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Foro de São Paulo: O intelectual tem que ser um combatente

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

No Palácio de Convenções de Havana durante o XXIV Encontro do Foro de São Paulo, de 15 a 17 de julho, foram debatidas as problemáticas culturais da região e os novos mecanismos de guerra de que são vítimas os países latino-americanos.

Yerelys Gil Cuervo*

O debate abordou a difícil e definitiva batalha cultural que trava a esquerda socialista e a necessidade de reencontrar o saber da História na tradição dos povos, nas culturas autóctones e diversas que conformam as nações multiculturais. Pois como disse o poeta Roberto Fernández Retamar, “tende-se a minimizar a importância da cultura e não se pode salvar uma revolução se não se salva primeiro a cultura”.

A nova guerra cultural é fiel espelho da crise do sistema mundial, crise que afeta os estados nacionais, já que projeta uma imagem virtual que passa a ser a fundamental, reinterpretando os símbolos e signos tradicionais e destroçando-os pouco a pouco.

A oficina sobre cultura e sociedade foi encabeçada pelo ministro de Cultura de Cuba, Abel Prieto Jiménez; pelo diretor do Centro de Desenvolvimento e Comunicação Cultural de Cuba, Alexis Triana; e pelo ministro de Cultura da República Bolivariana da Venezuela, Ernesto Villegas.

Uma das características fundamentais dos governos posteriores ao de Dilma no Brasil, ou ao de Cristina na Argentina consiste em desmentir a História. Entre suas primeiras medidas é fazer com que as novas gerações a esqueçam, segundo nos explicava Tristán Bauer, da Argentina. Ele também fez alusão à pirâmide de poder formada pela justiça, pelos meios de comunicação e pelos grupos econômicos. Mediante falsas promessas e estratégias de comunicação esta pirâmide se encarrega de levar ao poder governos de ilusão que nada mais trazem que miséria aos povos.

Em mais de uma intervenção ficou claro que não estamos no final de um ciclo, mas sim em um momento onde as estratégias mudaram e a solução é lutar contra as manipulações da informação. A ferramenta para enfrentar esta nova guerra é estudar os erros passados criticamente, sem temer, e mediante a cultura atrair os jovens às tradições, e falar sua linguagem, se preciso for, para chegar a eles.

O Ministro de Cultura venezuelano, Ernesto Villegas expressou que as novas estratégias devem estar dirigidas a inserir-se no novo discurso, mas sempre a partir da variedade, sempre a partir do respeito, e lutando contra a globalização que pretende nos transmitir um pensamento único e impor uma cultura banal. É importante dar atenção aos jovens, à sua incorporação em nossas tradições. É importante escutá-los, fazer com que sintam que há uma realidade além das redes sociais; demonstrar-lhes que a militância virtual é utópica, na maioria das vezes. Viver com a ilusão dos seguidores em redes é deixar de ganhar a batalha a este novo inimigo.

Nesta oficina se propôs buscar outra opção de mídia que junte informação para lutar contra os consórcios, para mobilizar os meios progressistas. Criar páginas web que dêem visibilidade a todos, um serviço que chegue tanto a comunicadores como a todos os dirigentes. Romper com as posturas da não autocrítica e da falsa perfeição; debater e polemizar mais. Escutar a juventude como jovens e não quando envelheça seu discurso, pois os jovens não são o futuro, são o presente.

Ficou claro que há que definir posturas e que nesta situação de guerra o intelectual tem que ser um combatente a mais; se não for assim, teremos perdido a guerra.

*Original de La Jiribilla – revista cultural cubana – direitos reservados

 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
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