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EUA estavam avançados no caminho de se tornar um país fascista, comentou analista

O golpe de estado empresarial já aconteceu. Eles ganharam. Nós perdemos”, conclui Chris Hedges
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

A disputa pelo futuro da democracia cada vez mais imperfeita e danificada dos Estados Unidos continua à beira de um precipício, e o prognóstico de sua saúde política é reservado. 

“No presente, o império estadunidense exibe grandes problemas: desintegração, decadência, avareza organizada na cúpula e temor institucionalizado monopolizado por uns quantos políticos. Temos uma situação com o neofascismo de um lado e o neoliberalismo do outro. Temos que ter uma alternativa”, argumenta o filósofo político Cornel West em uma entrevista à revista The Internationalist.  

Para a socióloga Frances Fox Piven, veterana acadêmica/ativista progressista de referência ao longo de várias décadas, o momento mais perigoso neste país não foi superado nesta última eleição. 

“Não creio que esta luta sobre a democracia elementar se acabou, por nenhuma razão. Os Estados Unidos estavam bastante avançados no caminho de tornar-se um país fascista [antes desta última eleição] — e ainda pode tornar-se um país fascista”, comentou em uma entrevista ao jornal The Guardian.

Para o jornalista (Prêmio Pulitzer) e analista Chris Hedges, já não há salvação dentro da estrutura política existente nos Estados Unidos. “O projeto bipartidário de desmantelar nossa democracia, o qual se realizou ao longo das últimas décadas em nome das empresas e dos ricos, deixou só a casca externa da democracia. 

Os tribunais, legislaturas, o ramo executivo e os meios… são cativos do poder empresarial. O golpe de estado empresarial já aconteceu. Eles ganharam. Nós perdemos”, conclui em um ensaio em ScheerPost.  

O golpe de estado empresarial já aconteceu. Eles ganharam. Nós perdemos”, conclui Chris Hedges

Hopsey
Trump triunfante

“Os escombros deste projeto neoliberal são espantosos: guerras sem fim e fúteis para enriquecer um complexo militar industrial… a desindustrialização… o recorte e privatização de programas sociais incluindo a educação, serviços públicos e saúde… polícia militarizada… o maior sistema carcerário do mundo… eleições saturadas de dinheiro que perpetuam nosso sistema de suborno legalizado…” Sublinha, como repetiu Chomsky e outros, que tal sistema permitiu ao 1% mais rico apropriar-se de $54 trilhões dos 90% dos de baixo entre 1975 e 2022, segundo uma investigação do prestigiada Rand Corporation.

Enfatiza que “o terreno fértil de nossa destruição política, econômica, cultural e social gerou um leque de neofascistas, estafadores, racistas, criminosos, charlatães, teóricos de conspiração, milícias direitistas e demagogos que logo tomaram o poder” e reafirmou que este descenso democrático não tem remédio político dentro do atual esquema bipartidário estadunidense. 

Para alguns, a luta pela democratização dos Estados Unidos tem que buscar bússolas novas e velhas. Fox Piven diz que sempre se requereu uma aliança entre movimentos sociais e eleitorais para mudar a curso da história estadunidense; por um lado forças sociais que irrompem ao se recusar a “cooperar” com o sistema atual, e por outro, propostas eleitorais para implementar as mudanças necessárias. 

Por sua parte, West considera que “as pessoas buscam uma alternativa à ordem neoliberal nos Estados Unidos e suas manifestações internacionais… O internacionalismo é o ponto de partida… Ainda não temos uma proposta maior que ofereça um programa e uma plataforma progressista, internacionalista e de esquerda” e recomenda como um primeiro passo urgente “juntar os movimentos antiguerra e sobre a mudança climática para que a luta contra a catástrofe ecológica vá junto com a condenação do militarismo e do capitalismo depredador”. 

A resistência contra as forças do neofascismo continua nos Estados Unidos, mas vale repetir que requer mais do que nunca a solidariedades de suas contrapartes do outro lado de suas fronteiras e costas. 

Jimi Hendrix, rebelde que nasceu neste dia em 1942.  Angel.  “Quando o poder do amor supere o amor ao poder, o mundo conhecerá a paz”, disse (talvez citando a antepassados).

Tradução Beatriz Cannabrava

As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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