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Guerras: As dez empresas que mais lucram

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

O grande problema é que precisam se alimentar diariamente com novas guerras, por isso há que as inventar. Que fariam essas empresas se houvesse paz? 

Marco Antonio Moreno*

O Instituto de Investigação da Paz de Estocolmo (SIPRI) resume no seu anuário de 2013 as vendas mundiais de armas e serviços militares das cem maiores empresas de armamento e equipamento bélico para o ano de 2011. As vendas destas empresas atingiram 465,7 bilhões de dólares em 2011, contra 411 bilhões em 2010, o que representa um aumento de 14%.

Desde 2002, as vendas aumentaram cerca de 60%, confirmando que elas estão longe de sofrer os impactos da crise financeira que tem sacudido o mundo
Desde 2002, as vendas aumentaram cerca de 60%, confirmando que elas estão longe de sofrer os impactos da crise financeira que tem sacudido o mundo

Desde 2002, as vendas dessas empresas aumentaram cerca de 60%, confirmando que elas estão longe de sofrer os impactos da crise financeira que tem sacudido o mundo.

Destas cem empresas que o anuário do SIPRI analisa, as dez primeiras tiveram vendas de 233,5 bilhões de dólares, isto é, cerca de 50% do total alcançado pelas Top Cem. Nenhum setor econômico cresceu tanto como a indústria de armamento, o que dá conta de um entusiasmo sem lógica pelas guerras.

Já temos assinalado os perigos que envolvem o lucrativo negócio da guerra e o detalhado relatório do instituto sueco, confirmando as nossas suspeitas. Este instituto deveria pedir contas a essa Academia, também sueca, que outorga o Nobel da Paz, sobretudo por entregar o prêmio a alguém que valida o orwelliano mundo de que a guerra é a paz.

Um mundo demencial

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Arte de TT Catalão.

Se há algo demencial e irracional no fato das fábricas de armamento terem mais lucros que qualquer outro setor industrial, também é de insanidade profunda que isso não seja informado publicamente. As fábricas de armamento, de origem privada, absorvem parte importante dos orçamentos públicos. Ou seja, é o contribuinte, uma vez mais, o principal financiador dos senhores da guerra.

Uma despesa que só com as cem primeiras chega a meio bilhão de dólares anuais. E agora que está na moda a tecnologia dos drones (aviões não tripulados) não é de estranhar que sete das dez primeiras empresas operem no espaço aéreo. Muito menos é de estranhar que destas cem empresas, 47 sejam dos Estados Unidos.

As empresas estadunidenses garantem cerca de 60% das vendas totais de armamento que essas top cem produzem. Daí a correlação entre a dívida pública e a despesa militar que estabelecemos para alguns anos, para compreender o problema da dívida pública dos Estados Unidos.

Estas são as dez primeiras empresas da lista no ranking 2011 (os dados entre parênteses correspondem ao ranking 2010):

(1). Lockheed Martin (EUA) Mísseis, eletrônica e espaço aéreo. Vendas de 36,2 bilhões dólares em 2011. Lucros líquidos: 2,6 bilhões de dólares. 123.000 empregados (132.000).

(2). Boeing (EUA) Aviões, eletrônica, mísseis, espaço aéreo. Vendas de 31,8 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 4 bilhões de dólares. 171.700 empregados (160.500).

(3). BAE Systems (Reino Unido) Aviões, artilharia, mísseis, veículos militares, naves. Vendas de 29,1 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 2,3 milhões de dólares. 93.500 empregados (98.200).

(4). General Dynamics (EUA) Artilharia, eletrônica. Vendas de 23,7 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 2,5 bilhões de dólares, 95.100 empregados (90.000).

(5). Raytheon (EUA) Mísseis, eletrônica. Vendas de 22,4 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 1,8 bilhões de dólares. 71.00 empregados (72.400).

(6). Northrop Grumman (EUA) Aviões, eletrônica, mísseis, navios de guerra. Vendas de 21,3 bilhões. Lucros líquidos de 2,1 bilhões de dólares. 72.500 empregados (117.100).

(7). EADS (UE) Aviões, eletrônica, mísseis. Vendas de 16,3 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 1,4 bilhões de dólares. 133.120 empregados (121.690).

(8). Finmeccanica (Itália) Aviões, veículos de artilharia, mísseis. Vendas de 14,5 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 902 milhões de dólares. 70.470 empregados (75.200).

(9). L-3 Communications (EUA) Eletrônica. Vendas de 12,5 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 956 milhões de dólares. 61.000 empregados (63.000).

(10). United Technologies (EUA) Aeronaves, eletrônica, motores. Vendas de 11,6 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 5,3 bilhões de dólares. 199.900 empregados (208.220).

Esses números confirmam que a guerra é um dos melhores negócios para alguns países e que, inclusive, põe à prova as recessões e as crises financeiras. E, apesar de terem importantes lucros, também criam desemprego.
O grande problema é que precisam se alimentar diariamente com novas guerras, por isso há que as inventar. Que fariam essas empresas se houvesse paz? Por isso, todas as guerras baseiam-se no engano e na manipulação das massas, como as armas químicas de destruição em massa de Saddam Hussein, que há dez anos permitiram aos Estados Unidos invadir o Iraque, perante a complacência de todo o mundo. Repetirá outra vez?
*De Alainet – Artigo de Marco Antonio Moreno, publicado em El Blog Salmón


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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