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Guerra na Ucrânia segue sem fim à vista em meio a falta de acordo

Nesse contexto, inicia o terceiro ano de um conflito que poderia nunca ter começado
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

As vésperas de completar dois anos, no sábado (24), desde que o presidente Vladimir Putin ordenou invadir a Ucrânia, na madrugada de 22 de fevereiro de 2022, nem Moscou, nem Kiev estão perto de dobrar seu rival – tragédia de dois povos que antes eram irmãos e agora se odeiam –, enquanto tudo aponta que, apesar das perdas que ambos sofrem e o custo que são obrigados a pagar, não existem condições para que ambos aceitem negociar um arranjo político que ponha fim ao derramamento de sangue.

Visto desde o Kremlin, as metas que propôs para sua operação militar especial, concebida para duas ou três semanas de duração no máximo, ainda não foram cumpridas: desmilitarizar e desnazificar o vizinho, libertar por completo o território das chamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, territórios anexados à Federação Russa junto com as regiões de Kherson e Zaporíjia.

Moscou também não atingiu o objetivo de impedir a expansão para leste da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A Ucrânia continua solicitando sua admissão, já tendo conseguido dos países escandinavos, que eram tradicionalmente neutros (Finlândia e Suécia, este último tem que superar ainda um último o mínimo obstáculo), o que de fato duplica a fronteira terrestre dos países membros da aliança norte-atlântica com a Rússia.

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Nesse contexto, inicia o terceiro ano de um conflito que poderia nunca ter começado

Flickr
Zelensky encontra com Putin e com o presidente francês Emmanuel Macron em Paris em dezembro de 2019

Do outro lado, a Ucrânia está longe de lograr o que define como sua principal meta – a expulsão além de suas fronteiras de todas as tropas russas – e, enquanto isso, perdeu – junto à península da Crimeia, anexada em 2014 – cerca de 20% de seu território. Resiste graças a ajuda militar e financeira do Ocidente. 

Com uma linha de frente de 1.200 quilômetros de extensão, soldados russos e ucranianos morrem todos os dias ou ficam aleijados, sem falar já do sofrimento da população civil de zonas devastadas pelos bombardeios, semeadas de minas, expostas ao risco cotidiano de que um míssil ou um projétil destrua suas moradias que, se não tiveram a sorte e os recursos para deslocar-se a outros lugares, subsistem com a sensação de que podem perder a vida a qualquer momento. 

Nesse contexto, começa o terceiro ano de uma guerra que, levando em consideração a origem comum e os laços históricos que uniam os povos russos e ucraniano, nunca devia ter começado.

Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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