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Hildegard Angel e João Vicente Goulart (Imagem: Reprodução)

Hildegard Angel e João Vicente Goulart se unem à produção de “Operação Condor”

Angel e Goulart passam a integrar time de consultores da série “Operação Condor”, que vai denunciar os crimes da aliança militar, política e econômica entre ditaduras da América Latina
Guilherme Ribeiro
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

A jornalista Hildegard Angel e o filósofo João Vicente Goulart são os novos colaboradores da série de TV Operação Condor, anunciaram os diretores Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo.

Angel e Goulart vão integrar o time de consultadores da produção, composta por sete episódios e que promete abordar um dos períodos mais obscuros da história recente da América Latina, revelando a colaboração entre ditaduras militares e o apoio de potência externas, sobretudo os Estados Unidos.

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Hildegard Angel é irmã de Stuart Angel Jones (1946-1971), militante que foi preso, torturado e assassinado pela ditadura militar no Brasil. A mãe, Zuzu Angel (1921-1976), iniciou então um dos mais emblemáticos casos de luta por justiça contra as violações do autoritarismo brasileiro, e também foi executada pelo regime.

João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart e importante figura no cenário político brasileiro, por sua vez já havia declarado apoio à série Operação Condor. Agora, ex-deputado colocou à disposição dos diretores todo o acervo do Instituto João Goulart — do qual é fundador e presidente — para “garantir a veracidade dos relatos históricos”:

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“É uma grande satisfação poder contribuir como consultor de Operação Condor. Este momento é particularmente significativo, pois, ao relembrarmos o discurso de meu pai na Central do Brasil, em que ele clamava por mudanças estruturais no país, entendemos a urgência da reforma e da justiça social”, declarou.

João Vicente também criticou o relatório final da Comissão Nacional da Verdade de 2014 que determino como inconclusiva a causa da morte do pai, em 1976: “Para nós, João Goulart foi assassinado pelas ditaduras, como parte da Operação Condor. Não podemos aceitar a falta de investigação e o fechamento do caso sem justiça”, completou.

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Além de Hildegard Angel e João Vicente Goulart, o time de consultores também conta com a presença de Jamil Chade, jornalista internacional e ex-pesquisador da Comissão Nacional da Verdade, e Heleno Araújo, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). A expertise desses especialistas irá enriquecer a narrativa da série, que pretende lançar luz sobre as complexas dinâmicas de repressão política durante a era das ditaduras militares na região.

Museu da Lava Jato soma apoio à série Operação Condor

O presidente do Museu da Lava Jato, Wilson Ramos Filho, também acaba de declarar o apoio da entidade à série “Operação Condor”.

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O anúncio adquire especial importância e significado considerando a conexão entre a Operação Condor, executada na América Latina na segunda metade do século passado, e a Operação Lava Jato, levada a cabo no Brasil entre 2014 e 2021: ambas se basearam no uso político e jurídico do aparato estatal para fins ideológicos e de controle social, mecanismo conhecido como lawfare (uso do direito como arma política).

Além disso, ambas as operações contaram com a influência e o apoio dos EUA como fator chave para desestabilizar regimes democráticos na América Latina, promovendo agendas ideológicas e políticas por meio do aparato judicial.

Para preservar a memória sobre a operação mais recente — que no Brasil dilapidou setores estratégicos, destruiu 4,44 milhões de empregos e levou à prisão política do agora Presidente Lula —, foi criado o Museu da Lava Jato, uma iniciativa de juristas, jornalistas e historiadores. Seu Conselho Curador é composto por Álvaro Ramos, Dilma Rousseff, Djamila Ribeiro, Jane Salvador, Juarez Tavares, Luiz Gonzaga Belluzzo (diretor da Série Operação Condor), Magda Biavaschi, Manuela D’Ávila, Maria Betânia Silva, Mirian Gonçalves, Pablo Gentilli, Tarso Genro e Wilson Ramos Filho.

O museu se une a entidades nacionais e internacionais que já manifestaram apoio à produção da série de TV Operação Condor, incluindo a Comissão de Anistia do Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o Parlamento do Mercosul e o Museu de Memória e Direitos Humanos do governo do Chile.

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Uma produção histórica crucial

A série Operação Condor vai retratar com detalhes a ofensiva política, militar e econômica introduzida na América Latina, com foco nas ditaduras de Uruguai, Chile, Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia e Peru. As filmagens começam neste mês de março.

O objetivo é oferecer uma análise profunda de um dos períodos mais obscuros da história latino-americana, essencial para compreender como os regimes ditatoriais coordenaram esforços para eliminar opositores, resultando em um genocídio político que marcou toda a região.

Confira todas as novidades sobre a série Operação Condor

Com o apoio de diversas instituições comprometidas com a preservação da memória e a luta pelos direitos humanos, a produção busca fortalecer a luta por verdade e justiça e garantir que os crimes das ditaduras militares não sejam esquecidos.

Com um elenco de especialistas e o robusto apoio de diversas instituições comprometidas com a luta por verdade, justiça e direitos humanos, Operação Condor promete ser uma produção histórica crucial para entender os horrores da repressão na América Latina e garantir que os crimes das ditaduras não sejam esquecidos.

Série “Operação Condor” é alerta sobre atual imperialismo contra América Latina, apontam diretores


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Guilherme Ribeiro Jornalista graduado pela Unesp, estudante de Banco de Dados pela Fatec e colaborador na Revista Diálogos do Sul Global. Mais conteúdos em guilhermeribeiroportfolio.com

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