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Governo sem militares é grande desafio de um futuro progressista e deve ir além do discurso

Lula tem declarado intensão de retirar oficiais dos cargos civis; não fazê-lo é expor democracia brasileira ao risco de estar sempre ameaçada e aviltada
Altamiro Borges
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Os generais amam o “capetão”. E não é para menos. A mamata é descarada no covil de Jair Bolsonaro. Estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado nesta segunda-feira (30) pelo site Metrópoles revela que a presença de militares em postos civis cresceu 193% nos últimos oito anos – com destaque para os cargos ocupados no atual governo.

Como enfatiza a reportagem, “o aumento da presença das Forças Armadas em cargos civis durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL) é notável. Militar reformado, o mandatário não esconde a sua preferência pela categoria, como quando empossou o general Eduardo Pazuello como ministro da Saúde durante a pandemia da Covid-19”.

O relatório intitulado “Presença dos militares em cargos e funções comissionados do Executivo Federal” analisou o grupo de 2013 a 2021. Segundo o Ipea, neste período “o número de militares ocupando cargos e funções civis aumentou 193%. Já a presença em cargos comissionados cresceu 59% durante os oito anos analisados”.

Lula tem declarado intensão de retirar oficiais dos cargos civis; não fazê-lo é expor democracia brasileira ao risco de estar sempre ameaçada e aviltada

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Os militares tem tido cada vez mais espaço no governo atual

6.157 militares identificados no governo

Um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) feito em 2020 mostrou que três grupos tinham a maior quantidade de pessoas nestes cargos: 1.969 militares da reserva atuando no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 1.249 em cargos na área da saúde e 179 docentes. Os três casos somavam 55,2% dos 6.157 militares identificados.

Segundo o estudo, entre 2013 e 2018, houve estabilidade no número de militares em cargos de ‘natureza especial’, considerados do alto escalão do Executivo Federal. “Em 2019, esse número dobrou, com pequenos aumentos nos anos subsequentes analisados”, afirma o Ipea. Jair Bolsonaro é um “laranja” do chamado Partido dos Militares.


Lula fala em acabar com essa mamata

No início do abril, num encontro com dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em São Paulo, o ex-presidente Lula garantiu que atuará para enfrentar essa distorção caso seja eleito. “Vamos ter que começar o governo tirando quase 8 mil militares que estão em cargos sem prestarem concurso. Vamos ter que tirar. Isso não pode ser motivo de bravata, tem que ser motivo de construção”.

Como já havia falado em outros eventos, o líder petista argumenta que “o Exército não serve para a política”. Para ele, “o papel dos militares não é puxar saco de Bolsonaro nem de Lula. Eles têm que ficar acima das disputas políticas. Exército não serve para política, ele deve servir para proteger a fronteira e o país de ameaças externas”, declarou o petista.

Esse, sem dúvida, será um dos grandes desafios de um futuro governo progressista. E não pode virar bravata, sob o risco da democracia brasileira estar sempre ameaçada e aviltada!


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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