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ToggleO anúncio da demissão do governo do Líbano, ontem feito pelo primeiro-ministro, Hassan Diab, segue-se à demissão de vários integrantes do executivo, no contexto dos fortes protestos que se seguiram à explosão devastadora no porto de Beirute, no último dia 4 de agosto.
Num discurso transmitido pela TV, Diab disse que “seguia a vontade do povo na sua exigência de encontrar os responsáveis pelo desastre” e “no seu desejo de mudança real”. Denunciou ainda aqueles que estão tentando se aproveitar da explosão para retirar dividendos políticos.
O presidente libanês, Michel Aoun, aceitou a demissão do governo – formado em janeiro último, depois de meses de vazio de poder, para combater a corrupção e o desgoverno no país mediterrânico –, mas pediu-lhe que se matenha na função até que um novo executivo seja constituído, refere a PressTV.
A enorme explosão no porto de Beirute provocou a morte a pelo menos 158 pessoas e deixou feridas mais de 6000. Dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas e mais de 300 mil foram desalojadas, uma vez que uma grande parte do centro da cidade foi arrasada.
De acordo com as investigações em curso, a explosão teria sido provocada por material explosivo confiscado e armazenado num armazém portuário nos últimos seis anos.
No fim de semana passado, milhares de pessoas manifestaram-se na capital, acusando as autoridades de incompetência, de má gestão face à pior crise econômica que o país enfrenta em décadas, agravada pelo contexto da pandemia e pela explosão.
Ontem à noite, milhares voltaram para as ruas, após o anúncio de demissão do governo, insistindo numa mudança profunda num sistema político que consideram ineficaz, corrupto e dominado por dinastias e interesses sectários.
Créditos / Twitter Reprodução
Ontem à noite, milhares voltaram para as ruas, após o anúncio de demissão do governo.
Ingerência externa e provocações
No domingo passado, o embaixador russo no Líbano, Alexander Zasypkin, alertou para eventuais manobras de ingerência, por parte dos EUA, no sentido de “enfraquecer” o movimento de resistência Hezbollah, uma das grandes pedras no sapato dos planos de dominação israelitas e uma importante força no combate ao terrorismo no Oriente Médio.
Em declarações à agência Sputnik, Zasypkin referiu-se à “delicada situação no Líbano”, afirmando que as manifestações demonstram que “os problemas não desapareceram”.
A este propósito, fez uma distinção entre aqueles que se manifestam pacificamente contra os governantes e a conjuntura política, e os agitadores, tendo pedido a outros países que não se intrometam nas questões internas do Líbano.
Resposta do Hezbollah às armadilhas
Em declarações a Hispam TV, Luis José Fernández, especialista espanhol em temas internacionais, afirmou que os países ocidentais estão apoiando os protestos no Líbano, porque suas agendas são, acima de tudo, contra o Hezbollah e a resistência.
No entanto, se parte do “plano” de agentes externos e internos passava por colocar uma armadilha à frente do Hezbollah, no sentido de provocar a divisão e alimentar o confronto sectário – algo muito favorável aos interesses de Israel –, o secretário-geral do movimento de resistência desmanchou-lhes logo a construção ao apelar à unidade e ao assumir uma lógica de Estado, num discurso transmitido pela TV.
As provocações e os intentos de desestabilização por parte daqueles que acenam com milhões em ajudas para reconstruir Beirute e, de forma neocolonialista, “exigem” reformas no país não passaram por certo despercebidos à resistência – e os seus apoiadores não caíram em tentações.
Irá questiona “sinceridade” ocidental
Entretanto, responsáveis políticos do Irã, país com laços estreitos ao Líbano e ao Hezbollah, já sublinharam que, se alguns dos doadores são “sinceros”, então que levantem as sanções que impuseram ao Líbano, em parte responsáveis pela situação econômica em que se encontra o país.
A explosão recente, lembra a PressTV, trouxe à tona os muitos males do Líbano, e o caminho para uma “recuperação total” será duro, muito além das “ajudas externas”.
As divisões são grandes e reais. Como exemplo, milhares de pessoas no país subscreveram uma petição exigindo que o Líbano fique sob mandato da França na próxima década.
Redação AbrilAbril
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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