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Grupo armado invade aldeia no Amapá e mata indígena com requintes de crueldade

Segundo os senadores Randolfe Rodrigues e João Capiberibe há potencial gravíssimo de conflito
Redação Brasil de Fato
Brasil de Fato
São Paulo (SP)

Tradução:

Um grupo de homens armados invadiu a aldeia indígena Waiãpi, em Pedra Branca do Amapari, no Amapá na madrugada de sexta para sábado (27). Emyra Wãiapi havia sido assassinado pelo mesmo grupo com requintes de crueldade nesta semana. Na manhã deste domingo (28), a Polícia Federal e o Bope chegaram na área, assim como a Fundação Nacional do Índio (Funai). 

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi acionado pelo vereador Jawaruwa Waiãpi, que enviou áudios com pedido de socorro ao senador. “Uma liderança fez contato informando que ocorreu uma invasão dos garimpeiros e assassinaram um cacique”, relatou ao Congresso em Foco o senador. Acuados e com medo de novas retaliações, os indígenas se refugiaram na comunidade vizinha Aramirã, para onde crianças e mulheres foram levadas.

Porém, eles prometem retomar a aldeia caso as autoridades não adotem providências para expulsar os invasores da comunidade. “Há potencial gravíssimo de conflitos”, lamenta Randolfe. 

De acordo com o senador João Capiberibe (PSB), os invasores provavelmente não são do Amapá. “Não se sabe se são garimpeiros. Eles estão armados inclusive com metralhadoras e entraram na região, possivelmente pela fronteira do estado com o Pará.” Capiberibe teve contato na noite deste sábado com o cacique Viceni Waiãpi, que narrou o assassinato do líder. Segundo as informações de Waiãpi ao senador, as lideranças já haviam denunciado anteriormente, mas foram desacreditadas.   

Ambos senadores alertam para a escalada do ódio e da intolerância após a eleição do presidente Jair Bolsonaro. “O sangue derramado é culpa do governo federal, que ocorre por causa da omissão de organismos de controle”, reprovou Randolfe Rodrigues. “Quem vive do crime se sente protegido em poder invadir terra indígena.”

Desde janeiro, houve expansão dos focos de garimpo ilegal no Norte, assim como o aumento do desmatamento, como constatou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Defendendo uma política de exploração de mineral em terras indígenas, Bolsonaro vem contestando o trabalho do órgão, como relembra o Congresso em Foco.

Militantes da área, como indígenas e ambientalistas, responsabilizam o governo Bolsonaro pelo avanço da atividade ilegal – verificado em diferentes pontos do Pará e de Roraima – e criticam o afrouxamento das regras de controle e fiscalização.

Segundo os senadores Randolfe Rodrigues e João Capiberibe há potencial gravíssimo de conflito

Brasil de Fato / Reprodução
Indígenas da aldeia Marirí fugiram para aldeia Aramirã

Solidariedade e Indignação

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) manifestou, no twitter, “preocupação com as informações recebidas sobre a possível presença de invasores armados no território do povo Wajãpi”. A comissão solicitou também “a devida diligência do Estado brasileiro para proteger e prevenir possíveis violações de seus direitos humanos”.

Em nota, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) se solidariza com o povo indígena Waiãpi e repudia a violência que “vem se acirrando, principalmente fomentado pelos posicionamentos intransigentes, irresponsáveis, autoritários, preconceituosos, arrogantes e desrespeitosos do atual governo, especialmente do senhor presidente da República Jair Bolsonaro, com os ataque que vem fazendo aos direitos dos povos originários deste país,sobretudo aos direitos territoriais já garantidos em terras indígenas completamente demarcadas regularizadas á luz da Constituição Federal de 1988 e que esse governo vem a todo e momento tentando retroceder.”

*Com informações do Congresso em Foco. Atualizado em 28/08/2019 às 15h08

Edição: Luiz Felipe Albuquerque e Daniela Stefano


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação Brasil de Fato

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