Pesquisar
Pesquisar
PODEMOS / Reprodução X

Escândalo: governo Rajoy organizou “política patriótica” para realizar espionagem contra o Podemos

As provas e documentos encontrados até agora confirmariam as suspeitas que o governo de Mariano Rajoy elaborou um plano de espionagem contra o Podemos e seus deputados
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Beatriz Cannabrava

O governo do ex-mandatário espanhol Mariano Rajoy protagonizou um dos episódios mais turvos e graves da história recente: através de um grupo de agentes de polícia, denominados “polícia patriótica”, desenvolveu um plano de espionagem contra o Podemos  entre 2015 e 2016, afetando 55 ex-deputados. 

Rajoy, do direitista Partido Popular (PP) e um dos que firmaram a declaração da fundação ultraliberal IDEA contra a reforma judicial no México, é agora investigado pela Audiência Nacional de Espanha

Leia também | Espanha: eleitores se revoltam contra Partido Popular após caso de corrupção e espionagem

A forma de agir da polícia espanhola, pelo menos neste caso, rememora o mais tenebroso de sua história recente, com comandos adestrados para o silenciamento ou a coação de opositores políticos e utilizando, ademais, todas as estruturas e meios do Estado para esse fim. 

O governo Rajoy e a espionagem contra o Podemos

O juiz da Audiência Nacional Santiago Pedraz já tem aberta uma investigação concreta por presumida “espionagem ilegal” contra 55 deputados do Podemos naqueles anos, quando governava o PP de Rajoy e irrompeu no cenário político a formação morada, liderada por professores universitários que seguiram a trilha do movimento dos indignados de 15 de maio de 2011, que nasceu do cansaço popular ante a crise econômica, a falta de credibilidade nas instituições e do governo, então presidido pelo socialista José Luis Rodríguez Zapatero

As provas e documentos encontrados até agora confirmariam as suspeitas que se têm há tempo, isso é, que o governo de Rajoy, através do ministério do Interior e do então secretário de Estado de Segurança, Francisco Martínez, elaborou um plano de espionagem contra os deputados de Podemos com o único fim de renovar informações que precipitassem sua destruição. 

Leia também | Espanha: Sánchez é pressionado e demite alto escalão por falha em caso de espionagem

Impacto na imagem pública

A formação morada, liderada por Pablo Iglesias junto a um pequeno núcleo de companheiros, entre eles Íñigo Errejón, Carolina Bascansa e Luis Alegre, entre outros, se desintegrou nos últimos anos pelas batalhas internas e a luta de poder pelos cargos na estrutura do partido e as listas de cargos públicos. 

No entanto, a espionagem e a guerra suja desenvolvidas de forma presumidamente ilegal pelo governo de Rajoy turvaram a imagem do partido ante a opinião pública, ao publicar notícias falsas procedentes de informações internas ou falsas. 

Conheça, acompanhe e participe das redes da Diálogos do Sul Global.

Documentação comprobatória e suspeitas confirmadas

A documentação em mãos do juiz assinala que o seguimento se fez mediante consultas que se poderiam fazer aos serviços centrais da Polícia, aos policiais destinados dentro do Congresso ou, inclusive, a polícias municipais. 

Agora, trata-se de descobrir quem deu as ordens, embora já tenha imputado por assuntos relacionados a essa trama o que era então o número dois do ministério do Interior, Francisco Martínez, a quem foram interceptadas conversações dando instruções a um policial para que averiguasse dados comprometedores dos deputados do Podemos.

A investigação está aberta e se esperam avanços nos próximos meses.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

LEIA tAMBÉM

26009193562_179216de77_b
Trump sugere usar militares contra “inimigos internos” e historiadora afirma: “é um ensaio”
38 anos de prisão e multa de US$ 2 mi - conheça detalhes do julgamento de García Luna nos EUA
38 anos de prisão e multa de US$ 2 mi: conheça detalhes do julgamento de García Luna nos EUA
Amianto liberado por ataques de Israel pode gerar câncer durante décadas em Gaza
Amianto liberado por ataques de Israel pode gerar câncer durante décadas em Gaza
Sri Lanka - os desafios do presidente marxista Anura Kumara Dissanayake
Sri Lanka: os desafios do presidente marxista Anura Kumara Dissanayake