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Guerra na Ucrânia: escalada do conflito entre Otan e Rússia atinge 1 ano sem solução à vista

Embate atingiu ponto crítico em 24 de fevereiro de 2022, mas reais causas remontam a , pelo menos a 2014; confira
Redação Telesur
Telesur
Caracas

Tradução:

Neste 24 de fevereiro completa-se o primeiro ano da operação militar especial da Rússia na região de Donbass, no leste da Ucrânia, para proteger a população civil e russos das agressões por parte de Kiev.

Desde antes do início da operação russa, os Estados Unidos junto a seus aliados ocidentais tinham anunciado assistência e cooperação militar a Kiev para pressionar a Rússia a não tomar iniciativas para a proteção de seus cidadãos e sua segurança nacional.

A Rússia vinha denunciando os EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de forçar a situação na Ucrânia e atentar contra a segurança territorial ao aumentar a presença militar em vários países limítrofes do país euroasiático.


Objetivos da operação

Há um ano, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a decisão de empreender “uma operação militar especial” para defender o Donbass, detalhando que o objetivo da operação é proteger a população civil dos abusos e agressões por parte da Ucrânia nos últimos oito anos.

Putin afirmou que outro dos objetivos é desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia, assim como levar à justiça aqueles que cometeram crimes e massacres contra a população civil, incluindo cidadãos russos.

O presidente russo afirmou que a presença de forças militares estrangeiras na Ucrânia levou Moscou a agir de maneira imediata e comentou que as repúblicas populares do Donbass solicitaram a ajuda de seu país. Também afirmou que a Rússia não pode existir com uma ameaça constante vinda do território ucraniano.


Antecedentes da operação militar especial

Depois do golpe de Estado de 2014 na Ucrânia que levou à saída  do poder de Víktor Yanukóvich, os EUA, junto  a seus aliados, empreenderam ações para acusar a Rússia de uma nova ação militar, com o objetivo de isolá-la internacionalmente e apropriar-se de seus recursos naturais e do gás.

A guerra proxy (por procuração) na Ucrânia começou em 2014 quando ocorreu o golpe de Estado do Maidan naquele país, projetado pelos Estados Unidos, a OTAN e seus aliados ocidentais.

Quando ocorreu o golpe, com os ultranacionalistas ucranianos no poder, a população na região da Crimeia avançou em seu processo político para separar-se da Ucrânia e aderir à Rússia mediante uma consulta popular.

No leste da Ucrânia a população principalmente russa foi objeto de repressão por parte das forças ultranacionalistas de Kiev. Iniciaram a russofobia e a repressão extrema das populações de fala russa, como o infame caso dos neonazistas associados ao Batalhão Azov que explodiram um edifício público com 40 pessoas dentro.

Assim surgiu uma guerra civil na Ucrânia, entre Kiev e a região do Donbass, no leste do país. Neste conflito morreram cerca de 14.000 pessoas principalmente no leste, enquanto cerca de 2.5 milhões de refugiados chegaram à Rússia. 

Segundo o ex- oficial do Corpo de Marines estadunidense, Scott Ritter, os EUA prestavam ajuda militar à Ucrânia por uma soma de entre 100 e 300 milhões de dólares anuais.

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Kremlin
Um ano após o início da operação militar, a Rússia controla quase 15% do território ucraniano, que faz fronteira com o Mar Negro

No final de 2021, Kiev concentrou nas fronteiras da  República Popular de Donetsk e da República Popular de Lugansk 150.000 militares para levar adiante uma operação militar em grande escala na região do Donbass e da Crimeia.

Para analistas a intenção da operação era instalar uma base militar para pressionar a Rússia.

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Diante disso, a Rússia lançou a operação militar especial, atacando objetivos de importância estratégica, como polígonos militares, fábricas, depósitos de armamento, aeroportos e centros logísticos.


Avanço das forças russas no leste da Ucrânia

Segundo dados do Ministério da Defesa da Rússia, desde o início da operação militar especial no leste da Ucrânia, as forças russas assumiram o controle das províncias ucranianas de Kherson e Zaporizhia, no sul.

Um ano após o início da operação militar, a Rússia controla quase 15% do território ucraniano, que faz fronteira com o Mar Negro.

No primeiro ano da operação militar especial, a Rússia destruiu 405 sistemas de defesa aérea, 4.199 canhões de artilharia, 388 caças a jato, 210 helicópteros, 8.009 tanques e veículos blindados.

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Laboratórios biológicos dos EUA na Ucrânia

No primeiro mês da operação militar russa no leste e sul da Ucrânia, a Rússia anunciou a descoberta de laboratórios biológicos financiados pelos EUA nas regiões do Donbass.

