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Geopolítica, inteligência, estratégia e diplomacia – Do estigma ao paradigma – I

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Acilino Ribeiro*

Termos e conceitos como Geopolítica, Inteligência, Estratégia, desenvolvimento nacional, praticamente desapareceram das pautas para debate dos movimentos sociais e partidos políticos. Mais que isso, foram demonizados, estigmatizados para dar lugar ao pensamento único do neoliberalismo que rege a ditadura do capital financeiro no âmbito mundial.

Até entre intelectuais tidos, ou autoproclamados, de esquerda, com grande aceitação nos meios acadêmicos, corroboraram para desqualificar o pensamento crítico, asseverando a morte do marxismo, da história e da própria criatividade humana, submissos e servis às formulações dos teóricos a serviço do império. As consequências tem sido as mais danosas. Assim sendo, no intuito de recuperar os valores contidos nessas expressões iniciamos a publicação de estudo de Acilino Ribeiro, nesta primeira parte em que aborda a Geopolítica e Inteligência, temas mais que oportuno quando se vê por toda parte vilipendiada a soberania nacional.

Geopolítica: Origens históricas, fundamentos teóricos e perfil biográfico dos pensadores da Geopolítica.

Neste contexto e definindo primeiro a GEOPOLÍTICA, e de acordo com o pensamento moderno de alguns geopolíticos de reconhecida capacidade, em especial nos estudos da Ciência Política e das Relações Internacionais, o neologismo “Geopolítica” foi usado pela primeira vez por Rudolf Kjellén (1846-1922). Famoso jurista sueco, também professor de Ciência Política e História, que em 1899 escreveu para a revista Ymer um ensaio intitulado Studier Över Sveriges Politiska Gränser, onde originalmente o termo foi usado.

Já um dos maiores estudiosos brasileiro da Geopolítica, José William Vesentini (2000), em pesquisas históricas e cientificas recente afirma que a primeira conceituação de Geopolítica, realizada pelo próprio Kjellén, estar no ensaio AS GRANDES POTÊNCIAS, escrito em 1905, onde ele conceitua uma “análise do Estado como agente apropriador e controlador do espaço geográfico”.  Por volta do ano de 1916, Kjellén publica L´ÉTAT COMME FORME DE VIE, e desta vez conceitua a Geopolítica como sendo a “Ciência do Estado, enquanto organismo geográfico, tal qual se manifesta no espaço” (Kjellén, 1916 CHAUPRADE, 2001, p. 29). Tal expressão vem a se tornar famosa na medida em que passa a ser usada pelos principais ideólogos de todas as correntes da Geopolítica Mundial.

Diversos “Geopolíticos” da modernidade conceituam e definem a Geopolítica com pouca diferença no conteúdo ou mesmo em sua essência, não obstante essa ser apenas semântica:

Demétrio Magnoli define a Geopolítica como sendo: “a ciência que concebe o Estado como um organismo geográfico ou como um fenômeno no espaço”. (02) MAGNOLI, Demétrio (1986). O que é Geopolítica: São Paulo, SP.

Bertha Becker subjetivamente nos apresenta uma definição mais ampla, afirmando que:

“A geopolítica sempre se caracterizou pela presença de pressões de todo tipo, intervenções no cenário internacional desde as mais brandas até guerras e conquistas de territórios. Inicialmente, essas ações tinham como sujeito fundamental o Estado, pois ele era entendido como a única fonte de poder, a única representação da política, e as disputas eram analisadas apenas entre os Estados. “Hoje, esta geopolítica atua, sobretudo, por meio do poder de influir na tomada de decisão dos Estados sobre o uso do território, uma vez que a conquista de territórios e as colônias tornaram-se muito caras”.(03) BECKER, Bertha K. (2005). “Geopolítica da Amazônia”. Estudos Avançados. Vol.19, n.53, p. 71-86.

geopolitica02José Willian Vezentini a conceitua politicamente da seguinte forma:

“A palavra geopolítica não é uma simples contração de geografia política, como pensam alguns, mas sim algo que diz respeito às disputas de poder no espaço mundial e que, como a noção de PODER já o diz (poder implica em dominação, via Estado ou não, em relações de assimetria enfim, que podem ser culturais, sexuais, econômicas, repressivas e/ou militares, etc.), não é exclusivo da geografia. (04) VEZENTINI, J. W. (2008). Novas Geopolíticas. Ed. Contexto:, SP. pg. 11.

