Conteúdo da página
ToggleAs reiteradas ameaças de agressão dos Estados Unidos contra a Venezuela recordam a invasão militar “Fúria Urgente” à diminuta ilha caribenha de Granada, há 37 anos, que foi considerada então como a maior ação bélica desde a guerra do Vietnã (1955-1975).
Quase quatro décadas depois, o Comando Sul dos Estados Unidos realiza um extraordinário envio de tropas, barcos e aviões para o Caribe que põe em risco não apenas a estabilidade do governo venezuelano, mas de toda a região caribenha, declarada como “Zona de Paz” por seus governantes em 2014.
As atuais ações da administração de Donald Trump são similares as do presidente Ronald Reagan, obcecado com o processo revolucionário de Granada.
Ambos empregaram pretextos e “notícias falsas”, como o eventual uso militar de um aeroporto internacional, a presumida luta contra o narcotráfico ou o resgate de cidadãos estadunidenses supostamente em perigo.
Essas políticas incluem sustentadas campanhas midiáticas para desprestigiar as autoridades, medidas para frear o desenvolvimento econômico, ações terroristas e a tentativa de assassinato de seus líderes.
Wikimedia Commons – Domínio Público
Touros Ferozes durante ‘a Operação Fúria Urgente’ no dia 25 de Outubro de 1983
A invasão de Granada
Em junho de 1980, uma poderosa bomba explodiu sob o palco de onde falava o popular líder granadino Maurice Bishop, provocando a morte de duas meninas e dezenas de feridos.
Após a explosão, Bishop denunciou o ato terrorista e reafirmou: “Estamos contra a exploração de nossos recursos em benefício de uma minoria de corporações transnacionais e seus aliados. Esta revolução tem espaço para todos os patriotas que estão dispostos a pôr fim à exploração. Por isso nosso país está sob ataque”, agregou.
Antes e depois de Granada, militares dos Estados Unidos interviram em dezenas de países latino-americanos ao amparo da chamada Doutrina Monroe – atualizada como sua Doutrina de Segurança Nacional -, a qual é rechaçada na região por atentar diretamente contra sua soberania e independência.
No caso de Granada, mais de oito mil efetivos estadunidenses ocuparam a ilha de uns 100 mil habitantes, por ar, mar e terra em 25 de outubro de 1983, seis dias depois do assassinato de Bishop e de alguns de seus colaboradores por uma facção divisionista do Exército local.
Bishop (1944-1983) havia encabeçado em 1979 a derrocada do regime repressivo de Eric Gairy, sustentado por Washington.
O próprio Bishop denunciou várias vezes que os Estados Unidos preparavam uma agressão à ilha e, inclusive, que a tinham ensaiado em segredo na ilha porto-riquenha de Vieques, sob o nome de “Plano Pirâmide”, que consistia em campanhas de desprestígio nos meios regionais e internacionais.
Além do mais, incluía a aplicação de medidas de desestabilização econômica e um conjunto de operações encobertas para eliminar fisicamente os líderes granadinos.
Além do ensaio em Vieques, realizou-se, enquadrado nos exercícios estadunidenses “Ocean Venture 81”, um complô denominado “Ambar e as Ambarinas”, em alusão a Granada e suas ilhotas adjacentes (Carriacou e Petit Martinique).
O roteiro dessas manobras indicava falsamente que a pequena ilha caribenha, considerada por turistas internacionais como um espaço paradisíaco de paz, exportava o terrorismo e permitiu o sequestro de alguns cidadãos estadunidenses.
Antes, Bishop revelou conspirações nos Estados Unidos para contratar mercenários para ataques armados contra seu governo. Um deles, denominado “Amanhã”, o nome de uma das lanchas em que viajariam os atacantes desde ilhas vizinhas, foi frustrado por discrepâncias financeiras.
De fato, desde o primeiro mês do triunfo popular, a Casa Branca ponderou aplicar um rigoroso bloqueio naval a Granada, mas por razões táticas adiou a agressiva medida.
Estudiosos do processo granadino coincidem em assinalar a repetição, até hoje, dos mesmos métodos subversivos, empregados agora contra governos populares como o da Venezuela e alertam que a isso se somam secretas operações militares em países vizinhos.
Jorge Luna, da redação de Prensa Latina em Havana.
Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Veja também
Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.
A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.
Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:
- Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
- Boleto: acesse aqui
- Assinatura pelo Paypal: acesse aqui
- Transferência bancária
Agência – 0713
Conta Corrente – 24192-5
CNPJ: 58726829/0001-56 - Receba nossa newsletter semanal com o resumo da semana: acesse aqui
- Acompanhe nossas redes sociais:
YouTube
Twitter
Facebook
Instagram
WhatsApp
Telegram