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ToggleAnunciada de modo oficial nesta quarta-feira (25), a decisão dos Estados Unidos a da Alemanha de fornecer à Ucrânia seus tanques pesados, Abrams e Leopard, é uma má notícia. Porém, segundo o Kremlin – que primeiramente apostou que os aliados de Kiev não poderiam alcançar o necessário consenso para desbloquear o envio deste tipo de armamento – tem minimizado sua importância.
A entrega desses tanques é, na opinião da presidência russa, “um plano destinado ao fracasso” devido a que “estão sobrevalorizados” e “não darão a vantagem desejada ao exército ucraniano”, nas palavras de seu porta-voz, Dmitri Peskov, que assegurou nesta quarta-feira que “arderão” na Ucrânia, igual a outras armas estrangeiras.
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“Estou convencido de que muitos especialistas entendem que é absurda essa ideia (de fornecer tanques Abrams e Leopard). Por suas características tecnológicas é simplesmente um plano destinado ao fracasso e, o principal, é que sobrevaloriza o potencial que pode agregar ao exército ucraniano. “É mais um rotundo equívoco”, apontou Peskov.
A chancelaria russa instruiu seus embaixadores em Berlim e Washington, onde se cozinhou o entendimento para desbloquear a concessão dos tanques pesados a Kiev, a arremeterem contra os respectivos governos.
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Assim, o embaixador em Berlim, Sergey Nechayev, disse que com “esta decisão extremamente perigosa, que leva o conflito a um novo nível de confronto, a Alemanha renuncia definitivamente a reconhecer a responsabilidade histórica ante nosso povo pelos terríveis crimes do nazismo durante a Grande Guerra Pátria (Segunda Guerra Mundial), que não prescrevem”.
E seu colega em Washington, Anatoli Antonov, afirmou que “não há nenhuma razão para proporcionar os Abrams a Kiev”, pelo qual “ninguém deve fazer-se ilusões sobre quem é o autêntico agressor neste conflito”.
Não é a primeira vez que a Rússia diz que o fornecimento de um tipo de armamento mais moderno e avançado pode provocar um conflito nuclear, mas os Estados Unidos e seus aliados cada vez não ouvem as advertências e ultrapassam as aparentes linhas vermelhas fincadas por Moscou, convencidos de que, atrás das ameaças apocalípticas, o Kremlin não tem vocação suicida e nunca vai recorrer ao seu arsenal nuclear.
No entanto, não deixa de ser uma aposta muito perigosa porque é temerário esquecer que qualquer chispa pode fazer voar o barril de pólvora atômico.
A Rússia quer ganhar esta guerra com armas convencionais e, para isso, leva meses preparando uma grande ofensiva que, pelo menos, lhe permita exercer o controle da totalidade das quatro regiões que foram anexadas em setembro passado. Conseguir isso, do ponto de vista do Kremlin, poderia ser um bom ponto de partida para oferecer sentar para negociar um cessar fogo, se Kiev aceitasse ceder mais ou menos 20% de seu território.
Mick Krever
A decisão dos Estados Unidos a da Alemanha de fornecer à Ucrânia seus tanques pesados, Abrams e Leopard, é uma má notícia para o Kremlin
Perspectivas sombrias
Como até agora a Ucrânia não parece disposta a se render e, pelo contrário, crê que é possível seguir recuperando as regiões ocupadas, também tem em mente lançar uma ofensiva. Fala-se pelo menos da primavera devido a que ambos, russos e ucranianos, necessitam de tempo. Os primeiros, para terminarem de treinar os 150 mil recrutas que se somariam a novos soldados que já estão incorporados às tropas na zona de combate.
Mas o grande problema do exército russo é a falta de oficiais – coronéis, majores, tenentes, sargentos e cabos, sobretudo – que possam organizar essa massa de homens com fuzis automáticos que, extraídos à força da vida civil, não sabem o que fazer.
Os segundos (ucranianos), sendo realistas, requerem de vários meses, pelo menos dois, para receber a maior parte das armas prometidas (os Abrams levaram mais tempo) e para aprender a manejá-las, se é que não levarão meses preparando seu pessoal em bases estrangeiras.
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Isto último forma parte do amplo catálogo que respalda de fora à Ucrânia (armamento, treinamento de soldados, recepção e relocalização de milhões de refugiados, ajuda humanitária à população civil, créditos ao governo, entre outras modalidades), que este ano representará para os Estados Unidos um gasto de 48 bilhões de euros e para seus aliados europeus, de 52 bilhões de euros.
No momento, o comandante chefe do exército ucraniano, Valeriy Zaluzhny, está a poucos meses de poder contar com os 300 tanques que disse necessitar para estar em condições de lançar uma ofensiva exitosa.
Não se trata unicamente dos 31 tanques M1 Abrams estadunidenses, os 14 Challenger 2 britânicos e os 14 Leopard 2 alemães já oficialmente oferecido, mas sim que ao Berlim levantar as restrições à reexportação de seus tanques, estima-se que o número inicial de Leopards pode alcançar a cifra de 112, procedentes de pelo menos doze países que já confirmaram sua intenção de fazê-lo e o número poderia crescer já que na atualidade há na mundo cerca de 2 mil tanques desse tipo.
E como nas carambolas do bilhar, países que não têm os Leopard como Marrocos ou Chipre estão dispostas a enviar seus tanques T-2 da época soviética em troca de receber armamento moderno estadunidense. Nesse esquema, a Ucrânia pode receber não menos de uma centena de tanques desse tipo, que não requerem tempo de aprendizagem.
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A conta-gotas vão sendo conhecidos alguns detalhes do pacote de armamento prometido a Kiev por Washington na semana passada. Por exemplo, além dos 1.400 mísseis TOW BGM-71 entregados em agosto, a Ucrânia terá 590 mísseis destas características para usar em missões antitanque ou contra fortificações, assim como 20 mil projéteis de artilharia de 155 milímetros, 96 mil de 105 milímetros e 600 de alta precisão de 155 milímetros e guiados por GPS.
Agora, depois que a Ucrânia reconheceu nesta quarta-feira que deixou Soledar, a atenção está posta em Bakhmut. Os especialistas militares coincidem que, toda vez que a Rússia concentrou nessa direção um número elevado de tropas, a Ucrânia tem duas possibilidade: reforçar as unidades que estão defendendo a cidade e seus arredores ou, em seu defeito, deixá-la para fortalecer Kramatorsk, Slaviansk, Siversk e Konstantinovka, dispersando as tropas russas nesta parte da região de Donetsk.
Juan Pablo Duch | Correspondente do La Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
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