O estudo da Geopolítica surge paralelo a sua utilização, que a partir de eventuais erros que vão surgindo aparecem correções que vão se adaptando a prática militar até então onde a Geopolítica somada a Estratégia é utilizada. Assim podemos afirmar que cientificamente a Geopolítica como tal, somado a Estratégia da qual falaremos mais adiante, foi formulada a partir dos estudos de Sun Tzú, general chinês que considerado um dos maiores estrategistas da história tinha profundos conhecimentos Geografia Política e de Estratégia Militar que somados lhe deram um maior e mais ampliado conhecimento de Geopolítica.

A normatização metodológica e acadêmica da Geopolítica tal como os conceitos científicos que lhe são peculiares, foi porem ampliada a partir de conceitos definidos pelo Almirante norte americano Alfred Mahan, que a partir dos anos de 1890 já com um acumulado conhecimento estratégico somado ao da Geografia Política publica teses que vem a se somar posteriormente importantes teorias, que apesar de se tornarem perigosas idéias militares são até hoje aplicadas para o avanço imperialista das grandes potencias, em especial pelos EUA, que soma tal estratégia aos seus conceitos do Destino Manifesto.

Paralelo a estes conceitos de Mahan surge ainda no começo do século XX, mais precisamente em 1904, com o geógrafo britânico Halford Mackinder novas teorias que se contrapondo militarmente a estratégia de Mahan não são politicamente opostas, pois ambas tem um caráter nitidamente expansionista e essencialmente militarista. E é nesse contexto que no inicio do século XX surge também dentre outros de menor expressão, apesar de seus conceitos políticos equivocados, nomes que se tornam referencia na Geopolítica mundial, até o surgimento de uma nova escola com Ives Lacoste nos anos de 1970.

Assim é que podemos definir a escola onde encontramos mestres da Geopolítica, como Rudolf Kjellen, professor da Universidade de Gotemburgo e também de Uppsala; Friedrich Ratzel, que escreveu uma das principais obras da Geopolítica, Polítische Geografiphie, (Geografia Política) e considerado o pai da Geopolítica, além de nomes como Nicholas Spykman e o General alemão, Karl Haushoufer. Este um dos que mais influencia teve tanto de Kjellen como de Ratzer e também que mais influencia exerceu sobre o nazista Adolf Hitler.

Após a 2ª Guerra, com o inicio da Guerra Fria, a Geopolítica passa a ser hegemonicamente estudada e exercida pelas grandes potencias, especialmente EUA e URSS, e torna-se o termo mais usado em toda a política internacional, mas estigmatizada pelos setores progressistas pelo uso indevido dos nazistas e posteriormente a serviço do capitalismo, tornando-se uma arma do fascismo. A  esquerda equivocadamente lhe “sataniza”, não a estudando e evitando seu uso político correto. O que vem ocorrendo desde então. Razão pela qual é necessário que se fortaleça a construção de espaços de debate e pesquisas para a ampliação dos estudos estratégicos, geopolíticos, diplomáticos e de Inteligência e estes, assim possa ser devidamente aplicado ao fortalecimento dos movimentos sociais e a construção da Democracia.

Inteligência – origens históricas, fundamentos teóricos e perfil biográfico dos pensadores da Inteligência.  inteligencia-competitiva

A História da Inteligência, por mais secreta que podem ter sido seus efeitos, é tão conhecida quanto às causas que por vezes seus protagonistas tentam justificar. No entanto presume-se historicamente que mais de cinquenta por cento de suas ações, e por mais importante que seja essa atividade, as pessoas desconhecem suas atribuições, sua forma de atuar e o sistema que o rodeia.

Tanto na Bíblia como em escritos de Filósofos da Antiguidade encontraremos referencias a respeito de sua necessidade para o planejamento de ações geradas por razões políticas, econômicas e religiosas. Especialmente guerras que serviram de origem para a sistematização de suas teorias que posteriormente vieram a se transformar em ações concretas de exércitos militares e legiões de civis para atingir algum objetivo determinado por ideais políticos ou ambições pessoais.

Durante séculos a atividade de Inteligência foi formada e deformada, utilizada e comprometida; legal enquanto secreta e a serviço do Estado e da Democracia para sustentar o Estado Democrático de Direito, porem clandestina e ilegítima enquanto para servir a interesses autoritários e transformados em política de regimes totalitários.

