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Espanha viverá segundas eleições gerais em menos de um ano neste fim de semana

Num cenário de empate técnico entre o bloco da direita com o das forças progressistas, a governabilidade estaria em mãos das forças nacionalistas catalãs e bascas
Armando G. Tejeda
La Jornada
Barcelona

Tradução:

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Todas as pesquisas, as cibernéticas em redes sociais ou as de viva voz dos grandes meios de comunicação, coincidiram em duas coisas: o debate eleitoral sobre as eleições do próximo domingo e que foi celebrado na semana passada teve dois claros vencedores; o presidente do governo e aspirante do Partido Socialista Obrero Español (PSOE), Pedro Sánchez, que aguentou as investidas do resto dos adversários e manteve a forma; e o líder emergente da extrema direita do Vox, Santiago Abascal, que se converteu no grande beneficiário da jornada. 

Enquanto nas fileiras socialistas impera o otimismo moderado e até a complacência, nos quartéis do Ciudadanos Ciudadanos (C´s) e do Unidas Podemos (UP) cresce a preocupação diante do que poderia ser uma noite eleitoral aziaga. 

Espanha viverá suas segundas eleições gerais em menos de um ano. As últimas, as do passado 28 de abril, demonstraram uma fragmentação parlamentar que os dirigente políticos dos principais partidos políticos, sobretudo os da esquerda, foram incapazes de manejar. 

O bloqueio ou a falta de acordos derivaram na convocatória de novas eleições, as quartas em apenas cinco anos, com as que se confirmou ademais uma nova realidade política do país, muito longe do tradicional bipartidarismo que imperou durante décadas.

Num cenário de empate técnico entre o bloco da direita com o das forças progressistas, a governabilidade estaria em mãos das forças nacionalistas catalãs e bascas

Wikimedia Commons
Neste domingo os espanhóis irão às urnas pela segunda vez em menos de um ano

Debate único

Com as espadas desembainhadas e as cautelas à flor da pele, os cinco aspirantes a presidir o governo compareceram no único debate que será levado a cabo; em parte porque o período eleitoral foi encurtado devido à repetição das votações e porque não houve acordo entre os dirigentes sobre a celebração de mais debates. 

Durante quase três horas foram escutados os argumentos de uns e outros, foram repetidas até o cansaço as mesmas consignas de cada um nos últimos meses, para que finalmente a audiência (mais de 52% de televisões ligadas) sentenciasse que o claro vencedor do debate foi o socialista Sánchez. E que bem de perto o seguia a figura emergente, e que preocupa cada vez mais a opinião pública, de Santiago Abascal, que agita um discurso tradicional da extrema direita, com seus ataques reiterados aos cidadãos estrangeiros, às políticas igualitárias de vocação feminista, que pretende ilegalizar todos os partidos nacionalistas e que até impulsiona um debate para abolir definitivamente o atual modelo autonômico.

O debate também confirmou o que têm advertido nas últimas semanas as pesquisas, que o PSOE ganhará, mas que não terá os apoios necessários para governar; que o Partido Popular se consolidará como a segunda força eleitoral e recuperará o terreno perdido nas últimas eleições; que às duas forças emergentes dos últimos anos, C´s e UP, sofreram uma dura queda; e que o partido da extrema direita populista, xenófobo e misógino ganha cada vez mais adeptos, até o ponto de que poderia chegar a se converter na terceira força eleitoral em votos, pelo menos segundo as sondagens.

Pesquisas

De fato, algumas sondagens advertem que está previsto um cenário de empate técnico entre o chamado bloco da direita com o das forças progressistas, com o que, uma vez mais, a chave da governabilidade estaria nas mãos das forças nacionalistas catalãs e vascas. Um cenário ainda mais complexo se considerarmos o atual conflito catalão e a ausência de diálogo entre Barcelona e Madri. 

O resultado dessa nova correlação seria um mapa ainda mais fragmentado que o atual e no qual ambos os blocos ficaram muito longe da maioria absoluta (entre 20 e 21 cadeiras de distância). Ao qual haveria que acrescentar o afundamento do C´s, de una envergadura inédita: perderia 74% de cadeiras em apenas seis meses, o que altera definitivamente o mapa eleitoral e levaria o Vox até a terceira posição. 

Com este cenário, ao qual há que somar o ceticismo e o desencanto crescente da sociedade – de fato ainda há 30% de eleitores indecisos de ir ou não votar no próximo domingo -, os partidos políticos enfrentam uma semana decisiva que definirá a repartição do poder nos próximos quatro anos.

*Armando G. Tejeda, Correspondente – La Jornada – Madrid

**Tradução: Beatriz Cannabrava

***La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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