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Exército brasileiro acerta ao não promover uma guerra na Venezuela a mando de Trump

A estratégia do Império, nesta etapa de ditadura do capital financeiro, é a implantação do caos. Estão repetindo na Venezuela o que fizeram na Líbia
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

O Exército brasileiro fez a avaliação correta ao não aceitar intervir na Venezuela. O erro de avaliação dos Estados Unidos — de que seria fácil derrubar Nicolás Maduro – foi observado pelo Pentágono, o ministério de todas as guerras dos EUA e pela mídia especializada deles. Impressiona que governo e mídia brasileira continuem insistindo em atuar como papagaio de Donald Trump.

O que houve na Venezuela foi, sob todos os pontos de vista, uma enorme ilegalidade, uma aberração das relações internacionais. Chamam Maduro de ditador, como se esse fosse o sobrenome dele. Lá, o opositor se autoproclama presidente, faz passeata, comício, tenta dar um golpe de Estado e ainda está livre. Isso realmente só poderia acontecer num país com excessiva liberdade. Na Espanha ou no próprio Estados Unidos isso resultaria em pena de morte.

Esse sujeito, Juan Guaidó, financiado pelos Estados Unidos, está há meses seguidos subvertendo a ordem, gozando de uma liberdade injustificável. No último feito, promoveu uma intentona golpista e a mídia o protege e ainda desqualifica o governo legalmente constituído, eleito em eleições observadas internacionalmente. O golpista é a legalidade e o governo é a ditadura. Dá pra entender?

Aqui, no Brasil, um governo de ocupação que chegou ao poder pela fraude e abuso do poder econômico não deixou seu opositor concorrer às eleições e o mantém preso, ilegalmente sob todos os pontos de vista, e, para a mídia, aqui há democracia, lá ditadura. Dá pra entender?

Que ditadura é essa que deixa a oposição fazer todo tipo de estripulias? Que democracia é essa que mantém preso o principal adversário político?

A estratégia do caos

A estratégia do Império, nesta etapa de ditadura do capital financeiro, é a implantação do caos. Estão repetindo na Venezuela o que fizeram na Líbia. Armaram, financiaram e treinaram contrarrevolucionários e mercenários para iniciar uma guerra civil. Muammar al-Gaddafi era muito forte, líder de uma revolução verdadeira, amado e respeitado por seu povo. Não foi possível desestabilizar.

O que fez o Império? Mandou a França fazer o serviço sujo e o fez. Afinal o prêmio seria… Petróleo!

O castigo foi severo, afinal, Ghaddafi tinha que pagar caro pela ousadia de desafiar o Império e suas colônias. Só um país colonizado se prestaria a cometer tamanho genocídio. Não só assassinaram o líder como acabaram com o país.

Não sobrou pedra sobre pedra da Líbia bombardeada seguidamente pela França. Os líderes mortos, os bandos de mercenários soltos, saqueando, mantendo um clima de guerra civil constante: o caos. Enquanto isso, o petróleo e o gás saqueado à vontade pelas petroleiras europeias.

Está mais que óbvio que estão apostando em desencadear uma guerra civil na Venezuela. Num certo momento estavam contando com a Colômbia para fazer o serviço sujo, não deu certo. 

De repente, a família Bolsonaro chega ao poder repetindo os discursos de Trump com relação à Venezuela. Está claro que Trump apostou que com os homens de Olavo de Carvalho e de Steve Bannon no poder no Brasil, seria fácil ter quem fazer o serviço sujo. 

Fará o Brasil o serviço sujo?

O pior é que tem quem na sociedade brasileira apoie a ideia de invadir a Venezuela. São os mesmo que queriam invadir a Bolívia quando o Evo Morales nacionalizou o petróleo e o gás, e as empresas estrangeiras tiveram que voltar a suas casas, entre elas a Petrobras.  

Erro de avaliação

Dissemos desde o início que há uma relação estreita entre os oficiais brasileiros e venezuelanos, acordos de cooperação em várias áreas: cursos, treinamento, comunicação, inteligência. Igualmente existem poderosos interesses econômicos com participação brasileira no planejamento e execução de grandes obras e de exploração de ingentes riquezas minerais.

A fronteira entre os dos países na região Amazônica é extensa e área de circulação de povos Yanomami. 

O que menos interessa à Segurança brasileira é uma guerra num país vizinho e menos ainda uma invasão por tropas imperiais.

Lá o poder real está nas Forças Armadas, Maduro é circunstancial. Aqui também, o poder real está nas Forças Armadas. Se não, o que fazem os oito generais, um almirante e um brigadeiro no Palácio, escoltados por 100 outros oficiais ocupando os mais diversos cargos?

Na Venezuela o poder foi legitimado pelo voto e tem a garantia do povo armado.

O que não está claro aqui, é até quando esses 110 oficiais das Forças Armadas seguirão batendo continência para um capitão que foi expulso do Exército por tentativa de atentado e é assessorado por um bando de loucos e fanáticos.

O vice-presidente dos Estados Unidos deixou claro que para eles só importam os 5 ou 2% da população que não se importam que eles ocupem os poços de petróleo. O que querem é o petróleo.

Enquanto s Estados Unidos patrocinavam a intentona de golpe na Venezuela, Ernesto Araújo, agente estadunidense que ocupa o Itamaraty, estava em Washington reunido com Mike Pompeu e John Bolton, secretários de governo e de segurança de Trump.

Fazendo o quê? 

*Paulo Cannabrava Filho é editor da Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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