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Há um ano da tragédia da Chapecoense

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

“Quem sabe um dia a referência que movimenta o mundo mude do cifrão para o indivíduo”.

Roberto Casseb*
Roberto CassebEssa semana completou um ano da queda do avião da Lamia que levava atletas, dirigentes, jornalistas da cidade de Chapecó até Medellín na Colômbia, para a partida final entre Nacional de Medellín e Chapecoense pela Copa Sul Americana.
Setenta a uma vidas se perderam por causa da irresponsabilidade do piloto que decidiu não abastecer a aeronave durante o trajeto. Essa falha causou a queda do avião a poucos quilômetros do aeroporto. Apenas seis pessoas sobreviveram.
chapeO pano de fundo desse erro fatal foi o dinheiro. Para economizar uma parada no meio do caminho, a empresa, que tinha o piloto como um dos donos, queria economizar uma aterrissagem e uma decolagem. Esse ato de segurança ocasiona uma série de gastos como mais combustível, taxa do aeroporto, etc. Insignificante quando se trata de vidas humanas.
Até hoje as famílias das vítimas não foram indenizadas e os responsáveis da Companhia não foram presos.
A seguradora alega que a Lamia não havia pago o seguro e se nega a pagar a conta. Enquanto isso, familiares sobrevivem por causa da caridade das pessoas. Um absurdo. Esse episódio que marcou com muita tristeza a história do futebol  pelo mundo, precisa ser lembrado sempre, não apenas por causa da morte de jogadores, mas principalmente pela irresponsabilidade de pessoas que não pensaram no risco, por causa da economia de alguns tostões.
Muitas desgraças pelo mundo poderiam ser evitadas por causa do dinheiro. A violência urbana com furtos e roubos. A exploração da mão de obra a níveis de escravidão que ainda acontece no Brasil e o acúmulo de riqueza promovido por uma pequena parcela de indivíduos é uma imbecilidade que um dia será contada na história como o período da burrice humana.
O vício de se ganhar mais e mais dinheiro, que caminha junto com a ignorância e a ganância, é um mal que fortalece o individualismo e a corrida para acumular sempre. Somos induzidos ao consumo desnecessário e a ter. Infelizmente essa cultura do acumular, de explorar, de obter vantagens e de querer ganhar, está incutida na cabeça da maioria dos seres humanos.
Quem sabe um dia a referência que movimenta o mundo mude do cifrão para o indivíduo. Que não exista mais essa necessidade do enriquecer, do acumular.
Um dia uma repórter italiana perguntou ao armador Grego Onassis, o homem mais rico do planeta há nas décadas de 50 a 70 do século passado, porque continuava a querer ganhar mais dinheiro se já possuía tudo em sua vida. A resposta de Onassis foi intrigante: “Ganhar dinheiro é um jogo, vicia. Sempre queremos ganhar mais e mais…”. Meses depois o milionário morreu. O que revolta é que o acumulo de riqueza desse imbecil foi responsável pelo sofrimento e morte de milhares. É isso que acontece com a concentração de riquezas. Poucos ficam com muito e muitos ficam com muito pouco.
Que a morte dos 71 do avião da Chapecoense não fique em vão nem para o futebol e nem para essa mania de se arriscar por um punhado de tostões.
 
*Jornalista editor do Jornal do Cambuci & Aclimação, colabora com Diálogos do Sul
 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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