Com o decorrer dos anos e aumentando cada vez mais a necessidade de aperfeiçoamento da Atividade de Inteligência, essa foi se constituindo como tal e uma atividade de Estado, porem essencialmente institucional caracterizada por áreas que viriam a conhecer anos depois e dividia em Inteligência de Estado, Inteligência Militar, Inteligência Policial, Inteligência Fiscal, Inteligência Previdenciária e outros ramos recentemente usados pelo setor privado, especialmente por bancos e empresas multinacionais. E aí encontramos os ramos da Atividade de Inteligência Competitiva, Inteligência Empresarial, Comercial, Industrial, etc.

Porem é importante avaliar que neste contexto não se pode esquecer que a Inteligência em si se caracteriza por dois ramos que a partir de então se subdividem. Estes dois ramos que a caracterizam são a Inteligência propriamente dita e que conceitualmente podemos definir como “a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos, dentro e fora do território nacional, sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado. (OLIVEIRA. A. 2007);

E a Contra Inteligência caracterizada como a atividade de “neutralização da Inteligência adversa” – utilizada e exercida tanto por governos como por organizações privadas”.

Segundo teóricos orgânicos, a atividade de Inteligência compreende a produção do conhecimento estratégico e de dados sigilosos, bem como a salvaguarda dos que ao Estado interessa manter em sigilo. O exercício da inteligência também requer o uso de métodos e de técnicas voltadas para a produção desse conhecimento, e permita excluir ações de caráter intuitivo e procedimentos sem indicativos racionais.

Desta forma podemos afirmar que a atividade de Inteligência tem um caráter TÉCNICO, praticamente imutável, exceto quando é obrigado a acompanhar a evolução e a revolução tecnológica que lhe permite aperfeiçoar seus métodos e novas tecnologias. E o POLÍTICO, que é a orientação que lhe é dada pelo Governo que controla o órgão de Estado que exerce a atividade.

Alguns conceitos definidos por profissionais evidenciam existir desconhecimento e confusão com relação às atividades de inteligência. Alexandre Moura Oliveira, em trabalho recentemente publicado, mostra a diferença entre alguns conceitos de atividades correlatas, mas de caráter nitidamente diferenciado. Como é o caso da Espionagem e da Contra Inteligência.

A – Espionagem – È a busca ou acesso não autorizado a dados, informações e outros conhecimentos sensíveis, ou seja, é o uso de práticas ilegais para a obtenção de dados e informações.

B – Contra Inteligência; – “É a atividade que objetiva neutralizar as ações de Inteligência ou de espionagem da concorrência. As ações de Contra Inteligência buscam detectar o invasor, neutralizar sua atuação, recuperar ou mesmo contra-atacar por meio da produção de desinformação. Os segmentos de proteção do conhecimento abrangem a segurança dos talentos humanos, das áreas e instalações, dos documentos e materiais, dos sistemas de informação, de comunicações e de informações. Este programa permite a uma organização tornar-se significativamente menos vulnerável aos concorrentes por meio da proteção da informação competitiva.” (OLIVEIRA. Alexandre. 2007);

No Brasil existe uma vasta bibliografia a qual podemos acessar para conhecer a atividade  de  inteligência  e  a  história  de  seus  órgãos.  Assim  aqui  vamos  definir  suas atividades no que está expresso na legislação em vigor (Lei nº 9.883/99) que instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência  (SISBIN), e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), como órgão central.

e atribuiu a essa Agência a missão de planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar as atividades de inteligência e contra inteligência do País, de modo a assessorar o Presidente da República com informações de caráter estratégico. A Lei determina que as atividades de inteligência deverão ser desenvolvidas com irrestrita observância dos direitos e garantias individuais, fidelidade às instituições e aos princípios éticos que regem os interesses e  a  segurança do  Estado. E  mais  importante, estabelece um  mecanismo  de controle externo das atividades da Abin, por meio de uma Comissão Parlamentar composta por membros da Câmara e do Senado.” (OLIVEIRA. Alexandre. 2007);

A atividade de Inteligência divide-se em dois ramos: Inteligência e Contra Inteligência. Conforme documentos da ABIN e de outras agencias conhecidas

inteligencia01Inteligência – É o exercício sistemático de ações especializadas voltadas para a obtenção e produção de dados e conhecimentos, visando assessorar Comandos e Governos, no planejamento, acompanhamento e execução de suas respectivas políticas e atos; decisórios. Contra Inteligência, – Consistem na identificação, avaliação e neutralização da espionagem promovida  por  serviços  de  Inteligência  estrangeiros;  Identificação, avaliação  e neutralização de ações adversas promovidas por organismos ou pessoas, “vinculadas” ou não a Governos; Salvaguarda dos conhecimentos e dados que, no interesse da segurança do Estado e da Sociedade, devam ser protegidos. www.abin.gov.br, acesso em 15.05.2013.

