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Fórum Econômico Oriental evidenciou aliança histórica jamais vista na Ásia

A nova composição geopolítica que devemos entender, para podermos sobreviver
Enrique Juan Box
Diálogos do Sul Global
Buenos Aires

Tradução:

Do golpe que instituiu a fuga dos EUA do Afeganistão, com a OTAN como o último vagão do trem e diante do rápido reacomodamento de fichas na Ásia, em torno ao país hoje dominado pelos talibãs, EUA dá outra braçada de afogado com a venda de submarinos atômicos à Austrália, sem qualquer acordo com a OTAN, nem com a França em particular, que era a que vinha trabalhando essa venda. E assim termina por rifar a unidade dessa organização militar (de imediato, a França já retirou embaixadores dos EUA e da Austrália).

Desta forma, a britânica cerra filas em um bloco puramente anglo, expondo esta aliança para assegurar sua incidência na Ásia (embora a Austrália esteja em outro continente). E de passagem prejudicar a França que já não poderá vender seus submarinos à Austrália, pois agora, de surpresa, os venderá aos EUA.

Isto acontece imediatamente depois e como consequência de Putin ter consolidado a unidade asiática na quinta edição do Fórum Econômico Oriental que teve lugar na Rússia no início deste mês, com a participação de mais de oito mil e quinhentas pessoas de sessenta e cinco países, duplicando a participação do primeiro fórum. 

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Nessa oportunidade não apenas foi reforçado o Tratado de Boa Vizinhança, Amizade e Cooperação com a China, mas além disso, somaram outros acordos como o da Interação Estratégica e da Cooperação Prática Integral, segundo afirmou o próprio Xi Jinping em teleconferência, atirando por terra os planos do “ocidente” de dividir os dois gigantes. 

Mas além disso, a Índia teve a participação especial de seu Primeiro-Ministro Narendra Modi, que levou a palavra “sangam” (unidade- confluência) atribuindo-a à cidade russa de Vladivostok (extremo oeste da Rússia, com fronteira com a China e a Coreia).

Entre muitas ponderações assegurou: “a Índia agirá como um sócio confiável para a Rússia”, qualificando como “especial e privilegiada a sua associação com a Federação Russa” isto em um contexto no qual o comércio entre Índia e Rússia já não se realiza em dólares.

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Também fez um reconhecimento a respeito de quanto a Rússia ajuda a Índia e  afirmou que em reciprocidade, a Índia colaborará na abertura da rota do Mar do Norte, para o comércio internacional, selando sua intervenção com que “a amizade entre a Índia e Rússia resistiu à prova do tempo” e firmando com Putin, “que sempre foi um grande amigo da Índia e é sob sua liderança que nossa associação estratégica continua crescendo e ganhando força”, saudando com um muito russo “spaciba” (obrigado).

Certamente os apetites britânicos pela Índia caíram por terra e dessa brincadeira não saíram ilesos. 

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marinha do brasil
França que já não poderá vender seus submarinos à Austrália

Fórum Econômico Oriental

Até o Japão fechou acordos comerciais neste mesmo fórum.

O que ocorreu nesse quinto Fórum Econômico Oriental, silenciado por nossos meios, consolida a potencialidade do continente que alberga a cinco dos sete bilhões de habitantes da terra e torce o braço ao chamado “ocidente”, pois enquanto ali a OTAN balança e são retirados embaixadores, na Ásia se consolida um enorme bloco jamais visto na história.

Se bem que entre a Índia e a China pipocam alguns conflitos fronteiriços (menores em comparação aos enormes interesses comerciais e à tradição cultural, religiosa e filosófica do budismo por exemplo). A Rússia, e em particular Putin, tem uma inquestionável e enorme liderança para garantir a unidade, a paz e a coordenação de ações em todos os campos.

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Enquanto na Ásia se fala de paz, desenvolvimento, cooperação e luta contra a miséria, no “ocidente” ocorre o contrário. Principalmente nos Estados Unidos (à beira do default: havendo solicitado um novo “teto de dívida” da bagatela de 28,5 trilhões de dólares para evitar o default) e no reino unido, o debate é como continuar a guerra para continuar dominando e tirando vantagem com a exportação de seu abstrato produto: a democracia que destrói e mata para libertar, embora nunca o tenha conseguido.

De imediato, os afegãos não parecem ter opções, porque depois de vinte anos de ocupação dos que te matam para libertar-te, cinquenta mil civis assassinados e trilhões de dólares “investidos”, agora enfrentam a ameaça de nada menos que quatro milhões de mortos ou mais neste inverno, pela gravidade da fome que padecem catorze de seus trinta e oito milhões de habitantes, abandonados que foram pelo “ocidente”.

Já no âmbito de nosso continente e depois da CELAC, a Rússia convoca os líderes latino-americanos, comunicou María Zakharova (Diretora do Departamento de Informação e Imprensa do Ministério de Assuntos Exteriores da Federação Russa), para uma iminente (talvez hoje mesmo) reunião com Sergei Lavrov, o Ministro de Relações Exteriores de Putin.

Como podem ver, o mundo já não é o que nos contava Hollywood mentirosamente. Só a propaganda nos pode fazer acreditar que o centro do mundo e da história da humanidade são a Europa e seu mar Mediterrâneo. A Europa não chega aos setecentos e cinquenta milhões de pessoas, mas como já expressei… na Ásia são cinco bilhões e uma cultura milenar que revira qualquer pretensão eurocentrista. No rigor da verdade e proporções, a humanidade se encontra na Ásia. 

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Nosso líderes sabem disso e se não estão providenciando as mudanças necessárias e convenientes para sair da criminosa estafa do “ocidente”, talvez nem sequer seja porque não queiram, mas sim porque estão sujeitos pelos pelinhos,…digamos do “nariz”, extorquidos e ameaçados da revelação de seus segredinhos inconfessáveis. 

Então… pelo menos saibamos nós, para apontar certeiramente com o que temos para lhes exigir. 

Enrique Box, o Ovelho Negro, colaborador de Diálogos do Sul, desde Buenos Aires.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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