativa de atentar contra a vida de Jorge Glas em La Roca é resultado de um Estado que o condenou ao perigo, à tortura e à morte lenta. Sua evacuação de emergência confirma o que denunciamos repetidamente: estão jogando deliberadamente com sua vida. Jorge está exposto a um ambiente que não protege sua vida, mas a ameaça dia após dia. Se algo acontecer com ele, será um crime de Estado. Esta situação exige, de forma urgente, a intervenção de organismos internacionais.”

Glas permaneceu na prisão La Roca desde o assalto à Embaixada do México em Quito, ocorrido em 5 de abril de 2024, quando estava sob a condição de asilado.

“O ex-vice-presidente permanece sequestrado pelo regime de Noboa”, assinala Vera, enquanto aguarda que lhe seja concedido um salvo-conduto como asilado, enquanto sua saúde física e psicológica continua a se deteriorar.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.

“Equador derrotará Estado de exceção que agrava arrocho neoliberal”, afirma sindicalista


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Orlando Pérez Correspondente do La Jornada em Quito.

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