Neste contexto podemos adiantar que a Atividade de Inteligência tem alguns princípios básicos  os  quais  não  podem  ser  esquecido  na  ação:  dentre  os  quais:  Objetividade, Segurança, Oportunidade, Controle, Imparcialidade, Simplicidade, e Amplitude. Resumindo princípios básicos dos estudos de professores como,  Marco  Antônio  dos  Santos,  Jacinto  Franco,  Jonisvaldo  Gonçalves  Brito  e Marcus Reis e mesmo teses resumidas dos departamentos de Inteligência da Defesa e da ABIN podemos assim definir:

Objetividade; Consiste em planejar e executar as ações em consonância com os objetivos   a   alcançar   e   em   perfeita   sintonia   com   as   finalidades   da   Atividade..;

Segurança; Em todas as fases da produção, a informação deve ser protegida por grau de sigilo adequado, de forma que o acesso a seus termos seja limitado apenas a pessoas credenciadas ao seu conhecimento.

Oportunidade; O valor da informação está em sua utilização oportuna, toda informação deprecia-se com o tempo, tendo um prazo fatal, após o que poderá estar completa, porém inteiramente inútil.

Controle; A produção do conhecimento deve obedecer a um planejamento, que permita adequado controle de cada uma das fases. Requer a supervisão e o acompanhamento adequados das ações.

Imparcialidade; Uma  informação  deve  ser  isenta  de  ideias  preconizadas, subjetivismos e outra influencias que originem distorções. È imperativo que os elementos componentes da  organização não  se  deixem dominar pela  paixão ou  quaisquer outros interesses espúrios, que possam deturpar a informação produzida.

Simplicidade; A produção da informação deve evitar atividades ou ações complexas.

Amplitude; O conhecimento sobre o fato, assunto ou situação abrangido pela informação, deve ser o mais completo possível. Deve conter conhecimentos amplos e exatos, obtidos de todas as fontes disponíveis. (GONÇALVES-2010) e (SANTOS-2011).

Fugindo ás suas finalidades a Atividade de Inteligência, criada como meio de informação, prospecção de conhecimento estratégico para a elaboração de políticas de Estado, foi reduzida a ação de governos com o objetivo de criminalizar movimentos sociais e perseguir pessoas consideradas inimigas de regimes tirânicos, como foi na Alemanha nazista, como era na Guerra Fria onde o EUA dava sustentação a ditaduras militares  na  América  Latina,  no  caso  do  Brasil,  Chile,  Argentina,  Bolívia,  Uruguai, Paraguai, que culminou com a Operação Condor e ainda na África e na Ásia, com invasões

Nestas conceituações e no resumo do pensamento destes profissionais e teóricos da Inteligência, pode-se concluir que tais concepções técnicas estão corretas na medida em que afirmam que o principal objetivo da inteligência é a Produção de Conhecimento, e que esta se caracteriza como “o conjunto de procedimentos realizados pelo profissional de Inteligência, do qual resulta determinado conhecimento”.

Outro ponto importante são os Dados: conforme o pensamento dos especialistas e a produção teórica dos órgãos de Inteligência, com os quais os setores progressistas da sociedade devem aprender para se contrapor a ação nociva do Estado,  “É toda e qualquer representação de fato ou situação por meio de documento, fotografia, gravação, relato, carta, mapas e outros meios, não submetidas à metodologia para a produção do conhecimento. Em conseqüência, entende-se como dado, o componente bruto, o fato e/ou assunto ainda não trabalhado, ou seja, a matéria-prima a ser empregada na produção do Conhecimento”.  Este por sua vez podemos definimos como; “ o resultado do processamento de conhecimento e/ou dados, utilizando a metodologia específica que possibilite estabelecer conclusões sobre fatos ou situações. Assim,

“Conhecimento é o produto acabado da Atividade de Inteligência decorrente do estudo de um assunto levado a efeito por um analista de Inteligência. Um Conhecimento de Inteligência, em princípio, é produzido para atender as necessidades especificadas pelo chefe, diretor, comandante, da Organização ou instituição, nos diversos níveis em sua área de responsabilidade”. (GONÇALVES e REIS -2010) e (SANTOS e FRANCO-2011).

De acordo com o pensamento de quem exerceu essa atividade,  o conhecimento de Inteligência deve ser produzido observando as seguintes situações, conforme fundamentos de estudos produzidos por Marco A. Santos e Jonisvaldo Gonçalves;

-1. Em atendimento a um plano de Inteligência ou Plano de Operações do Escalão Superior;

2..- Em atendimento a um pedido ou Ordem específica;

3.- Por iniciativa da Agência. O método para a produção de Inteligência obedece a cinco fases que são: Planejamento, Reunião; Análise e Síntese;  –  Interpretação;  – Formalização  e Difusão; Resumidamente podemos conceituar o pensamento dos órgãos de Inteligência da seguinte forma; observando que os mesmos caracterizam suas ações em:

Planejamento; Que determina o fato ou situação, objeto do conhecimento a ser produzido. Define através de forma oral ou escrita, “O que?”, “Quem?”, “Onde?”. Nesta fase o assunto poderá ser provisório, podendo ser redefinido. Estabelecer limites no tempo para o assunto considerado. Determinar a sua abrangência e as necessidades do usuário. Procurar identificar a autoridade ou órgão usuário. Verificar o tempo disponível para a produção;

Reunião; Nesta fase o  analista obtém e  reúne conhecimentos ou  dados pertinentes ao assunto da informação a ser produzida, processados ou não. Dois tipos de atividade são desenvolvidos nesta fase: a Coleta e a Busca. Coleta; É a pesquisa ostensiva sobre um assunto catalogado. São aqueles assuntos que estão disponíveis nos arquivos, bibliotecas etc., são aqueles conhecimentos ou dados de livre acesso a quem procura obtê-los.

Busca; É a procura de conhecimento de obtenção mais difícil, pois exige uma investigação. A busca pode ser Ostensiva ou Sigilosa. As ações de Busca em princípio devem ser de natureza ostensiva. Na Busca Sigilosa, o órgão de Inteligência, procura ocultar ao máximo a sua participação. Normalmente na Busca Ostensiva, o Órgão de Inteligência aciona o seu elemento de operações. A Busca pode ser também Sistemática e Exploratória: A Busca Sistemática – caracteriza-se por ser contínua, produzindo um fluxo constante de conhecimentos e acompanha a evolução de um assunto. Trata-se de uma atualização e/ou aprofundamento de conhecimento sobre um assunto em questão. A Busca Exploratória – visa atender necessidades imediatas de um conhecimento específico sobre determinado assunto. Normalmente é feita através de uma operação de Inteligência, montada com o fim específico de  obter o  conhecimento desejado.

Análise e  Síntese; Estas  se  caracterizam assim: A Análise consiste na decomposição dos dados e/ou conhecimentos reunidos em suas partes constituintes, examinando cada parte do todo, tendo em vista conhecer sua natureza, suas proporções, suas funções, suas relações, etc… A Síntese é a operação que procede do simples para o complexo, reunindo elementos concretos ou abstratos em um todo, compondo um conhecimento coerente.

Interpretação É a fase em que o analista de Inteligência desvenda o significado do assunto tratado. Na base da interpretação, os procedimentos desenvolvidos se interpenetram de tal forma que qualquer tentativa de ordenação e delimitação se torna difícil. Nos casos de pouca complexidade, não são necessariamente cumpridos todos os procedimentos da interpretação. Assim é possível passar da integração para o significado final.

Formalização e Difusão; Nesta fase, é necessário que o conhecimento seja preparado para ser levado ao usuário. Esta preparação consiste na formalização, a qual admite as seguintes opções: – Mediante a redação de um documento de Inteligência; – Mentalmente para, quando necessário, transmitir oralmente o conhecimento; Qualquer que seja a opção adotada, é indispensável que a formalização contenha todos os elementos necessários ao entendimento e a utilização do conhecimento pelo usuário. Tais elementos são normalmente, os que compõem a estrutura padrão dos Documentos de Inteligência. A difusão consiste na remessa do conhecimento, formalizado para o respectivo usuário. (GONÇALVES-2010) e (SANTOS-2011).

No entanto é necessário também entendermos que a Inteligência funciona como um sistema que é essencialmente um conjunto de recursos; humanos, materiais e logísticos, hierarquizados e interdependentes, funcionando agrupadamente e com objetivos definidos, coordenando a execução da Atividade de Inteligência no âmbito das instituições publicas através de suas agências especializadas.

