Após amplo rechaço que se expressou principalmente pelas redes sociais, nesta última terça-feira (19) foi aprovado pelo Senado o texto-base do projeto que adia o Enem e todas as provas e vestibulares para ingressar no ensino superior público e privado.
Os vestibulares são um filtro social que serve para excluir a juventude pobre das universidades. No momento como esse que estamos passando de pandemia, onde chegamos a mil mortos em 24h é ainda mais escandaloso querer manter esse filtro social defendido pelo ministro da educação, Abraham Weintraub, um negacionista que quer levar a frente o Enem como se estivéssemos em um situação normal. Esse interesse tem como pano de fundo excluir os filhos da classe trabalhadora ao acesso as universidades.
É como disse Weintraub, o ENEM não serve para corrigir injustiças, pois essa prova já exclui a maioria dos jovens, em especial os que estudam nas escolas públicas, das periferias e que, mesmo com as cotas raciais, nega o direito a universidade especialmente à juventude negra. Nos marcos da pandemia, fez uma propaganda mandando esses estudantes “se virarem” para estudar, sem que estejam tendo aulas, acesso aos materiais de estudo e aos professores.
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Flávio Bolsonaro foi o unico senador a votar contra o adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)
Weintraub, Bolsonaro e Flávio Bolsonaro, defendem a aplicação da prova do Enem em um momento como este porque sabem que o EaD, que está sendo levado pelos pelos estados e municípios é uma falácia. Mais de 50% dos estudantes não tem acesso as plataformas e portanto a grande maioria dos estudantes das escolas públicas ficariam sem acesso a vagas nas universidades se mantivessem esse exame e isso é tudo que este governo quer.
Sofreram uma derrota acachapante no senado de 76 votos favoráveis ao adiamento do Enem contra 1 voto. Não é novidade para ninguém o quanto o filho do presidente é elitista e não tem constrangimento nenhum de expressar seu ódio aos professores e estudantes. Dia 18, o Senador postou em suas redes sociais um vídeo de uma professora que estava analisando uma charge, acusava covardemente a professora de doutrinadora.
Esses tipos de acusações contra os professores é uma marca forte desse governo que defendem uma educação tecnicista e são contra o pensamento crítico. É execrável expor professores que estão trabalhando à beira da exaustão em suas casas, fazendo videoaulas, videochamadas, preparando atividades, respondendo dúvidas através de chats, para atender minimamente os alunos.
Todos sabem que tudo o que está sendo feito, por mais boa vontade que tenham os professores, não vai chegar em todos os alunos porque não há uma democratização da internet e das ferramentas tecnológicas. A grande maioria dos alunos das escolas públicas, não tem acesso a internet, não tem computadores e muitos que tem celulares não sabem usar como uma ferramenta de estudo.
A pandemia trouxe a tona no Brasil um problema todos já sabiam, mas que o governo trata de uma forma negligente. O Ensino a Distância é uma falácia dos neoliberais, só serve para que os grande barões dessas empresas lucrem, assim como os vestibulares só servem para excluir os filhos da classe trabalhadora das universidades e tornam o ensino superior uma mercadoria que Flávio Bolsoraro quer manter entre a elite desse país.
Os estudantes que a semana passada protagonizaram através das redes sociais uma forte pressão para o adiamento do Enem, e que no ano passado protagonizaram lutas e mostram mais uma vez da força que têm. Ano passado no dia 15 de maio, os estudantes foram para as ruas contra Bolsonaro e Wentraub que cortaram verbas da educação e das pesquisas, que aliás neste momento sofrem um grande impacto pela necessidade de profissionais e recursos na nesta área.
A juventude que exige o adiamento do Enem é a mesma que sofre diariamente com a precarização mais cruel que o capitalismo pode oferecer em forma de trabalho que é a uberização, com as plataformas do Ifood, Uber Eats, entre outros. Por isso que não podemos confiar no Congresso ou no STF, mas sim nessa força para impor o AdiaENEM como parte da batalha Fora Bolsonaro e Mourão, porque este governo reserva para o futuro da juventude é a miséria, exploração e opressão e o um meio de desviar dessas mazelas é buscando ingressar na universidade.