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ToggleA investigação acerca do atentado contra a vice-presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, no passado 1° de setembro, e da série de ações violentas que foram preparando antecipadamente o caminho para essa tentativa de magnicídio, acaba de receber um novo impulso ao se descobrir as relações entre várias organizações ultradireitistas e os financiadores delas. É o caso dos dirigentes da neonazista Revolucion Federal, Jonathan Morel, sua ex-companheira e uma sócia que cobraram 7 milhões de pesos de um fideicomisso de Caputo Hermanos, vinculado ao então ministro de Finanças do ex-presidente Mauricio Macri, Luis Caputo.
Embora Morel já tivesse reconhecido que havia recebido um pagamento de 1,7 milhão de pesos argentinos por um suposto trabalho de carpintaria – um estranho negócio por suas características – será muito difícil dar explicações ante os especialistas, especialmente quando o Revolución Federal aparece implicada ao grupo dos integrantes da chamada “banda de los copitos”, quatro deles detidos, dois como responsáveis direitos da tentativa de assassinar à também duas vezes presidenta do país.
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Morel, um dos fundadores do Revolución Federal e dono de uma pequena carpintaria criada recentemente na localidade de Boulogne, recebeu entre dezembro de 2021 e agosto deste ano mais de sete milhões de pesos, em parte do ex-ministro de Macri e primo do “irmão de alma” do ex-mandatário.
“É informação chave para a causa por incitação ao ódio e à violência política que é instruída pelo juiz Marcelo Martínez de Giorgi sobre a organização que, em seus mais de cinco meses de existência, realizou várias mobilizações com guilhotinas, forcas, tochas e insultos, entre outras coisas”, apontam analistas do Página/12.
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Os mesmos se perguntam sobre a vinculação entre este grupo violento e a tentativa de assassinar Fernández de Kirchner: “Alguém incidia politicamente sobre estas pessoas? Estes montantes detectados, fora do comum por um negócio pequeno e recente, poderiam esconder um modo de financiamento? Poderiam conduzir a alguma vinculação política com o atentado?”. Essas são as perguntas dos jornalistas.
Morel declarou que era por trabalho de carpintaria encarregado por uma mulher cujo nome é Rossan, que resultou ser irmã de Luis Caputo, para quem realizou outros trabalhos, entre esses para um hotel na província de Neuquén.
De acordo com os mesmos jornalistas, “um informe da Unidade de Informação Financeira (UIF) sustentou que Moral emitiu duas faturas por essa cifra antes da tentativa de magnicídio. Um Reporte de Operações Suspeitas (ROS) sugeria que havia números que não fechavam”.
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Há referências precisas sobre o 22 de agosto passado quando se recebeu dinheiro em transferência do mesmo fideicomisso de Caputo Hermanos
Pergunta chave
A pergunta chave é por que contratariam uma carpintaria recém instalada – com seu dono que assegurou haver aprendido essa profissão pela Internet e para fazer mesas de luz, outros móveis como mesas pequenas – quando o podia fazer qualquer carpintaria na própria província, barateando os custos. Resulta que agora foram encontrados uma quantidade de pagamentos que não condizem com o “trabalho realizado”.
“Os dois fideicomissos que efetuaram os pagamentos são de Caputo Hermanos: se chamam Santa Clara al Sur e Espacio Añelo. São dois com os que Moral, além disso, relata haver tratado”, diz o jornal, ao recordar que o uso de fideicomissos é uma ferramenta muito utilizada para ocultar pessoas que manejam um negócio e movimentação de fundos.
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Apesar de ter domicílio na Cidade de Buenos Aires, não estariam inscritos na Inspeção Geral de Justiça, inscrição obrigatória por lei, e se descreve os detalhes e as datas das faturas, que em vários casos foram cobradas depois das violentas marchas e ações ameaçadoras contra a vice-presidenta e outros funcionários do governo.
Há referências precisas sobre o 22 de agosto passado quando se recebeu dinheiro em transferência do mesmo fideicomisso de Caputo Hermanos. Isto foi só quatro dias depois da violenta marcha de tochas que o Revolución Federal fez em frente à Casa Rosada e da qual participou Brenda Uliarte, umas das detidas e processadas pela tentativa de homicídio de Fernández de Kirchner.
Não é coincidência que isso sucedesse em 22 de agosto, quando o promotor Diego Luciani anunciava a sentença pedindo 12 anos de prisão e inabilitação perpétua para Fernández de Kirchner.
Festa da extrema-direita
Imediatamente após conhecido o pedido de sentença, estes grupos e outros de extrema direita se mobilizaram para festejar diante do edifício onde vive a vice-Presidenta, provocando incidentes e detenções em 23 de agosto. Os detidos, também integrantes de Revolución Federal, Leonrado Sosa Natanael Reinstein Menin, o qual levava uma bomba molotov e já havia atirado outra, são investigados pelo juiz Ariel Lijo.
O acompanhamento de todas as mensagens dos celulares que estão sendo periciados demonstram a mobilização destes grupos que nessas horas, diante da decisão do promotor Luciani, se sentiram estimulados para violentar a cidade.
A ideia de matar a vice-presidenta era um tema do dia para esses grupos. Só basta escutar as mensagens entre Brenda Uliarte e Fernando Sabag, já acusados pela tentativa de assassinato e outros delitos, e ao mesmo tempo entre Brenda e Gabriel Carrizo.
Três dias depois, Morel a seu grupo falava de atacar tanto o presidente Alberto Fernández como a Máximo Kirchner… O passo dado é muito forte pelos nomes implicados e porque o caminho está levando às portas dos responsáveis intelectuais e os financiadores.
A lista de transferências demonstra que isto se deu coincidentemente com ações de extrema violência, e os contatos desses grupos como o Revolución Federal e outros revelam que por trás há uma organização chave. Embora a demora seja evidente, como certa indolência. Mas os defensores de Fernández de Kirchner acumulam dados e provas. Há alguns especialistas que mencionam que quando isto explodir de verdade será um verdadeiro DIA D.
Stella Calloni | Colaboradora da Diálogos do Sul desde Buenos Aires.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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