Considerando um caráter mais técnico que político a esse trabalho, podemos caracterizá-lo como um dos mais importantes documentos a ser produzido pela Inteligência: o Relatório de Inteligência. Do ponto de vista institucional e dos teóricos dessa atividade pode-se resumir como sendo;

Um documento que tem por objetivo propiciar, ao usuário, uma visão conclusiva e global dos fatos ocorridos no período ou ainda em desenvolvimento, complementando e consolidando os conhecimentos anteriormente difundidos. É confeccionado pelas A.I. de todos os níveis. Reúne fatos contidos em informações e informes já produzidos pela AI e outros dados disponíveis, num determinado período de tempo, relacionados com ocorrências em sua área de responsabilidade, sendo ainda apresentada uma conclusão sobre elas. E composto das seguintes partes: Expressão Policial Militar, Expressão Psicossocial, Expressão Política, Expressão Econômica e conclusão. No texto é relacionado, em cada expressão, os  fatos  de  relevância ocorridos no  período considerado, que  permitam ao usuário uma compreensão global e conclusiva do cenário existente na área sob responsabilidade da AI responsável por sua elaboração. A conclusão deverá conter uma apreciação globalizada de toda as expressões, permitindo ao usuário uma compreensão, de elevada qualidade, do cenário existente na área sob responsabilidade da AI. www.abin.gov.br,  acesso  em  15.06.2013.    www.abraic.org.br/site/faqs.asp,  acesso  em 15.06.2013;

Atualmente existe uma promiscua relação entre os serviços de Inteligência e de Segurança com a Mídia (leia-se empresas midiática) e as transnacionais e bancos que controlam o capital financeiro internacional e defensores das políticas do FMI e do Banco Mundial. Com isso, realiza-se a mais clandestina operação desses órgãos de Inteligência para manipular a opinião pública mundial. Criou-se assim uma premente necessidade de se constituírem grupos de estudos e de ação, por parte dos movimentos sociais para denunciar e agir na defesa das causas populares. Antes porem ampliando o estudo da Inteligência nos meios acadêmicos e de movimentos   populares.  Não permitindo que os   movimentos   sociais venham a   estigmatizar   a Inteligência como fez com a Geopolítica.

Praticamente todos os movimentos sociais no mundo são vigiados pelos Serviços de Inteligência através das respectivas Seções de número dois (S2) dos órgãos militares e policiais civis. Entre eles praticam intercâmbio de informações e mantém uma rede terrorista mundial com o objetivo de criminalizar os líderes que lhes são adversos.  Criaram uma Internacional do Terror para fins criminosos, com a Operação Condor. É a violação dos direitos civis por estados cada vez mais ditatoriais enfraquecendo a sociedade para atender aos interesses de uma elite que se utiliza desse aparelho para cometer os mais cruéis crimes contra a humanidade em nome do Estado.

Bibliografia consultada, referências citadas e Textos recomendados

Para o capitulo Geoplítica;

MIYAMOTO, S. Os Estudos Geopolíticos no Brasil – Uma contribuição para sua avaliação. 1981.

CORREIA. Pedro P; Manual de Geopolítica e Geoestratégia I. Ed. Almedina. 2009. Coimbra – Portugal. BRAGA, Sandra R. Sensos, Consensos e Dissensos: Itinerários Geopolíticos de Ratzel a Lacoste;

MAGNOLI, Demétrio (1986). O que é Geopolítica: São Paulo, SP

VEZENTINI, José W. (2008). Novas Geopolíticas. Ed. Contexto: São Paulo,SP. pg. 11

ANDRADE, Manuel C. (1984). Poder Político e Produção Do Espaço. Ed. Massangana. Recife. LACOSTE, Yves. A Geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Ed. Papirus, 2002.

MELLO, Leonel Itaussu. Quem tem medo da geopolítica? São Paulo: Edusp; Hucitec, 1999

HARVEY, David. O novo imperialismo. São Paulo: Loyola, 2004.

FERNANDES. J. P. Da Geopolítica clássica à Geopolítica pós-moderna: a ruptura e a continuidade, 2002;

Para o capitulo Inteligência;

SANTOS, Marco A.; FRANCO, Jacinto R. A Atividade de Inteligência na Segurança do Século

XXI. Prospect Intelligence. 2011. Brasília DF

GONÇALVES, J; REIS, Marcus; Introdução. a Atividade de Inteligência. 2010–Ed.SF–BSB–DF. DINGES, John. Os Anos do Condor. 2002. Companhia das Letras – São Paulo – 2007. SP. RIBEIRO. Acilino; INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA – Aplicada a defesa do Estado, a proteção da Sociedade, segurança dos Movimentos Sociais e a construção da Democracia. 2011. BrasíliaDF;


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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