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Evo para Obama: “deixe de fazer guerras”

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Evo Morales diz a Obama que a doutrina de segurança global de EUA fracassou

Evo Morales1“Deixe-me dizer-lhe, presidente Obama, que sua doutrina de segurança global fracassou, hoje existem mais ameaças que há uma década, não só a seu país mas também a outros países. Fracassou o modelo de luta contra o narcotráfico, porque há mais demanda de droga e mais produção de drogas sintéticas no mundo”, afirmou Evo Morales durante sua intervenção no plenário da VII Cúpula das Américas.

Em seu discurso, diante de outros 34 chefes de Estado e de Governo, qualificou a Estados Unidos como “o primeiro promotor do mundo” de ditaduras militares e golpes de Estado. “O olhar colonial imperial de Estados Unidos sobre nossa América Latina e Caribe é um olhar de desprezo e de superioridade”.

“De que democracia pode falar quando bloqueia de maneira cruel durante 50 anos a um povo que só quer viver em paz e ser solidário, como Cuba. Há um momento dizia o presidente Obama que vai ajudar Cuba. Não tem que ajudar, tem que ressarcir dos danos que provocou a Cuba por 50 anos”, afirmou referindo-se ao histórico acercamento entre Washington e Havana.

“Deixe de fazer guerra”

“Presidente Obama, deixe de fazer guerra e converta seu país numa república democrata em lugar de sustentar um império antidemocrático e insustentável. Evite as guerras como as que tem produzido até agora. Deixe de destruir civilizações inteira, de perseguir fantasmas, deixe de gastar tantos recursos sem resultados. A humanidade não quer guerras, quer o básico”, afirmou.

As exortações de Morales foram proferidas depois de Obama ter inaugurado a Cúpula de Panamá e afirmado ter imprimido uma mudança na política tradicionalmente instrumentada por Washington  a partir do século XX para com a região. Evo então replicou:

“Presidente Obama, pare de converter o mundo em um campo de batalha, deixe de pensar que só existem os amigos e os inimigos. Há também os outros, os que querem ser solidários, os que lutam por ideais nobres, os que salvam vidas, os que curam enfermidades, os que aliviam a dor das pessoas”.

Deixe de utilizar o medo

Morales enumerou intervenções militares e golpes de Estado em que os Estados Unidos participaram, para acrescentar que os países de América Latina nunca ameaçaram o país norte-americano e declarou: “Não queremos mais doutrinas Bush”. E disse mais:

“Deixe de lado os discursos de dupla moral para o passado. Deixe de lado as ameaças, as chantagens, as pressões que desde o Capitólio ou a Casa Branca sufocam nossos governos. Deixe de utilizar o medo. Deixe de comportar-se como império (…) América Latina e o Caribe mudaram para sempre. Já não é como antes. Já não podem impor ditaduras militares. Deixamos de ser a região obediente, disciplinada, curvada e submissa. Hoje temos um continente em rebeldia”, asseverou para arrematar, referindo-se, sempre, a Obama: “América Latina e o Caribe somos um continente de paz e de diálogo, convidamo-lo a dialogar e a viver em paz”

Que democracia é esta?

Respondendo a Obama sobre a política da Casa Branca crítica com relação a Venezuela, disse Morales:

“Que estranha democracia a que instala bases militares em nossos países, quando aplica leis extraterritoriais, quando tem questões territoriais pendentes com Cuba e Porto Rico. De que democracia fala, presidente Obama, quando manda milhares de fuzileiros navais armados a nosso continente para doutrinar a soldados para que lutem contra nossos povos. Pode haver diálogo com Estados Unidos quando todo ser arsenal e tecnologia vigiam nossos territórios ou quando a IV Frota Naval navega desafiadora as costas do Pacífico?”

A questão do mar boliviano

O presidente Evo Morales agradeceu, no Panamá, o apoio internacional a causa marítima de Bolívia e renovou sua confiança na Corte Internacional de Justiça (CIJ) de Haia onde iniciou processo para que Chile se sente a negociar de boa fé uma saída soberana ao mar que lhe foi tirado pela força em 1879.

Depois de décadas de conversações e gestões infrutíferas, La Paz iniciou um processo contra Chile na CIJ. Chile alegou incompetência de Haia e sobre isso a corte deverá se pronunciar depois de ouvir as justificativas orais previsto para maio próximo.

“Estados Unidos apoiaram essa reivindicação. O papa João Paulo II apoiou. Estamos com os povos de quase todo o mundo. Recorremos a um organismo internacional muito importante como Haia. Temos muita confiança deque se resolva uma injustiça”, disse Morales.

Chile invadiu Bolívia em 1879 e desatou a denominada Guerra do Pacífico, movido por interesses de empresas da colonialista Inglaterra daquele tempo e que resultou no cerceamento de 400 quilômetros de costa e 120.000 quilômetros de território boliviano. Desde então Bolívia é um país mediterrâneo.

Fontes: La Razón (Walter Vásquez); ABI, La Paz e Ciudad de Panamá


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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