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ToggleA metodologia do Teatro do Oprimido, criada pelo dramaturgo Augusto Boal, está presente em mais de 70 países. O método é protagonista na formação das mais diversas áreas – além do teatro – em variadas universidades. Uma delas é a Universidade de Nova Iorque (NYU, em inglês), nos Estados Unidos.
Alguns de seus estudantes e professores, que compõem o Departamento de Música e Artes do Programa em Teatro Educativo e Programa em Terapia Dramática, chegam ao Brasil no próximo sábado (11) para um período de imersão em Teatro de Oprimido na Escola de Teatro Popular (ETP) do Rio de Janeiro.
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Para o encontro, está programada uma agenda de 10 dias, com oficinas, espaços de troca com movimentos sociais e visitas a territórios marcados por lutas populares.
Entre eles, a ocupação Vitor Gianotti, no centro do Rio, o assentamento Roseli Nunes, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Sul Fluminense, e o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM).
A proposta é que o grupo de estudantes e professores da NYU observe como são aplicadas as metodologias do Teatro de Oprimido e do Teatro Político à realidade brasileira e como elas podem ser aplicadas na realidade estadunidense.
Arquivo/ETP
A turma de intercâmbio da NYU vai apresentar uma peça como resultado do ciclo de oficinas realizadas durante a visita
Legado
Geo Britto, que trabalhou com Augusto Boal no Centro de Teatro do Oprimido (CTO), conta que a relação da universidade norte-americana com o Teatro do Oprimido é de longa data.
“Desde os anos 1970, o Boal ia para os EUA e fazia oficinas. Inclusive quando ele foi preso os professores enviaram cartas pedindo que fosse liberado na época da ditadura. É uma parceria muito antiga”, conta Geo Britto, fundador da Escola de Teatro Popular, em 2017, junto com Julian Boal, filho de Augusto.
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A ETP é multiplicadora do Teatro do Oprimido em sete núcleos espalhados pela capital e nos municípios de São Gonçalo e Petrópolis – localizados principalmente em favelas, ocupações, pré-vestibulares populares e escolas públicas.
De acordo com Britto, a dimensão do teatro como forma de luta é mais reconhecida no exterior. A última vez que o CTO recebeu a NYU foi em 2009, ano em que Boal faleceu. Em 2023, a morte do teatrólogo carioca completa 14 anos.
“O Teatro do Oprimido hoje é mais conhecido lá fora do que aqui. O Boal foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, tem vários títulos de honoris causa em universidades do mundo. Nova Iorque tem o Dia do Teatro do Oprimido. É uma metodologia usada desde o MST e os grupos populares no Brasil até na Europa, com toda questão da imigração, e nos países da África. Só em Moçambique são mais de 150 grupos. Na Índia tem a Federação Indiana de Teatro do Oprimido que congrega 9 estados. Então é uma metodologia usada no mundo inteiro pelos oprimidos nessa luta contra a opressão das mais diversas formas, seja de raça, classe, gênero”, reflete Britto.
Programação gratuita
Além das imersões e atividades fechadas, a agenda ainda conta com apresentações gratuitas e será encerrada com o Festival Augusto Boal. No sábado (11), a escola apresenta a peça “É na Luta que a arte se encontra”, às 19h, na Ocupação Manoel Congo, localizada na Rua Evaristo da Veiga , n° 17, no centro do Rio de Janeiro. A atividade é gratuita e o público deve chegar meia hora antes da apresentação para a distribuição dos ingressos.
A peça que conta a trajetória da ETP desde a criação até a pandemia e já foi apresentada no Encontro Pedagogia e Teatro do Oprimido na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, em 2022.
Já no Dia Mundial do Teatro do Oprimido, comemorado na próxima quinta-feira (16), acontece o Festival Augusto Boal, no espaço Arena Dicró, na Penha, zona norte do Rio, das 17h às 21h.
A programação conta com apresentações de cenas dos núcleos da Escola de Teatro Popular. Além disso, a turma de intercâmbio da NYU vai apresentar uma peça como resultado do ciclo de oficinas realizadas durante a visita.
Clívia Mesquita | Brasil de Fato | Rio de Janeiro
Edição: Mariana Pitasse
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