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ToggleCuba enviou brigadas médicas a diversas regiões do mundo para prestar ajuda frente à pandemia da Covid-19, mas a ilha não pôde receber alguns recursos necessários porque os Estados Unidos bloquearam a chegada desses carregamentos.
Esta situação provocou o repúdio da comunidade internacional e de numerosas organizações multilaterais, como, por exemplo, as Nações Unidas.
No início deste mês, o coordenador da ajuda de emergência da ONU, Mark Lowcock, apelou a que sejam revistas as medidas coercitivas unilaterais impostas a diversos países, como é o caso do bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba.
Ante uma pergunta enviada por Prensa Latina mediante correio eletrônico, o alto funcionário das Nações Unidas disse em um encontro virtual que todos os Estados devem ajudar-se em meio à pandemia da Covid-19.
Nações Unidas
O coordenador da ajuda de emergência da ONU, Mark Lowcock
Apelo
A ONU considera que é necessário assegurar que nenhuma sanção resulte em consequências que obstaculizem ou tornem ainda mais difícil o enfrentamento da pandemia, afirmou Lowcock.
“Esperamos que todos os países revejam as medidas que impuseram”, completou.
O coordenador da ajuda de emergência da ONU reconheceu, ainda, o trabalho realizado pelos profissionais cubanos da saúde em numerosos países, qualificando-a como um exemplo de solidariedade global.
O valioso apoio dado por Cuba
A secretária geral adjunta das Nações Unidas, Amina Mohammed, também destacou o valioso apoio dado por Cuba à luta contra a pandemia.
Durante uma sessão informativa virtual da Aliança de Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, enquanto revia os efeitos do novo coronavírus e as ações globais para combatê-lo, enfatizou a contribuição solidária de Cuba e de suas brigadas médicas.
Tais ações unem-se aos esforços mundiais para combater a atual crise sanitária e salvaguardar as vitórias das Nações Unidas e de seus Estados-membros, acrescentou.
Fim do bloqueio
Enquanto isso, relatores especiais da ONU afirmaram que os Estados Unidos devem levantar o bloqueio a Cuba, cerco que obstrui respostas humanitárias para apoiar este país caribenho no combate à Covid-19.
Por meio de um informe difundido no final de abril, especialistas em direitos humanos das Nações Unidas instaram o Governo estadunidense a retirar as medidas que estabelecem barreiras comerciais contra Cuba.
Também pediram a Washington que proíba as taxas, as cotas e as medidas não alfandegárias, “inclusive as que impedem financiar a compra de medicamentos, equipamentos médicos, alimentos e outros bens essenciais”.
Os relatores da ONU disseram que Washington ignorou os repetidos apelos para que suspendam as sanções que restringem a capacidade de Cuba e de outros países de responder eficazmente à pandemia e salvar vidas.
“Na emergência pandêmica, a falta de vontade do Governo dos Estados Unidos para suspender as sanções pode levar a um maior risco de sofrimento em Cuba e em outros países afetados por suas sanções”, indicaram os técnicos da ONU.
Impactos do bloqueio e urgências
Desde o começo da pandemia, o impacto do bloqueio estadunidense contra Cuba impõe uma carga financeira adicional, um tempo maior de viagem das mercadorias devido à impossibilidade de obter insumos, reagentes, equipamentos e medicamentos para o diagnóstico e tratamento da doença diretamente dos Estados Unidos, explicaram.
Tudo isso limita a efetividade da resposta e atrasa o desenvolvimento de tecnologias da saúde devido às dificuldades de acesso, acrescentaram os relatores, que fazem parte do que se conhece como procedimentos especiais do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Também explicaram que o bloqueio comercial e financeiro dos Estados Unidos contra Cuba e as sanções a outros países afetam seriamente a cooperação internacional para frear a pandemia, tratar os pacientes e salvar vidas: “Este é um assunto de suma importância e grande urgência”.
Devido a esse mecanismo, a exportação e reexportação de bens a Cuba requer um processo de licenças demorado e custoso, que pode levar vários meses, o que prejudica a eficiência na compra de medicamentos, equipamentos médicos e tecnologia.
Apesar das atualizações de 16 de abril último na folha de dados do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos Estados Unidos, que dá orientação sobre as isenções humanitárias (incluídas as de Cuba), estas não aliviaram nem mudaram os procedimentos onerosos, advertiram os técnicos da ONU.
Cuba mostra solidariedade, os EUA bloqueiam
Cuba enviou milhares de seus médicos a nações ricas e pobres do mundo para apoiar a luta contra a Covid-19, enquanto os Estados Unidos bloquearam a chegada à ilha de equipamento médico e doações solidárias.
Assim denunciou em sua conta oficial no Twitter a representante permanente alternativa de Cuba nas Nações Unidas, Ana Silvia Rodríguez.
Equipamentos, remédios, insumos, alimentos e combustível foram enviados de outros países em solidariedade com o povo cubano frente à pandemia, mas o bloqueio estadunidense impede que cheguem à ilha, informou.
E mais, afirmou, esse cerco é o principal empecilho para a compra de material requerido para enfrentar a pandemia, assim como proporcionar e receber ajuda internacional.
A embaixadora deu como exemplo o que aconteceu com o gigante chinês de comércio eletrônico Alibaba, que realizou uma doação de insumos médicos para combater a Covid-19 e esta não pôde chegar a Cuba devido ao bloqueio.
O uso de sanções como instrumento de política exterior é inadmissível durante uma pandemia, destacou a diplomata, apelando a priorizar o espírito de cooperação, multilateralismo e solidariedade ao enfrentar a propagação do novo coronavírus.
Cuba poderia fazer muito mais
Quanto a isso, lembrou os contínuos pedidos do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para aumentar a solidariedade e a cooperação no enfrentamento à pandemia da Covid-19.
Apesar do bloqueio estadunidense, ressaltou Rodríguez, Cuba continuará dando seu apoio solidário ao mundo e “poderíamos fazer muito mais se fosse levantada esta política genocida”.
Mais de 2500 profissionais da saúde de Cuba pertencentes ao contingente internacionalista Henry Reeve prestaram serviços em 24 países para fazer frente à pandemia, de acordo com cifras oficiais.
A este empenho também somam-se os mais de 28 mil colaboradores cubanos que trabalham em 59 nações do mundo.
Desde que a Covid-19 começou a expandir-se pelo planeta, as autoridades da ONU e de outras instâncias internacionais pediram que fossem levantadas as sanções e medidas coercitivas unilaterais contra países como Cuba, Venezuela, Síria e Irã.
Os Estados Unidos, longe de suavizar as restrições, endureceram-nas, acrescentando novas medidas coercitivas unilaterais.
Ibis Frade, Correspondente de Prensa Latina nas Nações Unidas.
Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Ana Corbusier
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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