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Espanha: ex-membros do ETA renunciam a eleições regionais após ataques da ultradireita

Votações municipais e autônomas do próximo dia 28 serão celebradas em todo o país e em 13 das 17 comunidades autônomas
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Diante da “nuvem de pó política e midiática” gerada e para evitar que sigam primando “os interesses partidários e eleitorais”, sete candidatos da lista da coalizão da esquerda independentista basca EH-Bildu renunciaram aos comícios municipais e forais do próximo 28 de maio. 

Os aspirantes desta formação política se converteram no centro da ataques da extrema direita e da direita espanholas por sua antiga militância na organização armada basca ETA, que a cinco anos de sua dissolução era o centro do debate eleitoral em todo o país. 

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As eleições municipais e autônomas do próximo  dia 28 serão celebradas em todo o país e em 13 das 17 comunidades autônomas. 

No País Basco serão renovados o município e as três deputações federais, uma vez que as eleições para o Parlamento e, portanto, do governo autônomo, serão celebradas no próximo ano. 

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EH-Bildu é uma coalizão de partidos na qual se encontra de maneira destacada Sortu, herdeira da antiga Batasuna, considerado o braço político da ETA nos anos do histórico conflito.

Votações municipais e autônomas do próximo dia 28 serão celebradas em todo o país e em 13 das 17 comunidades autônomas

RTE
O coordenador de EH Bildu, o histórico líder Arnaldo Otegi, um dos impulsionadores do processo de paz, aplaudiu a decisão dos aspirantes




Listas eleitorais

O EH-Bildu apresentou listas eleitorais para o País Basco e Navarra com mais de 200 aspirantes, entre os quais havia 44 pessoas que em algum momento foram condenadas em processos relacionados com a atividade da ETA e dos quais sete teriam participado, segundo as sentenças, de atentados mortais. 

O Coletivo de Vítimas do Terrorismo (Covite) denunciou a lista, e os aspirantes anunciaram sua retirada da contenda em um comunicado publicado no portal Naiz (https://shorturl.at/cePUZ), no qual explicam que “retiram suas candidaturas, na medida do possível, já que estas se encontram totalmente oficializadas”. 

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Os sete ex-candidatos são Jose Antonio Torre Altonaga, Asier Uribarri Benito, Lander Maruri Basagoiti, Begoña Uzkudun Etxenagusia, Jose Ramón Rojo González, Juan Carlos Arriaga Martínez e Agustín Muiños Díaz.

O coordenador de EH Bildu, o histórico líder Arnaldo Otegi, um dos impulsionadores do processo de paz, aplaudiu a decisão dos aspirantes, que definiu como “gesto significativo e inequívoco do compromisso de nossa formação com a vontade de avançar para o futuro e não gerar soçobra”. 

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Otegi também criticou a “nova campanha inaceitável de assédio e derrubada” perpetrada, na sua opinião, por parte de “setores da ultradireita espanhola”, a qual se somaram irresponsavelmente outras forças “com o fim de criar um lodaçal no qual sapateiam por meros interesses políticos e eleitorais”. 

No Senado, o socialista Pedro Sánchez recriminou a direita e o PP, que utilizaram a ETA no debate eleitoral: “Quando na Espanha ETA não é nada, para os senhores ETA é tudo”, assegurou e recordou à direita sua atuação durante os atentados do 11 de março de 2004 por mãos de um grupo integrista islamita.

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“Após o pior atentado da história da Europa, o Partido Popular mentiu, manteve com descaramento a mentira e difamou as vítimas por um interesse eleitoreiro. Ninguém poderia superar aquela infâmia”. O líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, acusou Sánchez de “ser um presidente mais generoso com os verdugos do que com as vítimas”. 

Armando G. Tejeda | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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