Desde sua campanha, Bolsonaro elegeu a educação como uma de suas batalhas centrais. Como analisamos em recente texto, seu programa para essa área é abertamente reacionário e retrógrado, e se relaciona com as demais frentes de ataque da ofensiva burguesa contra as classes dominadas em nosso país. Ofensiva que se agravou com o desencadear da crise econômica que até hoje emperra a acumulação capitalista em nosso país.
Além de aumentar o aspecto repressivo das instituições educacionais, com a militarização de escolas civis e ampliação das militares em si; de reforçar a censura e a repressão a professores, estudantes e em livros didáticos; de requentar um civismo moribundo, o governo Bolsonaro tem reforçado um discurso de ensino tecnicista para os trabalhadores, que devem se adequar ao máximo a uma formação curta, barata e que atenda por completo as necessidades atuais do capital de uma nação dominada (inclusive, eliminando cursos de humanidades).
Uma das formas de atingir esse último objetivo é a redução do investimento em educação e pesquisa em nosso país (ainda mais!). Aliás, esse é também um imperativo das reformas econômicas que buscam a retomada dos lucros dos capitalistas, inclusive reformulando o “tamanho” e as “prioridades” de seu Estado.
Apesar dos fortes confrontos no Ministério da Educação desde o início de 2019, que inclusive resultaram na troca do anti-comunista/olavete dirigente de plantão (Vélez por Weintraub), o governo tem conseguido implementar vários pontos de sua cartilha.
Como tem sido amplamente noticiado, esse ministério aplicou um corte bilionário na educação no início desse mês de maio.
Cem Flores
Não vai ter corte, vai ter luta!
Primeiro, Weintraub informou que seria cortado 30% do orçamento apenas da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), como “punição” ao seu movimento estudantil e suas atividades políticas e culturais. Importante lembrar que a UFF, por exemplo, foi a instituição onde a bandeira antifascista foi hasteada durante as últimas eleições presidenciais – faixa esta censurada pela justiça à época. Ato que depois foi reproduzido na UnB.
Depois, o corte foi expandido para todos os níveis e modalidades educacionais. De creches à educação de jovens e adultos, passando pela pós-graduação, transporte escolar, livro didático… Caindo por terra a balela de que o governo priorizaria a educação básica: Bolsonaro, como novo gerente de plantão do capital, é mais um inimigo do estudante, do professor, e de todo o povo trabalhador!
Já que é mais um inimigo declarado, e que não tem nada a oferecer a não ser mais descaso e destruição, estudantes e professores de todo o país entenderam que é preciso, mais uma vez, tomar as ruas, as escolas, as universidades. Compreenderam, de forma acertada, que esse é o único caminho para manterem suas condições de vida, estudo e de trabalho; sua perspectiva de um futuro menor pior; sua dignidade e orgulho.
Logo quando do anúncio dos cortes, forte oposição nas redes sociais se fez presente. O abaixo-assinado online “Em defesa das Universidades Públicas Brasileiras” ultrapassou 1 milhão de assinaturas. E, até o presente momento, já são várias manifestações que ocorreram pelo país, e outras estão marcadas. Além de uma Greve Nacional da Educação estar convocada para dia 15 de maio.
A luta apenas começou! Como dizem os coros que entoam as manifestações: