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Ex-chefe de gabinete de Trump vai responder criminalmente por "ato de terrorismo" contra Capitólio

À época, vários legisladores enviaram mensagens a Meadows pedindo que Trump pusesse fim ao assalto de imediato, e um deles advertiu: “vão matar alguém”
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

A câmara baixa dos Estados Unidos aprovou uma medida para solicitar que o Departamento de Justiça formule acusações criminais por desacato ao Congresso contra Mark Meadows, ex-chefe de gabinete de Donald Trump, enquanto o procurador-geral da cidade de Washington anunciou demandas civis contra dois agrupamentos ultradireitistas por sua participação no assalto ao Capitólio em 6 de janeiro passado, algo que definiu como “um ato coordenado de terrorismo doméstico”.

A câmara baixa debateu e aprovou por 222 contra 208 votos a medida promovida pelo comitê seleto encarregado de investigar os atos de 6 de janeiro no assalto ao Capitólio por forças pró-Trump – o que alguns qualificam como uma tentativa de golpe de Estado – depois de Meadows ter anunciado há uma semana que não cooperará mais com a investigação. Embora o ex-chefe de gabinete e ex-legislador federal inicialmente tenha cooperado com a investigação oficial, anunciou na semana passada que não se apresentaria ante o comitê argumentando que seus intercâmbios privados com o então presidente estão protegidos pelo chamado “privilégio executivo”. 

À época, vários legisladores enviaram mensagens a Meadows pedindo que Trump pusesse fim ao assalto de imediato, e um deles advertiu: “vão matar alguém”

Flickr
Mark Randall Meadows enfrenta fortes acusações nos EUA

Alguns dos aproximadamente 9 mil documentos que Meadows inicialmente entregou ao comitê incluem cópias de mensagens de texto trocadas no próprio 6 de janeiro nos quais legisladores republicanos, comentaristas direitistas e até o filho do presidente lhe rogaram que convencesse Trump a agir para frear a chamada insurreição.  

A deputada Liz Cheney -uma de apenas dois republicanos no comitê seleto – revelou algumas das mensagens entregadas por Meadows. Em uma delas, o filho de Trump, Donald Jr., diz a Meadows que seu pai tem que fazer uma declaração para frear seus simpatizantes já que “isso já foi demasiado longe e está fora de controle” e em outro insistiu que o presidente “tem que condenar esta merda o mais rápido possível”. 

Vários legisladores também enviaram mensagens a Meadows pedindo que o presidente pusesse fim ao assalto de imediato, e um deles advertiu: “vão matar alguém”. Os jornalistas íntimos do presidente na Fox News também expressaram alarme; a influente apresentadora Laura Ingraham enviou uma mensagem a Meadows alertando: “o presidente necessita dizer a essas pessoas no Capitólio que voltem para casa. Estão destruindo seu legado”. 

Esta recomendação do Comitê será transferida ao Departamento de Justiça para que avalie o processo penal contra Meadows. Com isso, seria o segundo a enfrentar acusações criminais, junto com o ex-estrategista político de Trump. Stephen Bannon.

Os republicanos denunciaram que tudo isso era uma manobra partidária dos democratas.

Conspiração terrorista

Ao mesmo tempo, o procurador geral do Distrito de Columbia (Washington) Karl Racine, anunciou que seu escritório está apresentando uma demanda civil acusando dois agrupamentos ultradireitistas, os Proud Boys e os Oath Keepers que participaram no assalto ao Capitólio em 6 de janeiro, de “conspirar para aterrorizar o Distrito”. A demanda qualifica o assalto ao Capitólio como “um ato coordenado de terrorismo doméstico” e pede compensação financeiras por prejuízos à cidade. 

Apoiadores invadem Capitólio após Trump dizer que nunca aceitará derrota para Biden

Tudo isto continuou alimentando as advertências de cada vez mais de ampla cadeia de vozes sobre o perigo que enfrenta a democracia estadunidense diante da ofensiva no nível nacional, estadual e local.  

O deputado democrata veterano Jim McGovern, presidente do poderoso Comitê de Regras da Câmara, alertou para a ameaça de golpes no futuro. “Os socos raramente são bem sucedidos na primeira tentativa, mas muitas vezes são bem sucedidos em um segundo round. Este é o momento de estar acima das divisões políticas”, disse em uma audiência, argumentando sobre a necessidade de aprovar a medida sobre o desprezo de Meadows.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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