No dia 1º de abril de 2024, data que marcou os 61 anos do golpe militar de 1964, o programa Dialogando com Paulo Cannabrava recebeu a militante Rosa Cimiana dos Santos, filha do perseguido político Arthur Pereira da Silva.
Na entrevista, Rosa fez uma avaliação crítica da atual conjuntura política brasileira, e apontando que as estruturas de repressão e autoritarismo ainda persistem no país, destacou: “o golpe de 1964 nunca acabou”.
Rosa ressalta que, embora a ditadura tenha oficialmente terminado em 1985, “as elites que sustentaram o regime permanecem no poder, protegendo seus interesses e impedindo que a verdadeira justiça seja feita”. Para ela, a transição democrática foi incompleta, deixando impunes os crimes cometidos pelos agentes da repressão. “Nenhum dos torturadores foi julgado ou condenado, enquanto as famílias das vítimas continuam esperando por justiça.”
A militante também critica a presença de setores militares na política nacional, afirmando que “o Brasil nunca fez uma depuração das suas forças armadas como outros países da América Latina”. Segundo ela, isso cria um ambiente propício para novas ameaças à democracia. “Vimos em 2018 e 2022 que o discurso autoritário ainda tem espaço, e isso é muito perigoso.”
Ao relembrar a história do seu pai, Arthur Pereira da Silva, Rosa destaca que sua família enfrentou anos de perseguição e dificuldades. “Ele foi preso, torturado e exilado. Minha infância foi marcada pelo medo e pela necessidade de resistir.” Apesar de tudo, ela reforça a importância da memória histórica e da luta por direitos: “Se esquecermos o que aconteceu, estamos condenados a repetir o passado”.
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Por fim, Rosa Cimiana faz um chamado à mobilização popular e à cobrança por justiça histórica. “Não podemos aceitar que a impunidade continue. Precisamos pressionar por reformas democráticas reais, punir os responsáveis e garantir que um novo golpe nunca mais aconteça.”
A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global no YouTube: