O Tribunal Criminal da província argentina de Jujuy, no norte da Argentina, absolveu, nesta quinta-feira (27), uma das maiores ativistas do país, Milagro Sala, de 54 anos, integrante do grupo Tupac Amaru.
Organizações de direitos humanos argentinas e latino-americanas denunciam que Milagro Sala é uma presa política do governo de Mauricio Macri.
A líder comunitária foi detida em 2016, sob a acusação de associação ilícita e supostos desvios de dinheiro público. Na época, ela ocupava o cargo de deputada do Parlamento do Mercosul (Parlasul).
Ela era acusada de tentativa de homicídio no caso conhecido como “Tiroteio de Azopardo”, ocorrido em 27 de outubro de 2007.
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Milagro Sala é considerada, por organizações de direitos humanos, presa política
Pela acusação a ativista aguardava uma sentença mínima de 12 anos de prisão, conforme pedido pela promotoria local, mas, o tribunal votou de forma unânime por sua inocência.
Milagro Sala foi inocentada pela acusação de tentativa de homicídio, com base no princípio jurídico de presunção de inocência e por falta de provas. Em declarações à imprensa, a ativista social disse que pôde crer em uma “justiça verdadeira”.
“É uma pequena luz de esperança de que temos que começar a crer na justiça verdadeira, que não se sente amarrada ao poder político”, disse a ativista, que completou: “eu não esperava, foi uma enorme surpresa!”.
Sala também denunciou torturas contra outros acusados e criticou o governo de Macri por promover perseguição a alguns setores políticos. “Me dói como pessoa, porque valorizo a vida muitíssimo, que tenham torturado [Alberto] Cardozo, [Fabián] Ávila e outros companheiros só para me manter parada aqui”, desabafou.
Outras acusações
Milagro Sala também é acusada pelos delitos de bloqueio de vias, por impedir a livre circulação de pessoas e veículos e por uma suposta recusa de cumprir a decisão do governo de executar o plano de regularização e transparência das cooperativas.
Sala chegou a fazer uma greve de fome para denunciar o que considerava ser uma perseguição política e, ao longo do tempo, tem recebido apoio de diversas entidades argentinas e internacionais,, como o Comitê contra Discriminação Racial das Nações Unidas e da Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que se manifestaram solicitando a libertação da liderança indígena.).