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Foto: Aleksei Maishev / Sputnik

Guerra na Ucrânia: conflito pode chegar ao fim em 2025?

Condições para negociação incluem demandas que nem a Rússia, nem a Ucrânia, pretendem aceitar, e Trump talvez não apoie as exigências de apenas uma das partes
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Muitas expectativas são geradas pela proclamada intenção do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de terminar a guerra na Ucrânia o quanto antes, mas até agora nem sequer está claro se ele conseguirá “convencer”, com todo tipo de ameaças e medidas de pressão, seus colegas russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymir Zelensky, a começarem a negociar um necessário cessar-fogo como primeiro passo para um arranjo político do conflito que opõe esses dois povos eslavos, outrora irmãos e agora separados para sempre.

Neste momento, vendo as coisas com realismo, não existem condições para iniciar negociações de paz, as quais pressupõem concessões recíprocas que nem Moscou nem Kiev pretendem fazer e, se Trump aspira a ser reconhecido como paladino da paz, talvez não assuma como suas as demandas de apenas uma das partes.

O que Zelensky propõe para sentar-se à mesa de negociações é inaceitável para Putin e também para seus aliados europeus, para não mencionar os estadunidenses: garantias sólidas de segurança que poderiam ser, segundo ele, o ingresso imediato na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ou o posicionamento de tropas estrangeiras, com a ressalva de que não seriam para assegurar o respeito a um cessar-fogo, mas para “impor a paz” à Rússia.

E o que Putin deseja tampouco pode ser aceito por Zelensky e seus aliados: ceder para sempre a Crimeia, Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia, que equivalem a cerca de 20% de seu território, renunciar à adesão à OTAN e desarmar seu exército — e isso apenas para começar a discutir os termos da capitulação definitiva da Ucrânia.

Nesse contexto de posições antagônicas, forçados pelo peso cada vez maior desta guerra de desgaste, na qual a Ucrânia não consegue expulsar as tropas russas de seu território e a Rússia tampouco consegue infligir uma derrota esmagadora ao inimigo, rompendo suas defesas simultaneamente em vários pontos dos 1.200 quilômetros da frente de batalha e colocando em risco cidades-chave como Kiev, Dnipro, Odessa ou Kharkiv, é previsível que, mesmo que conversações comecem neste ano, elas não cheguem a um acordo sobre a questão territorial e as garantias de segurança. Sendo assim, a resposta à pergunta do título desta nota é, lamentavelmente, óbvia.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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