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ToggleAs nações membros da Comunidade do Caribe (Caricom) enfrentam o desafio de avançar nos objetivos da agenda de desenvolvimento sustentável 2030, em meio do enfrentamento à mudança climática e a ingerência extraterritorial.
Em 2019, o impacto do furacão Dorian, a intromissão da Organização de Estados Americanos (OEA) em assuntos da região e o desenvolvimento de fóruns, simpósios e conferências foram destaque no panorama socioeconômico dos países caribenhos.
Ante a 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), vários primeiros-ministros de Caricom reclamaram respeito ao multilateralismo e reafirmaram a luta de seus povos pela sobrevivência diante do injusto sistema de desenvolvimento mundial.
O atual presidente de Caricom e primeiro-ministro de Santa Lucia, Allen Chastanet, destacou na ONU a necessidade de educar os jovens sobre a importância dos direitos de propriedade intelectual e apelou a facilitar a chegada à região dos fundos de adaptação que permitiriam construir resiliência.
“Temos dito repetidamente que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico necessita mudar a forma em que são classificados os países em desenvolvimento, as regras devem refletir a urgência da situação”, destacou Chastanet.
Igualmente, a primeira-ministra de Barbados, Mia Amor Mottley, enfatizou o papel dos jovens diante da mudança climática e exigiu que se aporte para a preservação do ecossistema no Caribe.
Jamaica Information Service
Nações membros da Comunidade do Caribe (Caricom) enfrentam desafio de avançar nos objetivos da agenda de desenvolvimento sustentável 2030.
As caras do furacão Dorian
A temporada ciclônica de 2019 foi a terceira mais ativa de história com 18 tormentas, das quais seis furacões, dois dos quais alcançaram a máxima categoria na escala Saffir-Simpson: Dorian e Lorenzo.
No início de setembro, Dorian esteve de maneira estacionária por quase 48 horas sobre as ilhas Gran Bahama e Abaco, com chuvas torrenciais e ventos máximos de 295 quilômetros por hora.
A intensidade de Dorian causou a morte de mais de 50 pessoas, além de cerca de 600 desaparecidos, assim como um total de 75 mil habitantes afetados e um número aproximado de 1.500 cidadãos refugiados.
O evento meteorológico ocasionou à população de Bahamas prejuízos nos setores de habitação, transporte, saúde, eletricidade e abastecimento de água.
De acordo com dados do Gabinete do Primeiro-Ministro, até o passado 21 de outubro Bahamas recebeu mais de sete milhões de dólares em donativos, procedentes de governos estrangeiros, organizações multilaterais, corporações e privados.
Em visita às zonas danificadas, o secretário geral da ONU, Antonio Guterres, pediu à comunidade internacional contribuir e ajudar na recuperação da ilha.
Ante tais fenômenos, já é hora de despertar e tomar ação climática urgente, recalcou o diplomata português.
A integração regional e o rechaço à OEA
No âmbito político vários debates se sucederam este ano, entre os quais se destacam a VI Cúpula de Caricom, o fórum sobre o Mercado Único e Economia, o simpósio de Transformação Regional para o Crescimento Inclusivo e Sustentável e o encontro de planificadores agrícolas.
Os representantes da região analisaram ademais temas relacionados com a transformação digital, o comércio e o desenvolvimento econômico das tecnologias de energia marinha do Caribe, em busca de um maior progresso da comunidade.
Durante esta etapa, San Vicente e a Granadinas passou à história como o menor estado membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU.
O presidente de Suriname, Desiré Delano Bouterse, e o primeiro-ministro de Dominica, Roosevelt Skerrit, repudiaram a intromissão da OEA nos assuntos internos das nações do Caribe, ao tentar deslegitimar as eleições em ambas nações.
Tal rechaço somou as vozes dos primeiros-ministros Ralph Goncalves, de San Vicente e As Granadinas, e Gaston Browne, de Antigua e Barbuda, que questionaram a postura de ingerência da OEA, ao qualificar o organismo interamericano de inimigo das forças democráticas e progressistas do continente.
Caricom ratificou no cenário internacional sua postura de evitar o uso da força e a intromissão estrangeira em qualquer nação do mundo. Nesse sentido, o bloco regional criticou o assédio dos Estados Unidos à Venezuela e apoiou a reclamação de Cuba de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro estabelecido por Washington já mais de 60 anos.
A XV Conferência Anual sobre Cooperação Regional, celebrada na Guiana Francesa em fins de novembro, apelou a romper isolamentos a favor da integração comercial e econômica dos povos do Caribe.
No encontro, os representantes da Caricom reafirmaram a importância de defender os pilares do bloco comunitário de potencializar o desenvolvimento humano e social, assim como incrementar a coordenação de política exterior e cooperação de segurança.
*Jornalista da Redação América Central e Caribe de Prensa Latina
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