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Foto: Reprodução / Twitter

Gestores de universidades nos EUA fomentam repressão a atos pró-Palestina: “Optaram pelos lucros”

A violência contra as manifestações tem resultado em um efeito contrário, acendendo um movimento nacional de solidariedade com Gaza
David Brooks, Jim Cason
La Jornada
Nova York

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Estudantes de algumas das universidades de maior prestígio dos Estados Unidos estão exigindo que suas instituições se pronunciem contra a guerra entre Israel e Palestina, deixando de investir em empresas que apoiam Tel Aviv.

Seus protestos, cada vez mais amplos, estão obrigando os administradores universitários e até o presidente dos Estados Unidos a responder e, em alguns casos, tentar desqualificar e até reprimir esse movimento.

Esta semana, na Universidade de Colúmbia, em Nova York, professores saíram de suas aulas junto com os estudantes para protestar contra a decisão da reitora de chamar a polícia para prender mais de uma centena de estudantes que se manifestaram de maneira pacífica na semana passada, e ainda expulsar vários deles.

Em 22 de abril, os estudantes continuaram seu protesto, entoando “Palestina livre”. Os professores formaram uma corrente humana ao redor do grupo de estudantes para protegê-los de ameaças das autoridades universitárias de desalojá-los novamente.

As autoridades universitárias, declarando que os protestos eram antissemitas e colocavam em risco a segurança dos judeus no luxuoso campus, recomendaram que as aulas fossem realizadas de maneira virtual. A polícia da cidade de Nova York informou que manteria um grande contingente de agentes na universidade.

Porém, manifestantes, como vários jornalistas independentes do jornal estudantil de Colúmbia, refutaram as acusações de antissemitismo e violência, observando que, como tem sido o caso desde o início, muitos dos manifestantes são estudantes judeus, e que foi um movimento pacífico.

Eles classificaram as ações dos administradores da Universidade como táticas de intimidação para deter o movimento.

Questionado sobre os protestos em Colúmbia e outras universidades, o presidente Joe Biden declarou aos jornalistas: “Condeno os protestos antissemitas.” Mas, diferentemente de declarações anteriores, desta vez ele acrescentou que “também condeno aqueles que não entendem o que está acontecendo com os palestinos”, aparentemente em referência à situação em Gaza.

Peter Beinart, editor do jornal Jewish Currents e professor de jornalismo na Universidade da Cidade de Nova York, indicou que as organizações judaicas que dizem estar preocupadas em proteger os estudantes judeus “estão suprimindo expressões antissionistas, mesmo quando essas expressões antissionistas vêm de judeus”.

Ele acrescentou que frequentemente o grupo mais numeroso entre os manifestantes pró-palestinos são judeus.

Os protestos estudantis, muitos deles espontâneos, continuam surgindo em todo o país, incluindo hoje na Universidade de Michigan, na Universidade de Nova York, na Universidade da Carolina do Norte, na Universidade Vanderbilt em Tennessee, na Universidade Yale, Harvard e MIT, e agora a Universidade da Califórnia, Berkeley, também se juntou.

As autoridades de várias dessas instituições também estão convocando a polícia para prender estudantes e/ou suspendê-los.

Os protestos dos jovens contra a guerra de Israel e a cumplicidade estadunidense também se estenderam a outras instituições.

Na semana passada, trabalhadores nos escritórios do Google, em Nova York, e em Sunnyvale, na Califórnia, realizaram plantões para protestar contra o contrato de 1,2 bilhões de dólares da empresa com o governo israelense.

O CEO do Google, Sundar Pichai, não hesitou em demitir 28 dos funcionários que faziam parte do grupo “No Tech for Apartheid” que organizou o protesto.

Ao mesmo tempo, cresce a denúncia da cumplicidade estadunidense na guerra de Israel contra Gaza em outras áreas, incluindo escritores, atores, músicos e outros artistas.

Susan Sarandon visitou os estudantes de Colúmbia recentemente para elogiar suas ações; o filósofo político e candidato presidencial independente Cornel West fez o mesmo.

Os organizadores insistem que as prisões e expulsões não conseguiram deter os protestos.

Após as primeiras detenções de estudantes em Colúmbia, a Rede de Estados pela Justiça na Palestina emitiu um apelo via Instagram por protestos nacionais.

“Nossas universidades optaram pelos lucros e pela reputação em detrimento das vidas do povo palestino e da vontade de seus estudantes”, escreveram, acusando os administradores de se subjugarem ao lobby sionista.

A deputada federal Ilhan Omar, cuja filha foi uma das estudantes presas em Colúmbia na semana passada, declarou que as prisões e expulsões “de estudantes que estavam protestando pacificamente acenderam um movimento nacional de solidariedade com Gaza – isso é mais do que os estudantes esperavam”.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Revisão: Carolina Ferreira


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.
Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.

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