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França e EUA têm desenvolvido ação descarada de ingerência e chantagem contra Líbano

O país está na encruzilhada do Oriente Médio, sofrendo direta e indiretamente a ação do imperialismo norte-americano e dos seus aliados
Pedro Guerreiro
i21
São Paulo (SP)

Tradução:

A destruição causada pela explosão e os amplos problemas que criou e que exigem urgente resolução estão a ser utilizados, em especial, pelos EUA e pela França – antiga potência colonial – para incrementarem a sua política de ingerência contra o Líbano, com a ativa cumplicidade de setores e forças políticas libanesas, sendo uns e outros, afinal, os principais responsáveis pelos graves problemas com que o povo libanês se tem confrontado ao longo de décadas.

O Líbano está na encruzilhada do Oriente Médio, sofrendo direta e indiretamente a ação do imperialismo norte-americano e dos seus aliados, particularmente de Israel, nesta região. Recorde-se que o Líbano sofreu diversas intervenções militares dos EUA e de Israel – que chegou a ocupar militarmente o Sul do Líbano (1982-2000) –, imiscuindo-se na sua situação interna, incluindo durante o longo período de guerra civil (1975-1990) que martirizou aquele país. Atualmente, em resultado da agressão e ocupação dos territórios palestinos por Israel e da agressão dos EUA e seus aliados à Síria, estão registados cerca de 475 mil refugiados palestinos no Líbano e estima-se que este país acolha cerca de 1 milhão de refugiados sírios.

O imperialismo não perdoa o posicionamento soberano de autoridades e forças patrióticas do Líbano e a perseverante solidariedade de forças políticas libanesas para com a resistência do povo palestino e do povo sírio face à agressão e ocupação.

O país está na encruzilhada do Oriente Médio, sofrendo direta e indiretamente a ação do imperialismo norte-americano e dos seus aliados

Reprodução: Flickr
A explosão no Líbano ocorre num momento em que o país debate como combater a Covid-19

Os EUA têm desenvolvido, com a cumplicidade da França, uma descarada ação de ingerência e chantagem, incluindo com a imposição de sanções, atingindo gravemente o sistema financeiro e a economia do Líbano, tentando assim determinar a política do País dos Cedros, incluindo com a exigência do fim da participação do Hezbollah no Governo libanês – força política que teve um papel determinante na derrota da agressão israelita contra o Líbano, em 2006, e que apoia ativamente e no terreno a Síria face à agressão.

De forma cínica, os principais responsáveis (internos e externos) pela grave situação econômica e social no Líbano, procuram utilizar o drama vivido pelo povo libanês e instrumentalizar legítimas reivindicações e anseios populares – nomeadamente quanto à melhoria das condições de vida, ao combate à corrupção sistêmica e ao fim do anacrônico sistema confessional libanês –, julgando estarem criadas as condições para levarem ainda mais longe a sua agenda contrária aos direitos e interesses do povo libanês. 

Se os EUA efetivamente desejassem apoiar o Líbano, bastaria que levantassem as sanções financeiras que impuseram contra este país, por este se recusar a romper os seus laços com a Síria.

Solidariedade não é ingerência. O povo libanês necessita de solidariedade face à sua difícil situação, não de pressões e chantagens. São complexos e profundos os problemas com que o povo libanês se confronta, a sua superação exige o respeito pela sua soberania e pelo seu direito ao desenvolvimento econômico e progresso social.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Pedro Guerreiro

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