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Foro de São Paulo reúne em La Habana

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Olando Oramas León*Foro-de-Sao-Paulo-2

O Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo se reunirá em La Habana entre os dias 29 e 30 de abril, em um momento considerado “transcendental para América Latina” segundo o anfitrião Roberto Regalado. O Foro se reúne em Cuba por solicitação dos partidos membros para conhecer de primeira mão o que se denomina “atualização do modelo socialista”, levada desde antes e depois do VI Congresso do PCC em abril de 2011.

O Foro de São Paulo está no vórtice das batalhas políticas na América Latina, afirma Regalado. Destaca que sua beligerância explica o apoio a Cuba no enfrentamento ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos durante mais de cinco décadas. E também que o Grupo de Trabalho estivesse em Caracas para apoiar energicamente a Revolução Bolivariana e a eleição de Maduro.

Sabia-se que a oposição venezuelana não reconheceria a vitória de Maduro quaisquer que fossem as diferenças. “Imagine-se a presença de Henrique Capriles Radonski na União de Nações Sul-americanas, na Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América, no Mercado Comum do Sul, na Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos… Seria a quinta coluna de Washington contra a integração, asseverou Regalado.

Informou que a reunião de La Habana é preparatória ao XIX Encontro do Foro que transcorrerá em agosto em São Paulo. “Será outro momento para renovar a solidariedade com Venezuela e rechaçar as articulações golpistas e desestabilizadoras”, considerou.

Também se formularão apoio a independência de Porto Rico e com a causa argentina pela soberania sobre as ilhas Malvinas, acrescentou Regalado que é professor do Centro de Estudos Hemisféricos e sobre Estados Unidos da Universidade de La Habana.

O Foro reúne as organizações progressistas e de esquerda do continente. Entende que “se trata de um agrupamento político sui generis por que abriga todas as correntes da esquerda latino-americana”.

Recordou que esse agrupamento de partidos políticos nasceu em julho de 1990, quando da queda do Muro de Berlim e se vislumbrava o desmanche da União Soviética. Nesse momento todas as correntes da esquerda continental estavam sob o impacto pela mudança na correlação mundial de forças favorável ao imperialismo.

Acrescentou que era evidente que se produziria uma mudança brusca nas condições e características das lutas populares. A questão era como reorientarmos, como retomar a ofensiva. Tais circunstâncias explicam que se tenha dado as condições para que correntes da esquerda que não se tratavam entre si, coincidissem na recomposição de novas alianças.

“Ocorre a convergência das diversas correntes socialistas, trotskistas, estalinistas, guevaristas, cristãos da libertação, etc., que ainda se arrastavam em debates históricos, sobre se Joseph Stalin, sobre se os chineses, ou se os soviéticos, coisas que os dividiam. Porém isso passou para um segundo plano”, considerou.

Rememorou que a primeira reunião ocorreu no hotel Danúbio, em São Paulo, “que já não existe, mas o Foro percorreu um longo caminho que nos levou às batalhas políticas de hoje”.

“Todo mundo se deu conta de que não se esgotou a agenda em São Paulo e se decidiu realizar uma segunda reunião no México, com um grupo coordenador, integrado pelo PT do Brasil, o PCC de Cuba, o Partido da Revolución Democrática, do México, e se convidou a Frente Sandinista. No processo de organização nos certificamos de que estávamos criando uma organização. Foi um parto difícil”.

Qualificou de transcendente o IV encontro realizado em La Habana em 1993, presidido por Fidel Castro. Foi quando se incorporaram a região do Caribe e outros movimentos e partidos políticos, até 116, a cifra mais alta de participantes alcançada.

Na Declaração de La Habana o Foro se define como antimperialista e anti-neoliberal. É sua identidade. Também aprovaram as normas de funcionamento e as atribuições do Grupo d Trabalho.

Para o representante do PCC o Foro vive hoje um momento transcendental, marcado pela “aliança estratégica entre o Mercosul e a Alba. É evidência de como evoluiu a correlação de forças no continente.

“O Mercosul foi formado no neoliberalismo. Basta com recordar seus fundadores: Carlos Menen, Luis Alberto Lacalle, Collor de Melo e o general Andrés Rodríguez, do Paraguai, em plena doutrina Bush”.

Recorda ainda como a partir de 2002 há um reviravolta com a chegada de Lula ao poder, depois Néstor Kirchner, Tabaré Vázquez, Fernando Lugo, e assim até o golpe de estado no Paraguai e o ingresso da Venezuela, que logo assumirá a presidência pro tempore do Mercosul. “Esta aliança estratégica Mercosul-Alba se expressa com o ingresso d Cuba ao Grupo do Rio e sua incorporação plena nas organizações regionais, incluindo o levantamento das sanções da OEA, uma derrota sem precedentes para Washington”.

Considera que há uma mudança na composição do Foro, na qual obviamente o peso fundamental dos partidos que tem presença nos governos da região. Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e outros países têm o que ensinar. O Foro é um laboratório onde germinam muitas das idéias que hoje os governos estão executando, concluiu.

*Da redação nacional de Prensa Latina para Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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