Segundo Moscou, os Estados Unidos teriam posto em marcha uma operação de 2.100 milhões de dólares para explorar alguns dos vírus mais mortíferos, em pelo menos 30 laboratórios, patrocinados pelo Pentágono e por empresas como Southern Research Institute, Black & Veatch e Metabiota Inc.

Os laboratórios biológicos eram operados pelo programa militar da Agência de Redução de Defesa de Ameaças dos EUA, a mesma que financia 15 laboratórios biológicos na Ucrânia, segundo diversas fontes.

Em setembro de 2022, a pasta de Defesa russa acusou os EUA de pretender transferir os programas de armas biológicas da Ucrânia para a Europa do Leste.

Em novembro passado, a Rússia apresentou uma proposta na ONU para investigar atividades de laboratórios biológicos estadunidenses na Ucrânia para desenvolvimento de armas biológicas, violando a Convenção sobre Armas Biológicas, assinada em 1975.


Diálogos entre Rússia e Ucrânia

Ao fazer seu discurso anual na Assembleia Federal, o presidente Vladímir Putin afirmou que desde 2014, seu Governo fez todo o possível para resolver o conflito entre Donbass e Kiev.

“Fizemos todo o possível, realmente todo o possível, para resolver este problema por meios pacíficos. Estivemos negociando pacientemente uma saída pacífica para este conflito tão difícil. Mas às nossas costas estava se preparando um cenário completamente diferente”, disse Putin.

O mandatário assegurou que a resposta aos esforços da Rússia para evitar a escalada do conflito na região do leste ucraniano foi “inarticulada ou hipócrita” por parte do ocidente.

Concluindo, o presidente russo comprometeu-se a fazer todo o possível para garantir que a paz volte às novas regiões da Rússia para que a população se sinta segura.


Resposta ocidental

Desde antes do início da operação militar especial da Rússia, Moscou foi objeto de sanções por parte dos EUA e nações europeias sobre sua indústria petroleira e gasífera em uma tentativa de pressionar o Kremlin para que desistisse de operar no leste ucraniano.

Em 5 de fevereiro último entrou em vigor a proibição de importar diesel e outros derivados de petróleo da Rússia pela União Europeia.

No entanto, os esforços para asfixiar financeiramente a Rússia por parte do ocidente provocaram o encarecimento dos preços do petróleo e da energia na Europa, já que a maioria do gás consumido no continente europeu procede do território russo.

Além das sanções, os EUA e seus aliados enviaram armamento e recursos à Ucrânia, ajudando a prolongar o conflito, com o argumento de defender a soberania ucraniana.

Em sua visita no início desta semana, o presidente estadunidense, Joe Biden, anunciou que  destinará mais recursos milionários para a Ucrânia.

Em 19 de janeiro último, Washington anunciou um novo pacote de armamentos no valor de 2.500 milhões de dólares para as FF.AA. ucranianas. 

Não só os EUA apoiaram com armas e dinheiro a Ucrânia: esta semana a Espanha se comprometeu a enviar seis tanques.


Acusações falsas contra a Rússia

Em uma tentativa de manipular a opinião pública contra a Rússia, o ocidente responsabilizou as forças russas por supostos crimes e massacres no território ucraniano, como os fatos na cidade de Bucha.

Utilizando os meios de comunicação hegemônicos, o Governo ucraniano e seus aliados acusaram a Rússia de matar centenas de civis na cidade de Bucha; o representante da Rússia na ONU, Vasili Nebenzia, apresentou provas demonstrando que a Rússia não teve nada a ver com o fato.

“Os militares russos não têm nada a ver com as atrocidades contra civis em Bucha (…) temos provas fáticas que apoiam esta posição e vamos apresentá-las no Conselho de Segurança das Nações Unidas”, afirmou Nebenzia.

O diplomata russo reiterou naquela oportunidade que a Polícia ucraniana compartilhou um vídeo que mostra os militares nacionais entrando em Bucha, “nesse vídeo não havia corpos nas ruas, nem se falava de massacres”, acrescentou.

As acusações falsas sobre Bucha repetiram-se quando acusaram as forças russas de atacarem supostos objetivos perto da fronteira entre a Ucrânia e a Polônia.

Este fato também demonstrou que o suposto ataque foi manipulado com a intenção de responsabilizar a Rússia pelos massacres.

A Rússia não é o único país que foi objeto deste tipo de operações, pois os EUA utilizou-o na Síria, quando acusou o Governo de Bashar al Assad de ter atacado com armas químicas a cidade de Alepo.

Redação | TeleSur
Tradução: Ana Corbisier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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