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“Existe um golpe de Estado na Bolívia, falemos claro e sem mentiras”, diz Fernández

O presidente argentino eleito destacou a assistência oferecida pelos presidentes do México, Peru e Paraguai por “haverem ido em socorro do agredido”
Stella Calloni
La Jornada
Buenos Aires

Tradução:

O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández reiterou que na Bolívia se consumou um “golpe de Estado”, e ademais expressou sua “eterna gratidão” ao chefe de Estado mexicano, Andrés Manuel López Obrador, por oferecer asilo político a Evo Morales, e abrir sua embaixada para auxiliar os perseguidos políticos.

“Existe um golpe de Estado, para que ninguém se confunda, para que falemos claro e sem mentiras. E para que depois cada um se responsabilize pelo que diz”, sustentou também esta noite no lançamento de um livro no Centro Cultural de Cooperação, ao destacar que a América Latina vive “um dia aziago” porque “na Bolívia se interrompeu a democracia”.

Destacou a assistência oferecida pelos presidentes do Peru, Martín Vizcarra, e do Paraguai, Abdo Benítez, por “haver ido em socorro do agredido”, em referência a Morales, com os quais se comunicou telefonicamente domingo à noite, horas depois da renúncia imposta pelos chefes das Forças Armadas. 

O presidente argentino eleito destacou a assistência oferecida pelos presidentes do México, Peru e Paraguai  por “haverem ido em socorro do agredido”

Twitter / Reprodução
O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández

Fernández agradeceu também ao presidente peruano por haver habilitado o espaço aéreo de seu país para que um avião mexicano pudesse aproximar-se para recolher a Evo Morales e membros do seu entorno político.

Em sua intervenção houve uma crítica diante da atitude do governo de Mauricio Macri, que desconhece o golpe de Estado e fala de uma “crise política”, o que foi respondido tanto por uma associação de diplomatas de carreira como pela Associação de Trabalhadores do Estado , que tem sua sede na chancelaria, rechaçando a posição oficial sobre os fatos na Bolívia.

“As coisas foram feitas de tal modo na Bolívia que terminaram gerando a crise social e um enfrentamento tão grande” que não se sabe o final, advertiu o presidente eleito. 

Fernández foi o anfitrião na Segunda Reunião do Grupo de Puebla, que coincidiu com o golpe na Bolívia, à qual ia comparecer o vice-presidente boliviano Álvaro García Linera, com quem se comunicou imediatamente depois que renunciou junto a Morales. 

A posição do governo argentino no caso do golpe de Estado na Bolívia, segundo o chanceler Jorge Faurie é uma crise já que os militares “não tomaram o poder”, custou à aliança de Juntos por el Cambio enfrentar um desacordo interno, já que a Unión Cívica Radical (UCR) rechaçou a assomada, o que também agradeceu Alberto Fernández.

“Tirar um Presidente com ações que não estão dentro do marco das regras da democracia não pode se chamar de outra forma que golpe de Estado”, escreveu o presidente eleito em sua conta do Twitter celebrando que “a UCR, com seus anos de tradição republicana, assim o entenda”.

Por outra parte, milhares de manifestantes se concentraram no Obelisco em pleno centro desta capital e marcharam com bandeiras bolivianas e a tradicional wiphala dos povos originários e com grandes cartazes de apoio a Morales, encabeçados por dirigentes de movimentos sociais, sindicais, políticos, personalidades e dezenas de milhares de integrantes da vasta comunidade boliviana aqui, e chegaram até a embaixada da Bolívia para se solidarizar. Depois foram até a chancelaria para protestar contra o governo e o chanceler Faurie por desconhecer o golpe. Também deputados da Frente de Todos visitaram o ministro para pedir que as embaixadas e consulados recebam os perseguidos pelos golpistas na Bolívia. 

*Stella Calloni, Correspondente – La Jornada – Buenos Aires.

**Tradução: Beatriz Cannabrava

***La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

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